quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Psicótico que mora com a família procura ajuda mais rápido, diz estudo

São Paulo - Morar com a família faz com que os psicóticos procurem ajuda mais rápido. Essa é uma das conclusões de um estudo de mestrado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)- "Período de psicose sem tratamento (PPST) em indivíduos com psicoses funcionais (casos incidentes) na Cidade de São Paulo", desenvolvido pela terapeuta ocupacional Alexandra Martini de Oliveira. A pesquisa mostrou que o tempo médio que um paciente desse tipo leva para entrar em contato com o serviço de saúde são 4,1 semanas a partir dos primeiros sintomas psicóticos.

Os dados para a pesquisa foram retirados do "Estudo de casos incidentes (primeiro contato com serviços de saúde) de psicoses funcionais no Brasil", coordenado na FMUSP pelo professor Paulo Rossi Menezes. Esse estudo fez uma análise epidemiológica e investigou a incidência das psicoses funcionais em São Paulo e os fatores de risco para o desenvolvimento das psicoses. O que caracteriza o transtorno psicótico são os delírios (pensamentos que não condizem com a realidade, como medo de perseguição) e alucinações (ouvir vozes, ver objetos e coisas inexistentes). O psicótico pode apresentar, também, desorganização no pensamento e na fala.

Quanto mais tempo demora o diagnóstico e tratamento da psicose, maior a chance de o paciente ter uma evolução ruim da doença (resistência a medicação, sintomas psicóticos mais graves). Alexandra explica que, de acordo com alguns estudos, "a psicose é "neurotóxica", pois ela causa alterações químicas que acabam matando neurônios e a pessoa com psicose, que fica muito tempo sem tratamento, pode se tornar mais resistente ao tratamento medicamentoso". Alexandra observou que "as pessoas que demoram mais para entrar em contato com serviços de saúde, geralmente não moram com a família, têm declínio do funcionamento social, que é o mesmo que dizer que saem menos de casa, deixam de ir a reuniões familiares, a festas, a igreja."

O estudo envolveu 200 pacientes. Destes, 105 (52%) eram mulheres A média de idade foi de 32,3 anos, e 165 (82,5%) moravam com familiares. Outros 148 participantes (74%) haviam feito o primeiro contato em serviços de emergência, enquanto 122(61,0%) apresentaram diagnóstico de psicose não-afetiva e 78 (39%) de psicose afetiva (relacionados às alterações patológicas do humor). Entre os envolvidos, 106 (53,%) apresentaram funcionamento social "muito bom ou bom". Os participantes que não trabalhavam demoraram duas vezes mais para procurar serviços de saúde do que os que tinham ocupação.

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