A prevalência de ansiedade, depressão e abuso de drogas pode ser o dobro do que a comunidade médica acreditava, segundo estudo liderado pela Universidade Duke, nos Estados Unidos. Acompanhando mais de mil neozelandeses do nascimento aos 32 anos, os pesquisadores notaram que as pessoas sub-notificam – ou escondem – a quantidade de problemas de saúde mental que sofreram, quando perguntadas sobre seu histórico. E outro estudo na mesma linha, realizado com 1,4 mil crianças americanas de nove a 13 anos, e que foram acompanhadas até quase 30 anos, mostrou um padrão similar.
Baseados nessas descobertas, os pesquisadores alertam que estudos em que os participantes relatam de memória suas experiências com problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão e dependência de álcool e maconha, parecem não ser totalmente confiáveis para apontar a prevalência desses problemas. E os estudos longitudinais que acompanham os voluntários em longo prazo são raros e caros.
"Se você começar com um grupo de crianças e acompanhá-las por toda sua vida, mais cedo ou mais tarde, quase todas irão experimentar um desses transtornos", disse a neurocientista Terrie Moffitt. E a psicóloga Jane Costello acrescentou que devemos considerar que os problemas de saúde mental são muito comuns e que "as pessoas estão crescendo prejudicadas, não tratadas e sem ‘funcionar’ em sua capacidade máxima, porque temos ignorado isso".
De acordo com os especialistas, os melhores estudos retrospectivos indicam que a incidência de depressão em pessoas com idades entre 18 e 32 anos é de 18%, mas alguns deles têm sido criticados por apresentar uma taxa mais elevada. Uma das análises mais recentes, o estudo Dunedin, por exemplo, indica que 41% das pessoas dessa faixa etária já tiveram depressão. Da mesma forma, enquanto diversas pesquisas indicam uma prevalência de dependência de álcool de 6% a 17% na faixa etária de 18 a 32 anos, o estudo Dunedin indica uma taxa de 32% para esse problema.
Os autores destacam que os resultados podem apontar para duas direções: por um lado, pode-se argumentar que os padrões de diagnóstico têm sido muito incipientes, e outro fator a ser considerado é que isso indica que é necessário um cuidado de saúde mental maior e melhor, porque esses distúrbios são mais comuns do que se pensava. "Os pesquisadores podem começar a se perguntar por que tantas pessoas experimentam um distúrbio pelo menos uma vez durante sua vida e o que isso significa para a forma como definimos a saúde mental, prestamos serviços e contamos o peso econômico das doenças mentais", concluíram.
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