terça-feira, 28 de julho de 2009

Uso de analgésico eleva risco de hipertensão

O uso de analgésicos não narcóticos (como aspirina e ibuprofeno) pelo menos uma vez por semana foi relacionado a 17% dos casos de desenvolvimento de hipertensão em um grupo de mulheres americanas.

Os resultados são de um levantamento com mais de 83 mil voluntárias de 27 a 44 anos que avaliou como o consumo desses medicamentos e outros cinco hábitos modificáveis estavam relacionados à doença.

As mulheres foram acompanhadas por 14 anos por pesquisadores de Harvard, e o estudo foi publicado na última edição do "Jama". As participantes não apresentavam pressão alta, diabetes nem doenças cardiovasculares no início da pesquisa. Foram ajustados outros fatores de risco, como histórico familiar, idade, tabagismo e uso de pílulas anticoncepcionais.

Para a pesquisa, foram associados à prevenção de pressão alta os seguintes itens: IMC (índice de massa corpórea) menor do que 25 kg/m³, alta adesão à dieta Dash (da sigla em inglês Dietary Approaches to Stop Hypertension), 30 minutos diários de atividade física, consumo moderado de álcool (até uma dose diária) e suplementação com ácido fólico, além da baixa ingestão de analgésicos.

No período estudado, 12.319 mulheres desenvolveram hipertensão -78% desses casos teriam sido evitados se elas seguissem os seis hábitos.

A obesidade foi o fator de maior risco: as obesas apresentaram 4,7 mais risco de sofrer de pressão alta do que aquelas com IMC menor que 23 kg/m³. Entre as mulheres com hipertensão, 40% delas poderiam ter evitado a doença se não tivessem sobrepeso. "O estudo destaca a importância dos fatores modificáveis na prevenção", afirma o cardiologista Marcus Malachias, diretor clínico do Instituto de Hipertensão Arterial de Minas Gerais.

Dos seis fatores avaliados, o uso de analgésicos é ainda o menos relacionado ao problema. Os mecanismos não são claros, mas pesquisas recentes têm apontado uma associação entre esse tipo de medicamento e um maior risco de hipertensão. "Alguns estudos sugerem que esses remédios possam levar a lesões renais em pessoas com alguma predisposição", explica Malachias.

Os rins estão envolvidos nos mecanismos de regulagem da pressão arterial, como a eliminação de sódio pelo organismo. Se essa função é prejudicada, pode haver um desajuste nos níveis da pressão.

Controvérsia


Para Fernando Nobre, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, a relação dos analgésicos com a doença vascular ainda é controversa. "Alguns estudos associam esses medicamentos a hipertensão, outros, não. Ainda não é possível chegar à conclusão de que o uso deve ser limitado", afirma.

No entanto, já se conhece uma possível relação entre o uso de analgésicos e a resistência de alguns hipertensos, que não conseguem fazer um controle adequado da pressão arterial com o uso de remédios.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Risco de câncer cai à metade com 30 minutos de exercícios ao dia, diz estudo

Universidades finlandesas avaliaram homens de 42 a 61 anos de idade.
Trabalho foi publicado no 'British Journal of Sports Medicine'.


Correr, nadar, pedalar ou jogar bola por pelo menos 30 minutos ao dia não só previne o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como reduz à metade o risco de câncer, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (27) pelo "British Journal of Sports Medicine".

A pesquisa indica que, quando uma pessoa pratica esportes de média ou alta intensidade, o consumo de oxigênio aumenta e ajuda o corpo a combater diversos tipos de doença, entre elas o câncer.
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Pesquisa acompanhou por 17 anos hábitos de mais de 2,5 mil esportistas
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Para chegar a essa conclusão, uma equipe de pesquisadores das universidades finlandesas de Kuopio e Oulu acompanhou por quase 17 anos os hábitos de vida de mais de 2,5 mil homens adeptos de práticas esportivas e que tinham de 42 a 61 anos de idade.

Do total dos participantes do estudo, 181 morreram em decorrência de algum tipo de câncer. Os mais frequentes foram de pulmão, próstata, cérebro, na região gastrointestinal e nos nódulos linfáticos.

Ao longo da pesquisa, os cientistas estudaram os hábitos esportivos dos voluntários para determinar, em unidades metabólicas (MET), qual a quantidade de oxigênio consumida durante a prática de exercícios segundo a intensidade do mesmo.

Foi constatado, por exemplo, que a quantidade de oxigênio consumida numa caminhada normal, numa caminhada acelerada e durante o nado é de 4,2 MET, 10,1 MET e 5,4 MET, respectivamente.

Em média, a quantidade de oxigênio consumida por todos os voluntários em seus exercícios era de 4,5 MET. Por dia, eles dedicavam 66 minutos, em média, a atividades físicas. Vinte e sete porcento não dedicavam nem meia hora de seu dia à prática de esportes.

Com esses dados em mãos, os pesquisadores concluíram que um aumento de 1,2 MET na quantidade de oxigênio consumida durante exercícios reduz os riscos de câncer, especialmente de pulmão e na região gastrointestinal.

Durante o trabalho, os cientistas avaliaram outros fatores exógenos, como a idade, o consumo de álcool e tabaco, a alimentação e o índice de massa corpórea de cada um.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

20 minutos de exercícios, 12 horas de bem-estar

Uma simples caminhada ou um passeio de bicicleta no parque são capazes de promover bom humor em grande parte do dia, revela uma nova pesquisa. A razão é química. Aprenda a desfrutar desse benefício

A boa fama das endorfinas, substâncias por trás daquele barato natural que dá as caras logo depois da prática esportiva, dura mais do que alguns minutos, como se pensava até poucos dias atrás. Pesquisadores da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, acabam de comprovar que a euforia saudável proporcionada por essas moléculas despejadas no cérebro durante a atividade física perdura até 12 horas, garantindo muita disposição.

Os cientistas americanos dividiram 48 indivíduos em dois grupos: metade faria exercícios e o restante permaneceria sedentário. Antes de iniciarem os testes, os participantes responderam a questionários sobre sua disposição mental. Em seguida, os integrantes do grupo da atividade física pedalaram por 20 minutos em intensidade moderada. Por fim, para avaliar o estado de espírito de todos os voluntários, os cientistas pediram a eles que respondessem às mesmas questões uma, duas, quatro, oito, 12 e 24 horas após o experimento.

“Notamos que os distúrbios de humor diminuíram significativamente nas pessoas que pedalaram. Esse efeito foi observado imediatamente após a atividade e persistiu por 12 horas”, revela a SAÚDE! o autor do estudo, Jeremy Sibold. “Embora haja evidências de que os níveis de endorfina caiam rapidamente na circulação, acreditamos que seu tempo de atuação na massa cinzenta seja suficiente para anular o estresse e o cansaço por um tempo muito maior.” Aí, com o ânimo recobrado, a pessoa se sente numa boa, até que o bombardeio do dia a dia volte a sobrecarregá- la. Assim, o ideal seria repetir no dia seguinte mais uma sessão breve — e eficaz — de exercício.

O fato é que bastam 20 minutos de treino aeróbico para que seu corpo produza essas aliadas do bem-estar. “Em casos de transtornos como ansiedade e depressão, a atividade física é prescrita como parte do tratamento”, confirma o especialista em psicofisiologia Luiz Scipião, do Rio de Janeiro. “E, além de combater a tristeza e o desânimo, as endorfinas ainda aumentam a resistência física e mental, fortalecem a memória e o sistema imunológico”, completa.

Classificadas como neuro-hormônios, as endorfinas conduzem impulsos elétricos entre os neurônios, as células cerebrais, proporcionando uma sensação de conforto contínua. Mas, para obter esse benefício, é preciso fazer por onde. “Garantir uma produção estável e equilibrada exige um padrão de atividade física regular”, diz Scipião. Programas de relaxamento como ioga, pilates, alongamentos e tai chi dão um auxílio extra para a secreção dessas substâncias. “Tudo isso induz o cérebro a modular seus processos químicos”, explica o professor de educação física Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física, no Rio de Janeiro.

Dormir bem também é fundamental para que a massa cinzenta encontre paz e equilíbrio. “Há indícios científicos de que um sono de qualidade associado à prática esportiva potencialize a liberação de endorfinas”, diz o médico do esporte Victor Matsudo, coordenador do Programa Agita São Paulo, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Lance mão dessa dupla e aproveite.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Bebês não-amamentados são mais propensos ao sobrepeso pelo excesso de alimentação

16 de julho de 2009 (Bibliomed). Muitas mães que alimentam seus bebês com mamadeira não têm conhecimento sobre como fazê-lo adequadamente, o que pode levar ao excesso de alimentação e a bebês muito pesados, segundo estudo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. De acordo com os autores, esses bebês são mais propensos ao sobrepeso do que aqueles alimentados exclusivamente com leite materno.

Para avaliar por que as crianças que tomam mamadeira tendem a ser mais pesadas, os especialistas revisaram 23 estudos que incluíam mais de 13,2 mil pessoas. E descobriram que a maioria das mães que não amamentava o filho sentia "culpa, raiva, preocupação, incerteza e um sentimento de fracasso".

As análises indicaram também que as mães têm poucas informações sobre a fórmula láctea adequada para o bebê e a maioria comete erros no preparo. Um exemplo é o fato de muitas colocarem o pó da fórmula láctea na mamadeira antes da água, o que pode deixar a bebida muito concentrada e com mais calorias do que o pretendido. Outros problemas identificados entre as mães americanas foi o de não usarem água fervida para preparar a fórmula, e de colocarem a quantidade de colheres de pó recomendadas, mas muito cheias.

De acordo com os autores, devido ao grande destaque dado ao aleitamento materno, muitos profissionais de saúde se esquecem de dar as informações aos novos pais sobre o preparo da mamadeira. Em um dos estudos avaliados, por exemplo, apenas 21% das mães haviam sido instruídas nesse sentido.

Outro fator destacado foi o fato de muitos pais trocarem constantemente as marcas das fórmulas, preocupados com a possibilidade de o bebê ter intolerância a determinada marca pelo fato de regurgitar o leite. Os autores explicam que a maioria das fórmulas é feita à base de leite de vaca ou soja, e que essa regurgitação pode ser mais sinal de excesso de alimentação.

"A superalimentação é, na verdade, mais de um risco com o uso de mamadeira, porque os pais têm mais controle do que os bebês em relação à quantidade de leite que a criança toma, o que não é o caso com a amamentação", explicam os autores. "Os pais podem evitar a superalimentação prestando atenção às dicas da criança, não dando ao bebê mais do que a quantidade recomendada da fórmula, e não assumindo que toda vez que o bebê chora ele precisa de uma mamadeira", finalizam.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Terapia hormonal eleva chances de câncer no ovário

Riscos existem mesmo para quem fez reposição por menos de quatro anos


Mulheres que fazem terapia hormonal ou que fizeram reposição recentemente estão mais propensas a desenvolver o câncer de ovário no ovário do que mulheres que nunca realizaram o tratamento. Essa é a conclusão um novo estudo da Rigshospitalet, Copenhagen University, na Dinamarca, e publicado na revista da American Medical Association .

Os cientistas avaliaram mais de 900 mil mulheres, com idades de 50 a 79 anos. Após uma média de oito anos de acompanhamento, foram registrados mais de 3 mil casos de câncer ovariano. Comparado com as mulheres que nunca fizeram reposição hormonal, aquelas que fizeram o tratamento apresentaram quase 40% mais chances de desenvolver esse tipo de câncer.

Segundo a pesquisa, o aumento no risco foi observado independentemente da dose ou formulação de hormônio, se foram tomados por via oral, através de adesivos ou por aplicação vaginal, ou se o tratamento incluiu apenas estrógeno ou associou estrógeno e progesterona.

Os pesquisadores sugerem que nenhum tipo de hormônio parece seguro em relação ao desenvolvimento do câncer de ovário até mesmo quando o uso foi inferior a quatro anos, o risco existe. Pesquisas anteriores não haviam encontrado um aumento dos riscos da doença quando o hormônio foi administrado por um período inferior a cinco anos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Mulheres são menos resistentes ao HIV, diz estudo

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos sugere que mulheres são "naturalmente mais fracas" na luta contra o HIV, vírus causador da Aids.

Já se sabia que o HIV progride mais rapidamente em mulheres do que em homens que apresentam níveis semelhantes do vírus no sangue.

Mas agora, uma equipe do Hospital Geral de Massachusetts descobriu que uma molécula receptora envolvida no primeiro reconhecimento do HIV no corpo responde de forma diferente nas mulheres.

O estudo americano se concentrou em células do sistema imunológico chamadas células dendríticas plasmocitóides, que estão entre as primeiras células a reconhecer e lutar contra o HIV no corpo.

Estudos de laboratório mostraram que uma porcentagem mais alta destas células de mulheres saudáveis não infectadas ficaram ativas quando colocadas na presença do HIV-1, em comparação com as mesmas células de homens.

"Uma ativação mais forte do sistema imunológico pode ser benéfica nos primeiros estágios da infecção, resultando em níveis mais baixos da replicação do HIV-1. Mas, a replicação viral persistente e a ativação crônica mais forte do sistema imunológico podem levar ao progresso mais rápido da Aids, o que tem sido visto em mulheres", afirmou Marcus Altfeld, líder da pesquisa.

Hormônios

Os pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts também analisaram o papel dos níveis de hormônios nas mulheres durante a infecção pelo HIV.

Eles descobriram que as células dendríticas plasmocitóides em mulheres mais velhas, que passaram pela menopausa, apresentavam uma atividade semelhante à observada em homens.

Mas mulheres mais jovens, que não passaram pela menopausa e que tinham níveis mais altos do hormônio progesterona, tiveram uma maior ativação destas células em resposta ao HIV-1.

Os cientistas verificaram então se isto levou à ativação de outras células do sistema imunológico, as chamadas células T.

Quando os especialistas analisaram o sangue de homens e mulheres com o HIV-1, eles descobriram que as mulheres tinham níveis mais altos de células T CD8+ do que os homens que tinham níveis idênticos do HIV-1 no sangue.

As descobertas, publicadas na revista "Nature Medicine", podem levar a novas formas de tratar o HIV e desacelerar ou até mesmo parar sua progressão para a Aids.

Para Jo Robinson, da organização de caridade britânica Terrence Higgins Trust, voltada para o tratamento da Aids, a pesquisa americana é "interessante".

"Existem algumas diferenças genéticas, baseadas no sexo. No entanto, o acesso ao tratamento continua sendo o mais importante fator para evitar que o HIV progrida até o desenvolvimento da Aids", afirmou.

"Infelizmente, as mulheres são mais afetadas pelo vírus em lugares como a África Subsaariana, onde elas têm menos chances de acesso ao tratamento para o HIV", acrescentou.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

HPV

Ameaça silenciosa à saúde de homens e mulheres e considerado uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), o Papiloma Vírus Humano, mais conhecido como HPV, atinge, em geral, a população jovem, de 14 a 29 anos, e não tem cura.

Existem mais de 100 variações do vírus, os considerados de alto risco (oncogênicos), que podem resultar no câncer de colo de útero, e os de baixo risco, que provocam outras manifestações, como o surgimento de verrugas acinzentadas (condiloma).

De acordo com o Ministério da Saúde, são registrados 137 mil novos casos da doença a cada ano no país. "Estudos sugerem que após 12 meses da primeira relação sexual, 30% das mulheres já apresentam determinados tipos de HPV", comenta a ginecologista Sueli Raposo, do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica/ DASA.

Os números refletem uma das maiores preocupações em torno do HPV: a de que ele pode ser transmitido com bastante facilidade e muita gente desconhece como o contágio pode acontecer. O ginecologista José Maria Soares, um dos autores do livro "Ginecologia" (Editora Manole), ajuda a esclarecer as dúvidas em torno do assunto.

A camisinha é essencial para reduzir os riscos, mas não elimina a chance de contaminação. Uma vez que o vírus pode ser transmitido através do atrito da pele com uma área infectada. O preservativo vai proteger apenas a região do pênis que é recoberta por ela. Se há contato com outras áreas expostas contaminadas, como a região púbica e escrotal masculina ou com a vulva feminina, as chances de transmissão existe.

O HPV é mais resistente que o HIV, porque sobrevive por mais tempo no ambiente. Logo, se uma pessoa tiver atrito com uma peça infectada, a chance de contaminação não pode ser descartada.

Nas mulheres, podem aparecer na forma de feridas ou a aglomeração de verrugas acizentadas (chamado de condiloma acuminado) por toda a área genital. Para chegar a esse ponto, tudo vai depender da imunidade de cada uma. Pode levar uma semana, meses, anos ou, às vezes, a ferida pode nunca ocorrer. Os homens, em geral, não apresentam lesões visíveis no pênis, mas em alguns casos a inflamação pode aparecer.

A maioria das pacientes não tem sintomas, mas o mais comum são coceiras, prurido e lesões. A úlcera vulvar, quando uma lesão abrasiva destrói a camada de pele, é mais rara.

Nas mulheres, alguns tipos do vírus podem ocasionar o câncer de colo de útero. O HPV também pode estar associado a doenças venéreas, tais como sífilis, gonorreia e clamídia.

Usar preservativo nas relações sexuais, ter um parceiro fixo, além de cuidados higiênicos, como não compartilhar objetos pessoais ou sentar no vaso sanitário de banheiros públicos são ações preventivas. Os homens devem passar exames laboratoriais periódicos. Já as mulheres devem fazer o exame preventivo papanicolau ao menos uma vez por ano para detectar a presença do vírus. E, quando um dos parceiros percebe qualquer alteração nas áreas genitais, como lesões, vermelhidão ou verrugas, precisa procurar um médico imediatamente. Outra forma de prevenção é a vacinação.

A vacina é comercializada no Brasil por dois laboratórios e protege contra algumas variações do HPV. De acordo com estudos clínicos, é indicada para uso em mulheres de 9 a 26 anos de idade. A eficácia em outras faixas etárias e em homens ainda está sendo estudada. A aplicação é feita em três doses, sendo a primeira na data escolhida e as demais com intervalos de 45 dias, e deve ser reforçada a cada ano.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quase 40% dos cânceres de rim são descobertos tarde, diz pesquisa

Quase 40% dos casos de câncer de rim são diagnosticados quando o tumor está nos estágios 3 ou 4, considerados avançados e com poucas chances de cura, aponta o Encare (Estudo Nacional sobre o Câncer Renal) -primeiro levantamento do gênero, realizado pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).

O Encare analisou dados de 50 centros do país e de 526 pacientes em tratamento. Os resultados mostram que, apesar de 61,6% dos doentes terem descoberto a doença quando o tumor ainda estava nos estágios 1 ou 2 (quando há maior chance de cura), 73% deles receberam o diagnóstico depois de passar por um ultrassom abdominal por outro motivo.

Pouco se sabe sobre o que causa o câncer de rim. Fatores como cigarro, obesidade, herança genética e hipertensão são apontados como possíveis causas de seu início. Os principais sintomas são sangue na urina, dor lombar e febre.

Nas fases iniciais, o tratamento é cirúrgico e, geralmente, curativo. Nas fases avançadas, os cuidados são paliativos, pois o tumor não responde bem aos quimioterápicos.

De acordo com o urologista Aguinaldo Nardi, coordenador do estudo (que recebeu apoio da Pfizer), os resultados reforçam a necessidade de tentar fazer um diagnóstico precoce.

Rastreamento

Com base nesses dados, a SBU vai propor a realização de um rastreamento da doença em pessoas com mais de 55 anos e que tenham os principais fatores de risco associados.

A ideia é que essas pessoas façam um ultrassom abdominal uma vez ao ano para tentar diagnosticar precocemente a existência de um tumor, antes do aparecimento dos sintomas -já que, nesses casos, o tumor costuma estar avançado.

Segundo o urologista José Carlos de Almeida, presidente da SBU, a maioria dos pacientes recebe o diagnóstico da doença tardiamente porque não existem políticas públicas específicas para o diagnóstico precoce.

"Não há orientação. A população faz ultrassom do abdômen por outras razões e, por isso, acho viável sugerirmos um ultrassom básico para avaliar a integridade renal daquelas pessoas com mais de 55 anos e que apresentam fatores de risco."

Nardi, coordenador do estudo, concorda. "O ultrassom é muito simples. Trata-se de um aparelho que está amplamente disponível na rede pública e na rede privada, e que permite fazer o diagnóstico precoce. É possível percebermos lesões a partir de 1 cm", afirma.
Luiz Augusto Maltoni, coordenador técnico-científico do Inca (Instituto Nacional de Câncer), diz que os dados do Encare são importantes, pois ajudam a estabelecer a epidemiologia da doença no país, mas não justificam uma política de rastreamento.

Ele diz que nenhum outro país do mundo faz o rastreamento do câncer de rim. "Não existem estudos científicos que apontem que o rastreamento reduziu a mortalidade."

Maltoni cita, ainda, um estudo realizado pelo Hospital Universitário de Taubaté entre 1999 e 2002. Rastreou-se o câncer renal em 1.559 pessoas e constatou-se uma prevalência de 0,19%, muito baixa para justificar o rastreamento.

"Rastrear é diferente de recomendar a realização do exame. Rastrear significa convocar todas as pessoas que estão em casa e que não apresentam sintomas a fazerem o exame. Recomendar é uma boa prática médica, desde que, durante a análise clínica, o médico perceba algum sintoma que justifique fazer o ultrassom", diz.

Estima-se que o câncer de rim represente entre 2% e 3% dos novos casos de câncer no mundo. No Brasil, segundo o Inca, o câncer renal não está entre os dez mais prevalentes.

Dados do instituto com relação à incidência da doença nas principais capitais do país mostram que, para cerca de 1.600 casos de câncer de rim entre homens, há 20 mil de próstata. E, para cada 1.100 casos de câncer renal em mulheres, há 28 mil casos de câncer de mama.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pessoas que sofreram abuso na infância têm maior risco de câncer, diz estudo

01 de julho de 2009 (Bibliomed). Um estudo publicado na edição de julho da revista científica Câncer indica que o abuso físico na infância está associado a elevadas taxas de câncer na idade adulta. Realizado por especialistas da Universidade de Toronto, no Canadá, a pesquisa apontou que pessoas que são abusadas fisicamente na infância têm 49% mais chances de desenvolver um câncer na idade adulta.

"Poucos falam sobre abuso físico na infância e câncer no mesmo fôlego", destaca a pesquisadora Esme Fuller-Thomson. "De uma perspectiva de saúde pública, é extremamente importante que os médicos estejam conscientes de todo o conjunto de fatores de risco para o câncer. Esta pesquisa oferece novos conhecimentos importantes sobre uma potencial relação entre abuso na infância e câncer", complementou a especialista.


Os resultados indicaram que essa relação permanecia significativa após considerar três potenciais fatores que poderiam interferir no estudo – estressores na infância, comportamentos de risco na idade adulta (tabagismo, sedentarismo, consumo de álcool) e status socioeconômico na idade adulta.

Os pesquisadores destacam que vários fatores psicofisiológicos poderiam ajudar a explicar essa relação. "Um importante caminho para estudos futuros é investigar disfunções na produção de cortisol – o hormônio que nos prepara para "luta ou fuga" – como um possível mediador na relação entre abuso e câncer", explicou a pesquisadora Sarah Brennenstuhl, co-autora do estudo.

Fonte: University of Toronto. Press release. 25 de junho de 2009.

domingo, 5 de julho de 2009

Anorexia nervosa

Em busca do corpo perfeito, jovens e adultos – mesmo bem magros – insistem em perder peso. Esse quadro pode resultar em uma séria doença: a anorexia nervosa - transtorno psiquiátrico que costuma manifestar-se entre os 13 e os 18 anos.

“A portadora do distúrbio não reconhece sua imagem, se vê acima do peso e seu objetivo sempre é emagrecer, por mais que isso não corresponda à realidade”, explica Ana Luiza Camargo, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).

Inocente dieta

Boa parte dos casos de anorexia começa com um período de simples dieta. “Com o tempo, a pessoa desenvolve um medo intenso de ficar obesa, passa a ter alteração da imagem corporal, investe numa significativa perda de peso e, por mais que seja encorajada a manter o peso normal, recusa-se persistentemente”, explica a psiquiatra.

Com a evolução do distúrbio, o número de calorias da dieta diminui cada vez mais. A energia mínima necessária para uma mulher de 58 quilos, por exemplo, é 1400 calorias/dia. Há relatos de garotas anoréxicas que consomem apenas 300 calorias ao dia, provenientes de alface e tomates.

O distúrbio pode manifestar-se de duas formas:
evitando, tanto quanto possível, a ingestão de alimentos e, quando ingeridos, a quantidade é pequena;
alimentando-se em pequenas quantidades e depois provocando vômito ou utilizar laxativos e diuréticos para eliminar as calorias consumidas.

A anorexia pode manifestar-se com sintomas que se sobrepõem aos da bulimia, outro transtorno psiquiátrico, caracterizado por episódios de consumo rápido e descontrolado de grandes quantidades de alimentos, seguidos de vômitos autoprovocados ou uso de laxativos e diuréticos. “As bulímicas chegam a consumir 1000 calorias nos episódios de descontrole”, afirma a médica.

Tanto anorexia quanto bulimia podem estar associadas a quadros de depressão e transtorno obsessivo compulsivo (TOC), por exemplo. As meninas que desenvolvem esses problemas são muitas vezes as melhores e mais brilhantes em suas turmas. Segundo a dra. Ana Luiza, muitas foram crianças-modelo, perfeccionistas, compulsivas, cuidadosas e pacificadoras.

“Essas meninas são rígidas na incorporação das regras paternas e, muitas vezes, têm a convicção privada de que não são valorizadas por todos os seus esforços neste sentido”, explica a psiquiatra.

Raiz do problema

Uma pesquisa realizada na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e publicada em março de 2006 na revista científica Archives of General Psychiatry, sinaliza grande possibilidade de a anorexia estar relacionada à questão genética.

A população estudada foi de gêmeos fraternos e idênticos – ou seja, os que têm as mesmas características genéticas. A anorexia prevaleceu nos idênticos e, a partir das análises estatísticas, os cientistas concluíram que 56% da tendência de desenvolver o distúrbio está relacionada à genética.
“As famílias das pacientes anoréxicas geralmente apresentam preocupação com o corpo e experiência de dieta e fitness. É comum encontrar sintomas de anorexia em mães e irmãs dessas pacientes”, comenta a psiquiatra do HIAE sobre a questão genética.

Mas o estudo não refuta a possibilidade de que o distúrbio seja ocasionado por motivos diversos. Situações estressantes - como mudança de cidade, divórcio e falecimento em família - podem anteceder seu aparecimento.

Sinais de alerta

“O comportamento anoréxico é um pedido de ajuda e atenção que deve ser ouvido”, avisa a psiquiatra. Esse pedido é feito, muitas vezes, de forma inconsciente, porque o objetivo é sempre o de emagrecer, fazendo dietas e se excedendo nos exercícios físicos.

Alguns comportamentos devem ser observados pelos pais. Eles podem ser sinais de alerta emitidos pelos filhos:

Demonstram imagem distorcida de si próprios e insistem em dizer
que estão gordos;
Têm preocupação excessiva com dietas e calorias dos alimentos;
Evitam situações sociais que envolvam alimentação;
Comem devagar, espalham os alimentos no prato, dando a sensação
de que comem muito;
Quanto menos comem, mais se satisfazem em ver os outros comer.

Tratamento complexo
A anorexia é um transtorno que ainda desafia a medicina. A taxa de mortalidade é a maior entre os transtornos psiquiátricos: ente 5% e 18%. O tratamento é complexo e não garante a cura.

Na adolescência, alguns casos de anorexia podem ser considerados episódios isolados, desde que descobertos precocemente. São então tratados, com retorno ao peso normal e boas chances de que o comportamento não volte a se repetir.

O tratamento ideal envolve uma equipe multidisciplinar, composta por psiquiatras, psicólogos, endocrinologistas e nutricionistas. Para começar é preciso tratar as complicações orgânicas decorrentes do baixo peso, como a anemia. O próximo passo é a terapia.

“Na terapia é possível redefinir as relações interpessoais, aumentar a auto-estima e deixar a pessoa menos preocupada com sua forma e com seu peso”, explica a psiquiatra.

Com taxa de recaída em torno de 60%, a relação complicada com a comida pode persistir por meses ou até anos. “O padrão mais comum em pacientes que possuem anorexia por mais de três anos é a manutenção de algum sintoma do comportamento anoréxico, mas muitas vezes sem haver comprometimento importante da saúde”, afirma a dra. Ana Luiza.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Esquizofrenia tem raiz genética similar ao transtorno bipolar

Esquizofrenia e transtorno bipolar têm raízes genéticas semelhantes. A afirmação está em um estudo publicado na revista Nature, que traz outros dois artigos com resultados de pesquisas diferentes sobre a esquizofrenia.

As três pesquisas apresentam diversas novidades a respeito da variação genética e do risco de desenvolver o conjunto de psicoses que tem sintomas como delírios persecutórios e alucinações, especialmente auditivas, e que atinge cerca de 1% da população.

Reunidos, os estudos, que cobriram análises de mais de 10 mil casos de esquizofrenia, descobriram uma extensa gama de variações genéticas que respondem por pelo menos um terço do risco de desenvolvimento da doença.

Os pesquisadores do Consórcio Internacional de Esquizofrenia ¿ fundado em 2006 e que reúne cientistas de 11 instituições na Europa e nos Estados Unidos ¿ mostraram que variantes genéticas comuns estão por trás do risco de desenvolvimento da doença, na primeira evidência molecular de tal relação.

O estudo também apresenta evidência molecular de um componente poligênico para o risco da doença que envolve milhares de alelos comuns. Esses alelos, cada um com um pequeno efeito, também contribuem para o risco de desenvolvimento de transtorno bipolar.

"Os resultados recomendam um novo olhar em nossas categorias de diagnóstico. Se alguns dos mesmos riscos genéticos envolvem tanto a esquizofrenia como o transtorno bipolar, talvez esses distúrbios tenham origem em alguma vulnerabilidade comum no desenvolvimento cerebral" disse Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIHM, na sigla em inglês), um dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.

Os três estudos apontam para uma mesma área, no cromossomo 6, conhecida por abrigar genes envolvidos em imunidade e por controlar como e quando os genes são ligados ou desligados. Essa identificação de um local pode ajudar a explicar como fatores ambientais afetam o risco de desenvolvimento da esquizofrenia. Há, por exemplo, evidências de que grávidas com gripe têm maior risco.

Um dos estudos também encontrou uma associação entre esquizofrenia e uma variante genética no cromossomo 1 que está ligada à esclerose múltipla. Outra pesquisa identificou evidências de associação com variantes nos cromossomos 11 e 18 que podem ajudar a explicar os déficits de memória e de raciocínio em casos de esquizofrenia.