quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Novo Código de Ética proíbe médico de receitar medicamento para ganhar comissão

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou no Diário Oficial da União de hoje (24) o novo Código de Ética Médica. A principal novidade é que os médicos ficam proibidos de recomendar a pacientes o uso de determinado medicamento para ganhar comissão da indústria farmacêutica. Em palestras e trabalhos científicos, os profissionais precisarão deixar claro se recebem patrocínio.

Outra novidade é a que proíbe os médicos de se submeterem à pressão de hospitais e clínicas para atender o maior número de pacientes por jornada. A resolução do CFM também proíbe a criação de embriões para pesquisa e a escolha do sexo do bebê nas clínicas de reprodução assistida.

De acordo com o novo código, o paciente terá direito à informação sobre a própria saúde e sobre as decisões relacionadas ao tratamento, que terão de ser tomadas sempre em parceria com o médico.

Para o presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, o código é uma reafirmação de um discurso de compromisso da profissão médica com a população. O documento é resultado de dois anos de debates e análises de entidades e especialistas.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Leis antifumo reduziram ataques cardíacos em um terço, dizem estudos

Dois estudos americanos publicados nesta semana indicam que as leis antifumo tiveram um impacto bem maior do que o esperado na prevenção de ataques cardíacos.

Os estudos apontam que o número de ataques cardíacos na Europa e América do Norte chegaram a cair em torno de um terço após a introdução das leis que proíbem o fumo em locais públicos.

O primeiro estudo, realizado pela Universidade do Kansas, realizou uma revisão sistemática de 10 relatórios de 11 regiões diferentes nos EUA, Canadá e Europa que adotaram as leis antifumo.

Os resultados, publicados na revista científica Journal of the American College of Cardiology, indicam que o número de ataques cardíacos reduziu em até 26% por ano depois da adoção das leis.

"A proibição do fumo em locais públicos parece ser tremendamente eficaz em reduzir os ataques cardíacos e, teoricamente, também podem prevenir o câncer de pulmão e o enfisema", afirmou David Meyers, que liderou a pesquisa.

Segundo ele, os benefícios cardíacos aumentaram conforme o tempo de vigência das leis.

O pesquisador afirma que os primeiros efeitos positivos puderam ser percebidos logo nos três primeiros meses de vigência das leis, quando o número de ataques cardíacos já apresentou um declínio.

Efeito positivo

A segunda pesquisa sobre o assunto, realizada pela Universidade da Califórnia e publicado na revista científica Circulation, analisou 13 pesquisas sobre o tema realizadas na América do Norte, Itália, Escócia e Irlanda.

Os resultados mostram que, apesar das diferenças regionais, a redução do risco de ataques cardíacos após a adoção das leis antifumo foram consistentes e chegaram a 17% apenas no primeiro ano de vigência da lei.

Assim como na pesquisa anterior, o impacto positivo das leis também aumentou conforme o tempo de vigência da legislação e o risco de ataques cardíacos chegou a cair 36% nos três anos após a adoção das novas leis.

"Obviamente não vamos reduzir os ataques cardíacos a zero, mas essas descobertas nos dão provas de que no curto e médio prazo, a proibição dos fumos em locais públicos prevenirá muitos ataques", disse James Lightwood, que liderou a pesquisa.

"O estudo contribui para as fortes evidências de que o fumo passivo causa ataques cardíacos e que aprovar leis antifumo em locais de trabalho e espaços públicos é algo que podemos fazer para proteger o público", afirmou o pesquisador.

De acordo com Ellen Mason, da ONG British Heart Foundation, o estudo mostra o impacto positivo das legislações que proíbem o fumo em locais públicos na saúde cardíaca.

"As estatísticas mostram ainda a rapidez com a qual os benefícios podem ser sentidos depois da adoção das leis e indicam como o fumo passivo pode ser perigoso para o coração", disse Mason.

"Se você é um fumante, a única coisa grande que pode fazer para prevenir ataques cardíacos é parar de fumar, o que também pode proteger a saúde de seus amigos e familiares", afirmou.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Número de partos em adolescentes cai 30% em dez anos, diz ministério

O número de partos em adolescentes atendidos pela rede pública de saúde caiu 30,6% no Brasil entre 1998 e 2008. A informação é de um levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira (22), que mostra que os 699.718 partos registrados em 1998 diminuíram e chegaram a 485.639 no ano passado.

Segundo o ministério, as principais causas desta redução são o acesso a políticas de prevenção à gravidez não planejada e a orientação sobre saúde sexual.
Quase todos os Estados brasileiros tiveram queda nos números de partos em adolescentes atendidos. A exceção foi o Amapá, que viu o índice crescer 39,26% no período, saltando de 2.379 partos em meninas de 10 a 19 anos para 3.313 em 2008.

Rondônia teve a maior redução proporcional: 51,67%. Se em 1998 foram feitos 8.217 partos pela rede pública, em 2008 o SUS (Sistema Único de Saúde) auxiliou em 3.971 nascimentos.

A maior redução absoluta foi verificada em São Paulo. De 108.393 partos, o número foi para 73.876, uma queda de 31,84% - acima da média brasileira.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Derrames em crianças são muito mais comuns do que se acreditava, diz estudo

Derrames em crianças são raros – cerca de 2,4 por 100 mil crianças por ano nos Estados Unidos –, mas é de duas a quatro vezes mais frequente do que se pensava, segundo estudo publicado na última edição da revista Stroke. De acordo com especialistas da Universidade da Califórnia, apesar de não ser muito frequente, a condição merece atenção especial, por ser uma importante causa de incapacidade na criança.

As estimativas anteriores eram baseados em pesquisas de códigos diagnósticos de hospitais, o que, segundo os especialistas, perdia muitos casos de derrame nas crianças. No novo levantamento, foram pesquisados registros de 2,3 milhões de crianças e adolescentes com menos de 20 anos da base de dados da instituição médico-científica Kaiser Permanente. A partir disso, foram avaliados não apenas os diagnósticos, mas expressões chave nos relatórios radiológicos e registros médicos.

“Nossa taxa geral de incidência de derrame isquêmico de 2,4 por 100 mil pessoas-ano é duas a quatro vezes maior do que a estimativa anteriormente publicada em crianças nos Estados Unidos que também incluiu derrames perinatal” concluiu a pesquisadora Nidhi Agrawal.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Menstruação precoce aumenta risco de complicações no parto

As meninas que começam a menstruar antes dos 12 anos têm mais chances de sofrer complicações ao dar à luz seu primeiro filho e de precisar da ajuda de cesárea ou fórceps, segundo um estudo realizado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Os autores do estudo, publicado hoje no "British Journal of Obstetrics and Gynaecology", afirmam que isso ocorre porque se uma jovem começa a menstruar muito cedo, o útero fica exposto durante mais tempo aos hormônios femininos --estrogênios e progesterona--, que, com o passar do tempo, complicam a tarefa essencial deste órgão no momento de dar à luz.

O diretor do estudo, o professor Gordon Smith, afirmou que esta descoberta "apoia a tese de que uma estimulação hormonal prolongada ao útero antes da primeira gravidez afeta diretamente o parto".

Assim, ocorre uma espécie de "desgaste" do útero que aumenta a probabilidade de ter de recorrer à ajuda da cesárea ou do fórceps, assim como nos casos das mães de "primeira viagem" com mais de 45 anos.

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores analisaram os partos de 3,739 mil mulheres que deram à luz pela primeira vez e observaram que aquelas que começaram a menstruar antes dos 12 anos eram mais propensas a precisar de algum tipo de intervenção médica.

Por outro lado, aquelas que tiveram a primeira menstruação após os 15 anos conseguiam, na maioria, dar à luz sem nenhum tipo de ajuda complementar.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Problemas de saúde mental são mais comuns do que se pensava, alertam especialistas

A prevalência de ansiedade, depressão e abuso de drogas pode ser o dobro do que a comunidade médica acreditava, segundo estudo liderado pela Universidade Duke, nos Estados Unidos. Acompanhando mais de mil neozelandeses do nascimento aos 32 anos, os pesquisadores notaram que as pessoas sub-notificam – ou escondem – a quantidade de problemas de saúde mental que sofreram, quando perguntadas sobre seu histórico. E outro estudo na mesma linha, realizado com 1,4 mil crianças americanas de nove a 13 anos, e que foram acompanhadas até quase 30 anos, mostrou um padrão similar.

Baseados nessas descobertas, os pesquisadores alertam que estudos em que os participantes relatam de memória suas experiências com problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão e dependência de álcool e maconha, parecem não ser totalmente confiáveis para apontar a prevalência desses problemas. E os estudos longitudinais que acompanham os voluntários em longo prazo são raros e caros.

"Se você começar com um grupo de crianças e acompanhá-las por toda sua vida, mais cedo ou mais tarde, quase todas irão experimentar um desses transtornos", disse a neurocientista Terrie Moffitt. E a psicóloga Jane Costello acrescentou que devemos considerar que os problemas de saúde mental são muito comuns e que "as pessoas estão crescendo prejudicadas, não tratadas e sem ‘funcionar’ em sua capacidade máxima, porque temos ignorado isso".

De acordo com os especialistas, os melhores estudos retrospectivos indicam que a incidência de depressão em pessoas com idades entre 18 e 32 anos é de 18%, mas alguns deles têm sido criticados por apresentar uma taxa mais elevada. Uma das análises mais recentes, o estudo Dunedin, por exemplo, indica que 41% das pessoas dessa faixa etária já tiveram depressão. Da mesma forma, enquanto diversas pesquisas indicam uma prevalência de dependência de álcool de 6% a 17% na faixa etária de 18 a 32 anos, o estudo Dunedin indica uma taxa de 32% para esse problema.

Os autores destacam que os resultados podem apontar para duas direções: por um lado, pode-se argumentar que os padrões de diagnóstico têm sido muito incipientes, e outro fator a ser considerado é que isso indica que é necessário um cuidado de saúde mental maior e melhor, porque esses distúrbios são mais comuns do que se pensava. "Os pesquisadores podem começar a se perguntar por que tantas pessoas experimentam um distúrbio pelo menos uma vez durante sua vida e o que isso significa para a forma como definimos a saúde mental, prestamos serviços e contamos o peso econômico das doenças mentais", concluíram.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Psicótico que mora com a família procura ajuda mais rápido, diz estudo

São Paulo - Morar com a família faz com que os psicóticos procurem ajuda mais rápido. Essa é uma das conclusões de um estudo de mestrado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)- "Período de psicose sem tratamento (PPST) em indivíduos com psicoses funcionais (casos incidentes) na Cidade de São Paulo", desenvolvido pela terapeuta ocupacional Alexandra Martini de Oliveira. A pesquisa mostrou que o tempo médio que um paciente desse tipo leva para entrar em contato com o serviço de saúde são 4,1 semanas a partir dos primeiros sintomas psicóticos.

Os dados para a pesquisa foram retirados do "Estudo de casos incidentes (primeiro contato com serviços de saúde) de psicoses funcionais no Brasil", coordenado na FMUSP pelo professor Paulo Rossi Menezes. Esse estudo fez uma análise epidemiológica e investigou a incidência das psicoses funcionais em São Paulo e os fatores de risco para o desenvolvimento das psicoses. O que caracteriza o transtorno psicótico são os delírios (pensamentos que não condizem com a realidade, como medo de perseguição) e alucinações (ouvir vozes, ver objetos e coisas inexistentes). O psicótico pode apresentar, também, desorganização no pensamento e na fala.

Quanto mais tempo demora o diagnóstico e tratamento da psicose, maior a chance de o paciente ter uma evolução ruim da doença (resistência a medicação, sintomas psicóticos mais graves). Alexandra explica que, de acordo com alguns estudos, "a psicose é "neurotóxica", pois ela causa alterações químicas que acabam matando neurônios e a pessoa com psicose, que fica muito tempo sem tratamento, pode se tornar mais resistente ao tratamento medicamentoso". Alexandra observou que "as pessoas que demoram mais para entrar em contato com serviços de saúde, geralmente não moram com a família, têm declínio do funcionamento social, que é o mesmo que dizer que saem menos de casa, deixam de ir a reuniões familiares, a festas, a igreja."

O estudo envolveu 200 pacientes. Destes, 105 (52%) eram mulheres A média de idade foi de 32,3 anos, e 165 (82,5%) moravam com familiares. Outros 148 participantes (74%) haviam feito o primeiro contato em serviços de emergência, enquanto 122(61,0%) apresentaram diagnóstico de psicose não-afetiva e 78 (39%) de psicose afetiva (relacionados às alterações patológicas do humor). Entre os envolvidos, 106 (53,%) apresentaram funcionamento social "muito bom ou bom". Os participantes que não trabalhavam demoraram duas vezes mais para procurar serviços de saúde do que os que tinham ocupação.