terça-feira, 31 de março de 2009

19% dos pacientes têm queixas da rede privada

Pesquisa Ibope realizada a pedido da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que 19% dos usuários da rede privada de hospitais têm alguma queixa sobre o atendimento prestado. O levantamento foi realizado no mês de janeiro e ouviu 1.512 pacientes.

De acordo com a pesquisa, 20% dos pacientes reclamam da demora no atendimento oferecido na recepção dos hospitais, 14% reclamam da morosidade dos médicos, 10% fazem queixas em relação ao serviço realizado pelos enfermeiros e 11% criticam outros funcionários.

Além disso, 12% dos entrevistados reclamam da forma como os médicos fazem o atendimento durante as consultas.

Outro dado criticado pelos pacientes ouvidos é a demora na entrega dos exames e a desorganização na triagem dos pacientes que chegam ao hospital.

A pesquisa aponta ainda que 7% dos usuários se queixam da falta de preparo dos funcionários, incluindo médicos, recepcionistas e enfermeiros. A falta de médicos especialistas também consta do rol de reclamações dos pacientes.

A nota média atribuída ao atendimento recebido no serviço privado de saúde foi de 8,5 -o serviço público recebeu nota média de 7,9.

Segundo Nilson Paschoa, secretário-adjunto da Saúde, o principal objetivo da pesquisa foi entender o que pensa e como pensa o usuário da saúde privada, para que a secretaria possa pensar em ações de melhoria do sistema público.

"Já trabalhamos com uma grande migração de pacientes das classes alta e média para o SUS. Antes isso era impensável. Com isso, aumenta a nossa obrigação, temos de redobrar os esforços, porque passamos a ser avaliados por um público muito mais exigente no que diz respeito à qualidade dos serviços oferecidos", diz Paschoa.

Superlotação

Hospitais das classes A e B de São Paulo, por exemplo, enfrentam superlotação dos leitos para internações. Instituições como o Albert Einstein e o Sírio-Libanês já registram, em alguns dias da semana, ocupação máxima, o que leva pacientes a enfrentarem longa espera no pronto-socorro ou a serem transferidos para outros hospitais.

O Nove de Julho e o Samaritano também vivem situações semelhantes.

O médico Henrique Moraes Salvador Silva, presidente da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) foi procurado ontem pela Folha, mas não foi encontrado em seu consultório. Segundo a assessoria de imprensa da Anahp, apenas Silva estava autorizado a falar em nome da instituição.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Tabagismo pode levar a transtornos psiquiátricos


A exposição precoce à nicotina pode modificar o funcionamento cerebral de jovens e favorecer o aparecimento de transtornos psiquiátricos na vida adulta --como a depressão e a ansiedade--, sugerem estudos clínicos e populacionais.

Um dos maiores trabalhos sobre o tema foi publicado em janeiro na revista científica "Addiction", a mais renomada na área de dependência química. Pesquisadores da Universidade de Oslo (Noruega) acompanharam 1.501 jovens --entre 13 e 27 anos-- durante 13 anos.

A conclusão foi que aqueles que começaram a fumar precocemente tiveram mais chances de desenvolver depressão, transtornos da ansiedade e pensamentos suicidas em relação aos não-fumantes. O assunto será um dos destaques de uma conferência internacional sobre tabagismo, que acontece em abril em Dublin (Irlanda).

A nicotina é um estimulante do sistema nervoso central. Como a adolescência é uma fase em que os neurônios não estão totalmente formados, a exposição precoce à substância deixaria uma "marca" no cérebro.

"Se aprendemos inglês ou a andar de bicicleta na infância ou na adolescência, não esquecemos mais. Isso só é possível porque o cérebro está em formação. A nicotina deixa uma marca mnêmica. Isso aumenta a predisposição à dependência e a outros transtornos que têm como causa um desequilíbrio da neurotransmissão cerebral", explica a médica Analice Gigliotti, presidente da Associação Brasileira para Estudos do Álcool e outras Drogas.

Gigliotti e outros especialistas em tabagismo avaliam que, diante dessa conclusão, deverá ocorrer uma mudança na forma de avaliar e de tratar o fumante, especialmente o jovem.

"Estamos diante de um novo paradigma da medicina em relação à nicotina. A gente imaginava que o doente psiquiátrico procurava o tabagismo para aliviar seus sintomas psíquicos. Agora, postula-se o contrário. O fato dele ter sido exposto ao cigarro na adolescência pode ter levado ao transtorno psiquiátrico", afirma a cardiologista Jaqueline Issa, do InCor (Instituto do Coração).

Para Gigliotti, a criação de políticas de prevenção ao tabagismo "mataria vários coelhos numa mesma cajadada". "A dependência de nicotina é uma doença do cérebro, assim como a dependência a drogas e outras doenças mentais. Evitando-a, preveniríamos doenças mentais, dependências de drogas e morte precoce dos adolescentes e dos fumantes passivos."

Exposição precoce

No Brasil, pesquisas mostram que 90% dos fumantes adquirem o vício antes dos 18 anos. "Quanto mais jovem você se expõe ao cigarro, mais cedo vai alavancar esses possíveis transtornos mentais", alerta Jaqueline Issa.

Segundo o psiquiatra Sergio Nicastri, pesquisador do Grea (grupo de estudos e álcool e drogas), há evidências de que o uso de nicotina interfira nos sistemas neuroquímicos (neurorreguladores como acetilcolina, dopamina e norepinefrina), que, por sua vez, afetam circuitos neurais, associados à regulação de humor.

Ele afirma que as perturbações psiquiátricas mais frequentemente relacionadas ao tabagismo são depressão, esquizofrenia e transtornos de ansiedade e de humor.

Vários estudos já demonstraram que a incidência de doenças mentais é maior entre os fumantes do que no restante da população. Nos EUA, por exemplo, o índice de tabagismo na população em geral é de 12%. Entre os doentes psiquiátricos, chega a 70%. No Brasil não há esse levantamento.

Esquizofrenia

Na literatura médica, existem vários estudos demonstrando uma maior prevalência de tabagismo entre os portadores de esquizofrenia --em relação à população em geral e também em comparação a outros doentes psiquiátricos. Nos EUA, cerca de 80% dos esquizofrênicos fumam.

Um trabalho recente, com 668 pacientes, revelou que o tabagismo pesado (consumo de um ou mais maços de cigarros) durante a adolescência é associado a um risco maior para o aparecimento de transtorno de pânico, agorafobia e ansiedade generalizada na vida adulta.

Há uma outra linha de estudos que tenta vincular a dependência aos genes. Um deles, da Universidade de Utah (EUA), analisou amostras de DNA de 2.827 fumantes e concluiu que mutações genéticas podem estar relacionadas ao tabagismo.

Os fumantes que começaram a fumar antes dos 17 anos possuíam uma cópia duplicada do gene que interage com a nicotina no cérebro. Com isso, eles tinham até cinco vezes mais chances de se tornarem dependentes do cigarro durante a vida adulta, segundo a pesquisa.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Infartado atendido pelo SUS morre mais após a alta

Pacientes que sofreram infarto e têm acompanhamento de saúde feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde) têm 36% mais chances de morrer do que aqueles que são acompanhados por médicos particulares ou de convênios. A constatação é de um estudo inédito realizado pelo InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas de São Paulo, que foi publicado em dezembro nos "Arquivos Brasileiros de Cardiologia".

Trata-se do primeiro estudo brasileiro a mostrar que, após o atendimento de emergência e a alta, os índices de morte em pacientes infartados atendidos no sistema público são maiores.

Os pesquisadores acompanharam 1.588 pacientes (1.003 do SUS e 585 de convênios ou particulares) após a alta durante sete anos e meio. A taxa de mortalidade no período de internação foi semelhante nos dois grupos (cerca de 11%), mas o prognóstico foi pior em pacientes do SUS.

Os pacientes foram acompanhados através de telefonemas. A cada contato, os pesquisadores perguntavam se o doente tinha feito uma consulta médica nos últimos seis meses e se tinha medido o colesterol.

A pesquisa aponta que 91,3% dos pacientes atendidos por convênio ou particular no InCor tinham passado por uma consulta nos seis meses anteriores contra 86,1% daqueles atendidos pelo SUS. Além disso, 90,1% dos pacientes de convênio ou particular haviam medido o colesterol no mesmo período, contra 79,9% dos atendidos pelo SUS.

Segundo o cardiologista José Carlos Nicolau, autor do estudo e diretor da Unidade Clínica de Coronariopatia Aguda do InCor, a pesquisa foi feita para chamar a atenção para o atendimento prestado à população que depende do SUS. "Será que está sendo feito tudo o que é necessário?", questiona.

Hipóteses

Nicolau diz que a pesquisa não investigou as causas das mortes, mas aponta quatro hipóteses para os resultados: acompanhamento inadequado pela rede básica de saúde, falta de acesso a medicamentos, alimentação inadequada e falta de adesão ao tratamento.

"O que a gente constatou é que a sobrevida no SUS é menor após a alta hospitalar, quando essas pessoas devem ser acompanhadas em suas cidades", diz Nicolau.

Para o cardiologista Ari Timerman, presidente da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), o estudo traz uma relação entre a situação financeira do paciente e o acompanhamento que ele recebe, mas também mostra que o serviço prestado pelo SUS é eficiente na fase de internação. "A gente costuma criticar, mas a mortalidade na fase hospitalar é igual nos dois grupos", diz.

Segundo Timerman, os dados confirmam a relação entre a condição econômica e o acesso à saúde. "Isso vale para remédios, consultas e alimentação adequada", avalia o médico.

O cardiologista José Marconi Almeida de Sousa, chefe do Ambulatório da Mulher Cardiopata da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) diz que os resultados apontam para duas situações importantes. "Ou o atendimento no SUS não está totalmente adequado ou o paciente não está tendo acesso aos medicamentos e aos especialistas da área", diz.

O Ministério da Saúde foi procurado, mas não comentou a pesquisa.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Fatos traumáticos podem causar hipertensão e insônia

Uma pesquisa da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro mostra que vivenciar fatos traumáticos pode levar a problemas de saúde como depressão e insônia.

Participaram do estudo 21 mães --11 haviam passado por traumas como morte violenta de um filho e dez não tinham experimentado uma situação de sofrimento.

Durante os 16 meses do estudo, apenas uma das 11 mães do primeiro grupo não apresentou transtorno de estresse pós-traumático.

Entre as mães que compunham o grupo controle, oito não desenvolveram o problema.

Para a pesquisadora, eventos traumáticos podem afetar direta ou indiretamente cerca de 12 pessoas, entre amigos e familiares.

Em uma segunda etapa do estudo, seis das 11 mães (55%) apresentaram pressão alta, enquanto três mulheres do grupo controle (30%) tiveram hipertensão.

Traumas causam alterações hormonais que podem prejudicar o sistema cardiovascular, segundo a pesquisadora Vera Lemgruber.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Sal pode ser antidepressivo natural, diz estudo


Pesquisadores dos EUA sugerem que sal pode melhorar o humor e ser viciante.

Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Iowa, Estados Unidos, indica que o sal seria uma espécie de antidepressivo natural, ajudando a melhorar o humor, e poderia ser viciante.

Essas características podem estar por trás do fato de as pessoas adicionarem mais sal à comida, mesmo sabendo que isso pode fazer mal.

Os pesquisadores americanos descobriram, em experiências com ratos, que os que apresentavam deficiência de sal se afastavam de atividades que normalmente gostavam, um sinal de depressão.

"Coisas que normalmente seriam prazerosas para os ratos não causaram o mesmo grau de contentamento, o que nos leva a acreditar que um déficit de sal e o desejo associado a isto podem induzir um dos sintomas mais importantes associados à depressão", disse a psicóloga Kim Johnson, que liderou a pesquisa.

O corpo precisa do sódio, elemento químico que junto com o cloro forma o sal, para funcionar. Mas consumir muito sal está ligado ao aumento da pressão arterial e a um maior risco de derrame ou ataque cardíaco.

Um sinal de vício é o uso de uma substância mesmo quando se sabe que ela pode ser prejudicial.

Muitas pessoas, mesmo sabendo que devem cortar o consumo de sal, alegam que seus alimentos estão insossos e não deixam de adicionar mais nas refeições.

Outro aspecto marcante do vício é o desenvolvimento do desejo pelo que está sendo negado.

A equipe de cientistas da Universidade de Iowa afirmou que os testes realizados mostraram mudanças semelhantes na atividade cerebral dos ratos quando eles eram expostos à falta de drogas ou à falta de sal.

"Isto sugere que a necessidade e o desejo pelo sal podem estar ligados aos mesmos caminhos cerebrais do que aqueles ligados ao vício e abuso de drogas", afirmou Johnson.

A pesquisa foi publicada na revista especializada Psychology and Behaviour.

A Food Standards Agency, agência britânica que regula o setor de alimentação, afirma que o adulto médio não deve consumir mais do que 6 g de sal por dia.

"Nossos corpos precisam de uma quantidade muito pequena de sal para funcionar, nada como as quantidades que a maioria consome", disse um porta-voz da organização britânica Consensus Action on Salt and Health, que faz campanhas para alertar a respeito dos riscos do alto consumo de sal.

"Esta pesquisa pode nos ajudar a compreender a razão de algumas pessoas ainda consumirem muito sal, mesmo quando sabem que é prejudicial à saúde."

"Pessoalmente nunca me senti deprimido ao não comer muito sal. Acho que seria muito mais deprimente ter um ataque cardíaco ou derrame que poderiam ser evitados ao controlar o consumo de sal", acrescentou.

terça-feira, 24 de março de 2009

Lista das plantas medicinais que poderão ser usadas no SUS

À pedido, cito abaixo a lista das 71 plantas medicinais que poderão ser usadas no SUS

1 Achillea millefolium
2 Allium sativum
3 Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis)
4 Alpinia spp* (A. zerumbet ou A.speciosa)
5 Anacardium occidentale
6 Ananas comosus
7 Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea
8 Arrabidaea chica
9 Artemisia absinthium
10 Baccharis trimera
11 Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou B. variegata)
12 Bidens pilosa
13 Calendula officinalis
14 Carapa guianensis
15 Casearia sylvestris
16 Chamomilla recutita = Matricaria chamomilla = Matricaria recutita
17 Chenopodium ambrosioides
18 Copaifera spp
19 Cordia spp (C. curassavica ou C. verbenacea)
20 Costus spp (C. scaber ou C. spicatus)
21 Croton spp (C. cajucara ou C. zehntneri)
22 Curcuma longa
23 Cynara scolymus
24 Dalbergia subcymosa
25 Eleutherine plicata
26 Equisetum arvense
27 Erythrina mulungu
28 Eucalyptus globulus
29 Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana
30 Foeniculum vulgare
31 Glycine max
32 Harpagophytum procumbens
33 Jatropha gossypiifolia
34 Justicia pectoralis
35 Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum
36 Lamium album
37 Lippia sidoides
38 Malva sylvestris
39 Maytenus spp (M. aquifolium ou M. ilicifolia)
40 Mentha pulegium
41 Mentha spp(M. crispa, M. piperita ou M. villosa)
42 Mikania spp (M. glomerata ou M. laevigata)
43 Momordica charantia
44 Morus sp
45 Ocimum gratissimum
46 Orbignya speciosa
47 Passiflora spp (P. alata, P. edulis ou P. incarnata)
48 Persea spp (P. gratissima ou P. americana)
49 Petroselinum sativum
50 Phyllanthus spp (P. amarus, P.niruri, P. tenellus e P. urinaria)
51 Plantago major
52 Plectranthus barbatus = Coleus barbatus
53 Polygonum spp (P. acre ou P. hydropiperoides)
54 Portulaca pilosa
55 Psidium guajava
56 Punica granatum
57 Rhamnus purshiana
58 Ruta graveolens
59 Salix alba
60 Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira
61 Solanum paniculatum
62 Solidago microglossa
63 Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron barbatimam
64 Syzygium spp(S. jambolanum ou S. cumini)
65 Tabebuia avellanedeae
66 Tagetes minuta
67 Trifolium pratense
68 Uncaria tomentosa
69 Vernonia condensata
70 Vernonia spp* (V. ruficoma ou V. polyanthes)
71 Zingiber officinale

PARA MAIORES INFORMAÇÕES: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalhes&id_area=124&CO_NOTICIA=10001

Estetoscópios de ambulâncias podem apresentar riscos


Aparelhos nem sempre são limpos como deveriam ser.
Estudo foi conduzido nos Estados Unidos.


Os estetoscópios carregados por equipes de ambulâncias nem sempre são limpos com a frequência que deveriam, e como resultado, eles podem estar expondo alguns pacientes a bactérias resistentes a medicamentos, segundo aponta um novo estudo.

Os pesquisadores, que examinaram estetoscópios usados por equipes médicas de emergência em Nova Jersey, descobriram que um número significativo deles trazia o Staphylococcus aureus resistente à meticilina, bactéria conhecida como MRSA e resistente a medicamentos comuns.

Alguns dos funcionários de ambulâncias não se lembravam da última vez que os instrumentos haviam sido limpos, segundo os pesquisadores, cujos resultados estão na edição atual da publicação médica Prehospital Emergency Care.

O principal autor do estudo, Mark A. Merlin, da Escola de Medicina Robert Wood Johnson, disse que ainda não se sabia o tamanho da ameaça que o MRSA oferecia a um paciente. Porém, à medida que os incidentes de infecções pela bactéria se tornam mais comuns, e com a possibilidade de que ela se torne mais resistente a antibióticos, é importante reduzir sua disseminação, diz ele.

Os pesquisadores pediram para examinar os estetoscópios de equipes de ambulâncias chegando ao departamento de emergência durante um período de 24 horas. Eles também perguntaram quando os instrumentos haviam sido limpos pela última vez.

Dos 50 estetoscópios examinados, 16 continham a bactéria; segundo os pesquisadores, um simples pano com álcool seria suficiente para matá-las. "O conceito de limpar uma ambulância inteira depois de cada paciente não é prático", escreveram. "Limpar um estetoscópio, entretanto, não representa grande trabalho, não exige muito tempo e não requer equipamentos especiais além dos itens atualmente armazenados."

De: Jornal The New York Times

segunda-feira, 23 de março de 2009

SUS terá novo medicamento para tuberculose


Dose Fixa Combinada pretende aumentar adesão a tratamento.
No Brasil, foram registrados 72 mil novos casos da doença em 2007


O Ministério da Saúde anunciou, nesta segunda-feira (23), que a partir do segundo semestre de 2009 o Sistema Único de Saúde (SUS) terá um novo medicamento para tratar a tuberculose. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Dose Fixa Combinada (DFC) aumentará o número de drogas para o tratamento de três para quatro e reduzirá a quantidade de comprimidos diários de seis para dois.

Além de baratear o custo dos medicamentos, a mudança pretende aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, 8% dos pacientes com tuberculose abandonam o tratamento antes da cura. A taxa de abandono recomendada pela OMS é de menos de 5%.

Ainda de acordo com o ministério, em alguns pacientes, especialmente nos que abandonam o tratamento antes da cura, desenvolvem-se bacilos mais resistentes às drogas ministradas. A DFC vai, portanto, combater a resistência do bacilo de Koch aos medicamentos. Até agora, apenas cinco países do mundo, entre eles o Brasil, não utilizam a DFC para tratar a tuberculose.


Incidência da tuberculose no Brasil

No Brasil, foram registrados 72 mil novos casos de tuberculose em 2007, e 4,5 mil pessoas morreram em decorrência da doença. As maiores incidências estão nos estados do Rio de Janeiro (73,27 por 100 mil), Amazonas (67,60), Pernambuco (47,79), Pará (45,69) e Ceará (42,12). A Região Centro-Oeste é a que apresenta a menor taxa do país.

A incidência da tuberculose entre os homens (cerca de 50 por 100 mil) é o dobro do que entre as mulheres. O maior número de casos se concentra na faixa etária de 20 a 39 anos. Já as populações mais vulneráveis são as indígenas (incidência quatro vezes maior do que a média nacional); portadores de HIV (30 vezes maior); presidiários (40 vezes maior); e moradores de rua (60 vezes maior). O tratamento contra a tuberculose é oferecido gratuitamente na rede pública.

Mais da metade dos idosos toma ao menos cinco remédios ao mesmo tempo


Mais da metade dos idosos nos Estados Unidos toma cinco ou mais medicamentos diferentes ao mesmo tempo, aumentando o risco de interações medicamentosas potencialmente perigosas, de acordo com um estudo publicado em dezembro passado no "Jama" (jornal da associação médica americana).

Realizada pelos National Institutes of Health e pela Universidade de Chicago com 2.976 adultos com idades entre 57 e 85 anos, a pesquisa aponta que no mínimo 10% dessa população utiliza combinações de alto risco e que a maioria dos problemas ocorre com o uso concomitante de anticoagulantes vendidos sob prescrição com medicamentos de venda livre, como aspirina, suplementos, como gingko biloba, e remédios anti-inflamatórios.

Todas essas substâncias são bastante indicadas para problemas de saúde que são comuns ao envelhecimento, como os cardiovasculares e reumáticos.

Especialistas brasileiros dizem que o quadro pode ser aplicado para a situação no Brasil e que pesquisas menores ou localizadas apontam na mesma direção. Maurício Wajngarten, diretor da cardiogeriatria do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que "no banco de dados do setor de geriatria do InCor, verificamos que os pacientes tomam, em média, cinco a seis remédios diferentes".

Para ele, individualmente os medicamentos podem ser excelentes e indicados para cada doença, mas, quando combinados, possibilitam inúmeras interações. "Tratar tudo ao mesmo tempo é arriscado. É preciso que o médico, junto com o paciente, priorize os tratamentos e se mantenha informado sobre as possíveis interações do medicamento que vai receitar."

Risco hemorrágico

Um estudo feito em 2007 com 155 idosos internados no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, identificou uma média de quatro interações potencialmente arriscadas por paciente. O efeito mais observado das interações foi o aumento de risco de sangramento e hemorragia, em 36% dos casos. "Isso está relacionado com o uso de anticoagulantes", de acordo com Juliana Locatelli, farmacêutica clínica da unidade de geriatria do Albert Einstein, que realizou o estudo.

Outro trabalho feito em 2007, na Santa Casa de São Paulo, mostrou que 41% dos idosos tomam remédios inadequados ou em doses excessivas para a faixa etária. O responsável pelo estudo, Milton Gorzoni, coordenador da geriatria da Santa Casa, diz que, no Brasil, a população idosa toma entre três e cinco remédios diferentes ao mesmo tempo, em média. "Cada remédio que se acrescenta ao paciente aumenta em 10% a chance de interações indesejáveis. Isso significa que o idoso tem entre 30% e 50% mais riscos de problemas relacionados aos remédios."

Metabolização

O perigo também aumenta por características próprias do envelhecimento. "A metabolização das drogas é diferente no idoso. Geralmente, a eliminação das substâncias [dos medicamentos] é feita pelos rins, e o aumento da idade causa alterações na função renal", diz Climeu Almada, geriatra do hospital Albert Einstein e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

O grupo de maior risco, de acordo com Almada, é o de pessoas com mais de 85 anos de idade, de baixo peso, com seis ou mais doenças, que tomam 12 ou mais doses diárias de remédios e que já sofreram algum efeito adverso de medicamento anteriormente.

Para Luiz Roberto Ramos, professor de medicina preventiva e diretor do Centro do Envelhecimento da Unifesp, "as doenças causadas pelo uso de múltiplos medicamentos por idosos é um dos grandes problemas da saúde pública".

Ramos lembra que, além das prescrições, a automedicação com remédios de venda livre e suplementos agrava o problema. É comum, segundo ele, o idoso ter de tomar um novo remédio para tratar efeitos causados por outro medicamentos, o que é chamado de iatrogenia --doença causada pelo tratamento.

"É muito mais frequente o especialista perguntar [ao idoso] "O que o senhor tem?", e não "O que está tomando?". Isso cria uma cascata medicamentosa, em que um remédio vai sendo acrescentado ao outro, aumentando a chance de complicações", diz.

De: IARA BIDERMAN
colaboração para a Folha de S.Paulo

sexta-feira, 20 de março de 2009

Veja as novidades da medicina que devem chegar ao país em 2009

A medicina também traz promessas para o novo ano: há previsão de chegada de medicamentos mais específicos e com menos efeitos colaterais para o tratamento de esclerose múltipla e de arritmias cardíacas --além de um exame que permite saber como cada paciente metabolizará determinado remédio.

Equipamentos de laser mais precisos para tratar problemas de visão devem chegar ao país, além de um outro que diminui o crescimento benigno da próstata de forma menos invasiva.

A estética também é contemplada entre as novidades: um novo preenchedor visa aumentar seios e nádegas sem necessidade de cirurgia, e novos componentes naturais, como grãos de café, girassol e cogumelos, surgem para diminuir a vermelhidão da pele e estimular a reprodução celular cutânea.

Vale lembrar, no entanto, que muitos problemas de saúde podem ser evitados com medidas simples e já conhecidas. Parar de fumar, adotar uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos são as três orientações mais certeiras.

A Folha consultou 12 especialistas em diversas áreas para mapear 12 novidades da medicina que devem chegar ao país nos próximos meses.

Precisão na córnea

O equipamento de laser Femtosecond ganha atualização que resultará em uma maior precisão no corte da córnea, dividindo-a em camadas. Hoje, uma córnea doada pode beneficiar apenas uma pessoa. Com o equipamento, será possível beneficiar duas pessoas, que receberão camadas diferentes. Assim, quem tiver saliência da córnea, por exemplo, pode receber só a camada anterior. E um paciente com distrofia endotelial pode receber a parte posterior. A novidade também permitirá uma melhor recuperação do transplante.

Laser na retina

O Instituto da Visão da Unifesp receberá o primeiro laser de Pascal do país, um fotocoagulador a laser indicado para tratar retinopatia diabética, degeneração macular relacionada à idade, doenças vasculares e oclusivas da retina, glaucoma, entre outros problemas. O processo aumenta a precisão, a segurança e a eficiência dos procedimentos e diminui riscos.

Mais tempo para tratar AVC

Está previsto um aumento na janela de tratamento de acidente vascular cerebral: será possível tratar o paciente com remédios até quatro horas e meia depois do derrame. Até então, o paciente só poderia ser tratado com medicamentos que dissolvem o coágulo até três horas depois do acidente. Um estudo europeu provou que é possível realizar o procedimento mais tarde sem prejuízo à saúde. Isso facilitará o tratamento, porque o procedimento seguinte -a trombólise intra-arterial- é mais complexo e depende de estrutura e profissionais dos quais nem todo centro médico dispõe.

Pílula contra esclerose

O fingolimode é a primeira droga para tratar a esclerose múltipla em forma de comprimido. Hoje, portadores da doença ingerem medicamentos que não foram desenvolvidos especificamente para esse problema ou usam as opções endovenosas, que podem ser desconfortáveis.

Dose individual

Um novo exame de sangue pode identificar como o corpo de cada paciente metaboliza determinados remédios. A vantagem é adequar a quantidade de medicamento às necessidades individuais -embora a maioria das pessoas tenha um metabolismo adaptado às doses-padrão, algumas metabolizam as drogas mais rapidamente e outras o fazem de maneira mais lenta. Esse tipo de avaliação é possível por meio da medição do citocromo P-450, uma família de enzimas responsável pela metabolização de fármacos como antidepressivos, antiepilépticos, antipsicóticos e betabloqueadores.

Telemedicina em ambulâncias

Está prevista para este mês a execução de um projeto piloto firmado entre o HCor (Hospital do Coração) e o Ministério da Saúde para o uso de telemedicina nas ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Os veículos serão equipados com eletrocardiograma, telefone celular e computador para que, no caso de uma emergência cardíaca, a equipe possa transmitir os dados para especialistas de plantão do HCor. A meta é melhorar a assistência oferecida a pacientes que estejam em locais remotos ou que não tenham acesso fácil a um cardiologista.

Droga contra arritmias

Um novo remédio promete amenizar os efeitos colaterais decorrentes do tratamento de arritmias cardíacas. As drogas atuais podem causar problemas gastrointestinais e mesmo levar ao surgimento de novas arritmias. A drodenadora tem a mesma eficácia, mas parece trazer menos desconforto.

Fim da patente

Neste ano, expira a patente do Xenical (orlistate), medicamento usado para perda de peso que custa cerca de R$ 300 a caixa, com doses suficientes para quatro a seis semanas. Com isso, será possível encontrar similares e genéricos a preços reduzidos, estimam os especialistas, e mais pacientes poderão ter acesso a esse remédio. A principal vantagem desse medicamento é seu efeito metabólico geral, com benefícios que vão além da perda de peso, como a diminuição das taxas de colesterol.

Preenchedor corporal

Deve chegar ao mercado ainda no primeiro trimestre do ano um preenchedor em gel de ácido hialurônico para aumento de grandes áreas corporais, como seios, nádegas, panturrilhas e peitoral dos homens. Além disso, o produto poderá ser usado para preencher sulcos e cicatrizes em todo o corpo -até o momento, a substância é usada para suavizar sulcos, rugas e cicatrizes no rosto.

O ácido, quando aplicado sob a pele, provoca uma reação do próprio organismo, que o envolve com fibroses naturais, criando um volume ao redor da área. O efeito, dizem os médicos, dura até dois anos. O produto é contraindicado para portadores de doenças autoimunes como lúpus e vitiligo e para gestantes. O procedimento deverá ser realizado somente por médicos.

Cosméticos naturais

Novos ingredientes devem tirar um pouco o foco do chá verde nas prateleiras de cosméticos. A previsão é que os grãos de café, o girassol e cogumelos sejam cada vez mais frequentes na composição de cremes e outros produtos para a pele, pois estudos apontam que essas substâncias têm uma forte ação anti-inflamatória.

O café e o girassol, especificamente, têm sido associados a uma melhora na pele de pessoas que têm eritema (rubor). Já o cogumelo entra em cena porque uma substância antioxidante encontrada no fungo parece ser capaz de acelerar a multiplicação celular da epiderme. Em média, trocamos de pele a cada 20 dias. Mas esse ritmo diminui com a idade -especialmente quando as mulheres se aproximam da menopausa. O produto melhoraria a renovação celular de mulheres dessa faixa etária.

Laser para próstata

O Green Laser é um tipo de laser indicado para tratar casos de crescimento benigno da próstata -problema que atinge cerca de 85% dos homens e piora a qualidade de vida do paciente, que passa a ter dificuldade para urinar. O laser é aplicado na região e "dissolve" o tecido que cresceu em excesso, diminuindo a próstata. Será mais uma alternativa aos tratamentos existentes. O aparelho já foi adquirido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O Hospital das Clínicas de São Paulo prevê a aquisição para o segundo semestre deste ano.

Tumor à distância

O Hifu (sigla em inglês para ultrassom focal de alta intensidade) é um aparelho que permite destruir tumores à distância por meio de ultrassom. Já é usado para tratar tumores da próstata e tem se mostrado eficiente no tratamento de câncer do rim, sendo usado atualmente sob licença nos EUA. Será indicado para tratar tumores iniciais e pequenos.

domingo, 15 de março de 2009

Brasileiro consome o dobro do sódio indicado pela OMS


O consumo diário de sódio pela população brasileira está duas vezes e meia acima do limite preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Diferentemente de países desenvolvidos --em que a principal fonte de sódio são os alimentos industrializados--, o vilão da mesa dos brasileiros é o tempero adicionado à comida, o que inclui o sal de cozinha propriamente dito e condimentos feitos à base de sal, que correspondem a 76% de todo o sódio consumido.

Os dados são de uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e publicada neste mês na "Revista de Saúde Pública". Os pesquisadores apontam que a quantidade diária de sódio disponível para consumo é de 4,5 g por pessoa, sendo que a ingestão máxima recomendada pela OMS é de 2 g.

A pesquisa também concluiu que o consumo exagerado não depende da faixa de renda das famílias analisadas e da região do país em que elas moram.

Para chegar a esse valor estimado, os pesquisadores usaram como referência os dados da última POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2003. Foram analisados 969.989 registros de aquisição de alimentos em uma amostra de 48.470 domicílios.

O endocrinologista Flávio Sarno, especialista em nutrição em saúde pública e autor do estudo, explica que os dados da pesquisa são estimados. "Calcula-se a quantidade de sódio disponível para consumo, de acordo com os alimentos comprados pela família na última semana. Para isso, transforma-se a quantidade disponível de sódio em cada alimento em valor energético [Kcal] e em gramas, para depois dividir pelo número de pessoas", explica Sarno. A base para conversão dos alimentos foi a Taco (Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos), desenvolvida pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Os riscos

O sódio está presente naturalmente em vários alimentos e o seu consumo moderado é necessário para o bom funcionamento do organismo. É ele que mantém o volume de líquidos no corpo, evitando a desidratação, por exemplo.

Mas a ingestão em excesso pode provocar problemas de saúde e, o pior, de maneira silenciosa: os efeitos no organismo não são imediatos e as pessoas podem demorar anos para apresentar sintomas.

"Se o sódio estiver em excesso no organismo, os rins não conseguirão eliminá-lo. Assim, ele vai provocar retenção de água e aumentar a pressão arterial, causando problemas cardiovasculares e renais. Ele não causa efeitos imediatos, mas traz problemas a longo prazo", diz João César Castro Soares, endocrinologista e nutrólogo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

De acordo com Soares, o sódio normalmente é adicionado aos alimentos industrializados, pois ele tem efeito bactericida, melhora o sabor e ainda ajuda a evitar que a comida se estrague.

"A adição de sódio nos alimentos está muito relacionada com o paladar dos brasileiros, pois ajuda a acentuar o sabor. Dois pedaços de pizza congelada, por exemplo, contêm a quantidade de sódio suficiente para um dia todo", diz Soares.

Sarno diz ainda que a quantidade diária de sódio na alimentação de pessoas hipertensas ou com problemas renais deve ser em torno da metade preconizada pela OMS. "O consumo recomendado é para pessoas saudáveis e não leva em consideração problemas de saúde associados. Assim, eventualmente, essa restrição do consumo deve ser ainda mais rigorosa."

Reduzir o sal

Como o sódio está presente naturalmente na composição dos alimentos, uma das formas de reduzir o consumo é evitar alimentos industrializados e não salgar a comida.

"Uma forma saudável de temperar os alimentos seria utilizar ervas frescas ou secas, cebola, cebolinha, salsinha", sugere a nutricionista Renata Padovani, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp e membro da equipe técnica da Taco.

De: Folha de S. Paulo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

SUS terá tratamento integral de câncer


Uma nova portaria do Ministério da Saúde, que deve ser publicada hoje no "Diário Oficial da União", determina que todo hospital habilitado pelo SUS para atender pacientes com câncer ofereça um tratamento integral.

Ainda é comum no país o doente ser operado de um tumor em um hospital, fazer a quimioterapia ou a radioterapia em um segundo e, se precisar de um novo cuidado (uma cirurgia plástica reconstrutora, por exemplo), ter que procurar um terceiro serviço.

"É o paciente-ioiô. Vai para um serviço, não tem vaga, vai para outro, não oferece todo tratamento. É uma tristeza", relata Henrique Prata, diretor do Hospital de Câncer de Barretos, referência nacional em atendimento do SUS. Mais da metade dos pacientes da instituição fez tratamentos incompletos em outros serviços.

"É comum a gente receber paciente que operou de um tumor de cabeça e pescoço, por exemplo, teve o maxilar retirado na cirurgia e está se alimentando por sonda porque o hospital não fez a cirurgia plástica reconstrutora", conta Prata.

Com a nova portaria, o Ministério da Saúde pretende mudar essa realidade. Para continuarem habilitados pelo SUS, os hospitais terão de oferecer atendimento integral ao paciente oncológico. O país conta com 258 instituições com esse perfil --11 foram habilitadas pela nova portaria, entre elas o Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira, em São Paulo.

Segundo Alberto Beltrame, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, o sistema anterior, que habilitava serviços isolados (só de químio ou radioterapia, por exemplo) deixava o paciente oncológico sem referência.

"Ele não era paciente de um serviço, era de vários e, no final, nenhum era responsável por ele. Agora, um único serviço ficará responsável pelo diagnóstico, tratamento e até pelo cuidado paliativo."

Ainda existem pelo menos 17 serviços isolados --de quimioterapia ou radioterapia, por exemplo-- que não conseguem oferecer uma assistência integral e, por isso, ficarão com habilitações provisórias.

Beltrame explica que, se o hospital não tiver condições de oferecer o atendimento integral em um mesmo espaço físico, o tratamento poderá ocorrer em outro local conveniado, mas a instituição continuará responsável pelo paciente. "A gente espera que isso diminua o tempo de espera para o tratamento e que melhore o prognóstico", diz ele.

Na avaliação da oncologista Nise Yamagushi, a integração dos serviços oncológicos é uma 'ótima notícia' e terá impacto positivo nas chances de cura do paciente do SUS.

Ela afirma, no entanto, ser preciso a criação de uma central reguladora de vagas oncológicas --o Ministério da Saúde diz que está estruturando esse serviço--, um treinamento permanente das equipes médicas e um maior número de vagas para a radioterapia.

Há um ano, a Folha revelou que 54 mil pessoas aguardavam na fila da radioterapia, um dos principais gargalos do atendimento oncológico no SUS. Para oncologistas, o quadro não mudou. No Hospital de Câncer de Barretos, por exemplo, há uma fila de espera de 1.200 pessoas. A demora para o tratamento chega a 120 dias.

Segundo o Ministério da Saúde, no último ano, foram incorporados dois novos serviços de radioterapia no SUS, totalizando 137. Até 2012, serão 147 serviços.

"A implantação de um novo serviço de radioterapia demanda tempo e logística complexa, não se podendo avaliar o seu impacto dentro do mesmo ano. Pela duração média dos tratamentos, é baixa a acumulação de doentes de radioterapia de um ano para outro", diz o ministério, em nota.

De: CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Cerca de 2 milhões sofrem de doença renal crônica no Brasil

Uma doença silenciosa, irreversível, progressiva e que em seu estágio inicial não possui sintomas aparentes, como dor ou outra manifestação do organismo. Assim age a doença renal crônica, que tem índice de mortalidade semelhante ao de cânceres de próstata e de colo de útero.

No mundo, estima-se que haja 500 milhões de pessoas afetadas --em países como EUA, Austrália, Japão, o índice pode chegar a 11% da população.

No Brasil, de acordo com o Datafolha, apenas três em cada dez brasileiros já fizeram exames de avaliação das funções renais.

A Sociedade Brasileira de Nefrologia estima que mais de 2 milhões de brasileiros sofram de doença renal crônica, sendo que a maioria nem sequer sabe da doença.

A progressão da falência dos rins é quase imperceptível, sem qualquer tipo de dor ou de outro sintoma de fácil identificação.

Quando eles surgem, geralmente os rins estão danificados ao extremo --algo que, em casos mais graves, exige o tratamento por meio de diálise, processo artificial que substitui a filtração dos rins.

A doença renal crônica ocorre quando os rins perdem a capacidade, parcial ou total, das funções. Eles são o filtro de toxinas na forma de creatinina e de excesso de água no organismo, que são levados à bexiga para excreção por meio da urina. Cerca de 150 litros de líquido são filtrados, diariamente, pelo aparelho renal, dos quais 148 litros são reabsorvidos.

Além disso, o órgão também trabalha no equilíbrio de eletrólitos (como o potássio, o cloro e o sódio), importantes reguladores das funções celulares. Os rins também são produtores de hormônios que controlam a produção de hemácias (glóbulos vermelhos) e mantêm os níveis normais de cálcio nos ossos e no sangue.

"É uma doença que mata tanto quanto o câncer de próstata e o de colo de útero", ressalta Hugo Abensur, nefrologista e professor da Faculdade de Medicina da USP. "A mortalidade bruta é de 14,3% nos casos de doença renal crônica." A melhor forma de prevenção da doença, segundo o especialista, é a ingestão constante de água e a prática de exercícios físicos.

Diabetes e Hipertensão

A doença renal crônica está relacionada a problemas de saúde precedentes ou a um defeito congênito. As enfermidades associadas mais comuns são a inflamação e lesão dos néfrons (unidades funcionais dos rins, que são milhares em cada órgão), diabetes e hipertensão.

"Na hipertensão, a pressão sanguínea danifica artérias e capilares, o que faz com que os vasos sanguíneos, inclusive os dos rins, percam a flexibilidade", explica Abensur. "A diabetes, por sua vez, impede absorção de açúcar, e o acúmulo de glicose no sangue faz com que vasos de todo o corpo sejam lesionados, principalmente os vasos dos rins."

Entre os casos de doença crônica dos rins, 54% dos pacientes apresentavam diabetes, 20% hipertensão e 10% possuíam inflamação renal, segundo dados do professor da USP.

Outros fatores que exigem cuidados, segundo Abensur, são o histórico de doenças cardiovasculares e a obesidade.

"Sabemos que o excesso de peso é um problema para a humanidade. Para a prevenção de doença crônica nos rins, o controle da alimentação é fundamental."


De: MARINA LANG
enviada especial da Folha Online ao Rio

quinta-feira, 12 de março de 2009

Cientistas estudam como as pessoas interpretam os sonhos


Imagine que, na noite passada, você teve dois sonhos. Em um, Deus aparece e ordena que você tire um ano para viajar pelo mundo. Em outro, Deus lhe diz para dedicar um ano trabalhando num abrigo de leprosos.

Qual desses sonhos você consideraria importante?

Agora, suponha que você tenha tido um pesadelo, no qual seu amigo o defende de seus inimigos, e outro sonho onde esse mesmo amigo age pelas suas costas e tenta seduzir sua alma-gêmea. Qual sonho você levaria a sério?

Questões difíceis, mas cientistas sociais agora têm respostas – e, sinceramente, já era tempo. Durante milhares de anos, os sonhadores tiveram como base pouco mais que a hipótese dos dois portões proposta em "A Odisséia". Depois que Penélope sonha com o retorno de seu marido, ela fica cética e diz que apenas alguns sonhos importam.

"Há dois portões", ela explica, "através dos quais essas fantasias etéreas vão adiante; um é de chifre, e o outro de marfim. Aqueles que vêm do portão de marfim são irreais, mas aqueles do portão de chifre significam algo para quem os vê."

Sua hipótese dos dois portões, posteriormente legitimada por Virgilio e Ovídio, era elegante na teoria, mas não muito útil na prática. Como você poderia dizer de qual portão veio seu sonho? O marfim de uma mulher poderia ser o chifre de outra.

A ciência entra em cena

Hoje, entretanto, podemos começar a fazer distinções, graças a uma série de estudos com mais de mil pessoas, realizada por dois psicólogos, Carey Morewedge, da Universidade Carnegie Mellon, e Michael Norton, de Harvard.

Os psicólogos começaram perguntando a estudantes de três países – Índia, Coreia do Sul e Estados Unidos – quanto significado ele davam aos sonhos. Relativamente poucos estudantes acreditavam em teorias modernas de que o sonho é simplesmente a resposta do cérebro a impulsos aleatórios, ou que se trata de um mecanismo para organizar e descartar informações. Em vez disso, a maioria nos três países acreditava, juntamente com Freud, que os sonhos revelam importantes emoções inconscientes.

Esses freudianos instintivos também consideravam os sonhos como valiosos presságios, conforme demonstrado num estudo pedindo que eles imaginassem estar prestes a sair numa viagem de avião. Se, na véspera do voo, eles sonhassem com a queda do avião, havia uma maior probabilidade de cancelarem viagem do que se vissem uma notícia sobre um desastre real na mesma rota.

No entanto, quando os pesquisadores pediram que as pessoas interpretassem sonhos, surgiram algumas correlações suspeitosamente convenientes. Quando se pediu que recordassem seus sonhos, eles atribuíram mais significado a um sonho negativo que fosse sobre alguém de quem não gostassem, e deram correspondentemente maior peso a sonhos positivos sobre seus amigos.

Uma indução similar apareceu quando foi pedido que as pessoas imaginassem ter tido diversos sonhos a respeito de um amigo ou uma divindade. As pessoas classificaram um sonho sobre um amigo as protegendo de atacantes como tendo "mais significado" que um sonho sobre seu parceiro romântico sendo beijado por esse mesmo amigo. As pessoas que acreditavam em Deus tinham maior probabilidade de ser influenciadas por aparições divinas.

Fé oculta

Entretanto, mesmo os descrentes mostraram uma fraqueza por certos sonhos celestiais, como um no qual Deus ordenava que eles dedicassem um ano para viajar pelo mundo. Agnósticos classificaram esse sonho como tendo muito mais significado que o sonho sobre Deus ordenando o trabalho junto aos leprosos. Incidentalmente, embora o termo ideal para a lepra seja agora hanseníase, a divindade no experimento usava o antigo termo bíblico.

A conveniente indução dos sonhadores é diplomaticamente definida como uma "abordagem motivada à interpretação de sonhos" por Morewedge e Norton na publicação especializada "The Journal of Personality and Social Psychology". Quando questionado se essa "abordagem motivada" também poderia afetar os pesquisadores de sonhos, Morewedge apontou à tendência de Freud de encontrar o que ele estava procurando – sexo – em seu livro "Interpretações de Sonhos".

"O próprio Freud sugeriu que os sonhos sobre voar revelavam pensamentos de desejo sexual", conta Morewedge. "Intrigantemente, no mesmo texto, Freud sugere que sonhos sobre a ausência da habilidade de voar – ou seja, sobre cair – também indicam sucumbir ao desejo sexual. Isso pode ser interpretado como evidência de que, ao interpretar seus sonhos, os cientistas são tão parciais quanto os leigos."

Curinga

Ao ver o quão flexível pode ser a interpretação dos sonhos, você entende por que ela sempre foi uma ferramenta tão popular para a tomada de decisões. Basear-se em seus sonhos para direcionamento próprio é como o ritual político de apontar uma "comissão independente" para solucionar uma questão. Você pode escapar a qualquer responsabilidade pessoal de ação enquanto finge se basear num processo imparcial, mesmo que tenha enchido a comissão com seus próprios amigos e ignore qualquer conselho que vá contra seus desejos. Trabalho beneficente, não; caipirinhas, sim.

Mesmo sem acreditar em seus próprios sonhos, a nova pesquisa sugere que você pode aprender algo dos sonhos dos outros. No Livro do Gênesis, quando o faraó fica preocupado com seus sonhos sobre gado emagrecido e espigas de milho secas, não seria ilógico para José concluir que o governante está preocupado com a possibilidade da fome. Ele teria, então, toda a motivação para interpretar o sonho de forma que o faraó criasse um novo programa de estoque de grãos – e, por que não, um novo emprego para José supervisionando isso tudo.

Fundo de verdade

Mesmo duvidando que os sonhos contenham percepções ou profecias ocultas, Morewedge e Norton apontam que os sonhos podem ser indicadores do estado emocional das pessoas, conforme mostrado pelas descobertas de outros pesquisadores sobre uma correlação entre estresse e pesadelos.

Os sonhos também podem se tornar profecias auto-realizáveis, simplesmente porque as pessoas os levam tão a sério, dizem Morewedge e Norton. Sonhos sobre infidelidade amorosa podem levar a acusações e hostilidades, que causariam uma infidelidade real.

"Quando amigos e seres amados têm sonhos perturbadores", sugere Morewedge, "alguém pode precisar de mais do que dizer, 'Foi apenas um sonho'. Também pode ser uma boa ideia não contar às pessoas sobre seu comportamento indesejável num sonho, pois elas podem inferir que o sonho revela sua verdadeira opinião a respeito delas."

O último aviso se aplica mesmo quando não-freudianos discutem sonhos. Mesmo se você não atribui grandes significados aos sonhos, mesmo se os considera alucinações aleatórias que não vêm de portões de marfim ou chifre, ou de qualquer outro lugar, você provavelmente ainda deveria prestar atenção quando, digamos, seu par romântico lhe conta um sonho em que você foi pego na cama com outra pessoa.

E, definitivamente, você deveria se preocupar quando seu amor vai adiante e menciona um segundo sonho, envolvendo uma ordem de Deus para viajar pelo mundo por um ano. Se ele for um interpretador de sonhos altamente motivado, você pode ficar sozinho em casa.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Exame de câncer de próstata em idoso pode ser desnecessário, diz estudo.


Homens acima de 75 anos podem deixar de fazer as dosagens de PSA de rotina. O exame avalia a quantidade de proteína produzida pela próstata, que, se alterada, pode indicar a presença de câncer. A sugestão vem de um estudo da Universidade Johns Hopkins (EUA), publicado na edição deste mês do "Journal of Urology".

Os pesquisadores descobriram que homens que atingem essa idade com os níveis de PSA menores do que 3 ng/ml (nanogramas por mililitros) não correm risco de morrer de câncer de próstata.

O estudo avaliou 849 homens (122 com e 727 sem câncer de próstata) que faziam teste de PSA regularmente. Os resultados mostraram que, entre os homens acima de 75 anos que tinham níveis de PSA abaixo de 3 ng/ml, nenhum morreu de câncer da próstata. Apenas um -com 2,9 de PSA- apresentou alto risco de desenvolver o tumor, mas morreu de outra causa, segundo os pesquisadores.

Já os homens de todas as idades com PSA acima de 3 ng/ml mantiveram os riscos de morrer por conta do tumor de próstata. "Esses homens [que têm PSA abaixo de 3] representam um grupo ideal para descontinuar os testes de PSA", afirmou Edward M. Schaeffer, professor da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.

Com essa estratégia, diz ele, podem-se reduzir "dramaticamente" os custos com os exames de rotina nessa população de idosos. "Além disso, evitam-se riscos de complicações com procedimentos (biopsias, por exemplo) ou tratamentos em idosos que não serão beneficiados por eles."

O urologista Miguel Srougi, professor titular da USP, afirma que a recomendação de que os homens devem dosar o PSA rotineiramente é uma verdade até um certo estágio da vida.

"Depois dos 75 anos, alguns estudos já vêm demonstrando que [o exame ou outras terapias no caso do câncer diagnosticado] não adiciona muitos anos de vida com qualidade."

Ainda assim, ele reforça que a decisão de continuar ou interromper a dosagem de rotina do PSA ou optar por cirurgias ou outros tratamentos --no caso de tumor diagnosticado-- deve ser do paciente. "É direito inegociável escolher nossos destinos. Se o paciente tem 80 anos e quer viver até os 100, ele tem esse direito", afirma.

Porém, ele concorda que, em se tratando de sistema público de saúde, a pesquisa tem maior repercussão. "Fica complicado desperdiçar dinheiro público com uma população que não será beneficiada."

No ano passado, uma decisão do Inca (Instituto Nacional de Câncer) em desaconselhar os exames de toque retal e de dosagem de PSA como rotina para diagnóstico precoce de câncer de próstata provocou polêmica.

O instituto recomendou os exames apenas para quem já apresentava sintomas da doença ou tinha histórico familiar, mas, dez dias depois, recuou e disse que a orientação estava errada. Anteontem, Luiz Antônio Santini, diretor-geral do Inca, preferiu não comentar o estudo da Johns Hopkins alegando que o desconhecia.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda exames de toque e PSA a todos os homens acima de 50 anos.

De: CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Número de pacientes em diálise sobe 84% em 8 anos.

De 2000 a 2008, o número de pacientes que fazem diálise no Brasil cresceu 84%. Os dados, de um censo feito pela SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia) com metade das 684 unidades de nefrologia do país, refletem o aumento no número de casos de doença renal crônica, decorrentes, especialmente, da maior incidência de hipertensão e diabetes.

Quando não controlados, os dois problemas danificam os vasos sanguíneos, o que é especialmente prejudicial no caso do rim, órgão filtrador.

Segundo o estudo, 87 mil pessoas fizeram o procedimento em 2008, enquanto em 2000 eram 42,7 mil. Em 35,8% dos casos, o que levou à insuficiência renal foi a hipertensão. O diabetes está em segundo lugar, com 25,7% dos casos. A glomerulonefrite (inflamação em certas estruturas renais), que já foi a principal responsável por doenças renais crônicas, aparece com 15,7%.

"Estamos ficando com um perfil semelhante ao de primeiro mundo. Devido aos hábitos de vida, as pessoas estão engordando mais e tendo esses problemas. Vivemos uma verdadeira epidemia de doença renal crônica", diz Gianna Mastroianni, nefrologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do comitê de prevenção de doenças renais da SBN.

Segundo ela, o maior acesso à diálise e ao diagnóstico de doença renal contribui para o aumento revelado pela pesquisa, mas é um fator minoritário.

Apesar do aumento no número de pacientes em diálise, muitos serviços estão sobrecarregados, o que obriga os pacientes a fazerem o procedimento longe do local onde moram ou até de madrugada.

Diagnóstico precoce

O nefrologista Emmanuel Burdmann, presidente da SBN, afirma que a detecção da doença vem aumentando ao longo dos anos, mas que o subdiagnóstico ainda é grande.

Apesar de a identificação ser feita por meio de dois exames simples --um de urina e outro que mede uma proteína chamada creatinina no sangue--, a estimativa é que haja de duas a três vezes mais casos do que os já identificados.

Amanhã, Dia Mundial do Rim, a SBN começará uma campanha nacional para incentivar o diagnóstico precoce e evitar que o paciente evolua até o último grau da doença renal crônica: a insuficiência renal, que leva à filtração por meio de diálise e ao transplante de rim. Quando identificada no início, a doença pode ser revertida.

Um dos complicadores é que o problema demora a se manifestar. "A doença renal é silenciosa, sorrateira. Quando começa a dar sinais, há pouco a ser feito", diz Burdmann. Espuma na urina, inchaço, anemia e vômitos são alguns sintomas.

Para Mastroianni, muitos médicos não incluem os exames de urina e creatinina nos check-ups porque a doença renal não era tão prevalente na época em que se formaram. "Não existe cultura de procurar doença renal no país."

A recomendação é que os exames sejam feitos principalmente por quem pertence a grupos de risco para a doença --hipertensos, diabéticos e pessoas com mais de 50 anos. Quem tem infecções urinárias de repetição também deve ficar mais atento.

"Os exames custam centavos e trazem uma relação custo-benefício gigante", diz Burdmann. O país gasta por ano R$ 2 bilhões com diálise e transplantes renais.

De: FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo

terça-feira, 10 de março de 2009

Inca implanta sistema para melhorar mamografia


O Inca (Instituto Nacional de Câncer) implanta a partir de abril um sistema que pretende melhorar a qualidade das mamografias feitas no SUS. Dados do próprio instituto indicam que até 70% dos exames feitos nos serviços credenciados pelo Ministério da Saúde têm má qualidade, o que prejudica o diagnóstico precoce do câncer.

O sistema, montado em parceria com o CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e com o apoio do Instituto Avon, vai interligar todos os serviços que fazem mamografia no país, padronizando as condutas e as metodologias.

Segundo Luiz Antônio Santini, diretor-geral do Inca, todos os laudos serão emitidos dentro dos critérios do CBR. "Sem dúvida, isso vai melhorar muito a qualidade dos exames e o diagnóstico precoce."

A melhoria das mamografias, porém, é apenas a ponta do iceberg. Um estudo do Gbecam (Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama), divulgado no sábado, mostrou que o tratamento do câncer de mama no SUS está aquém daquele oferecido pela rede privada.

O levantamento, com 4.912 mulheres com câncer de mama tratadas em 28 hospitais públicos e privados, revelou, por exemplo, que 36% das mulheres do SUS descobrem o tumor em estágio avançado, contra 16% nos serviços privados, e que, no SUS, usa-se menos antraciclinas e taxanos (drogas que aumentam as taxas de sobrevida) em relação aos privados: 13,8%, contra 23,5%.

Na rede pública, a utilização de terapias biológicas no tratamento do tumor também é mínima -56% nos privados, contra 5,6% no SUS. Hoje, sabe-se que o uso de determinados anticorpos em pacientes com tipo de câncer de mama agressivo (chamado HER2 positivo) diminui em 50% a probabilidade de recidiva do tumor.

Para Santini, do ponto de vista científico, os dados da pesquisa não são conclusivos, estão sujeitos a vieses e precisam ser confirmados por outros estudos. "Os dados são importantes, mas não representam uma verdade absoluta."

Segundo ele, o Inca está avaliando, dentro de um protocolo de estudo, a relação custo-benefício de incorporar as terapias biológicas no tratamento de pacientes com o HER2 positivo. "É um tumor que afeta uma pequena parcela de mulheres [20% das que têm câncer de mama], mas que o tratamento é caríssimo. Para nós, representa hoje o quarto maior custo com medicamentos."

Santini diz que o Brasil também participará de um estudo financiado pelo Instituto Nacional do Câncer dos EUA que avaliará novas terapias para tumores em estágio avançado.


De: CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Já ouviu falar no teste do olhinho?


O teste do olhinho permite diagnosticar um tumor que surge nos olhos até o terceiro ano de vida.

Não é de estranhar que pouca gente tenha ouvido falar na doença, afinal, ela atinge apenas 400 crianças brasileiras anualmente. Mas não é por isso que o retinoblastoma merece menos atenção. Ao contrário: perceber que o problema se instalou nos olhos do seu filho é essencial para preservar a visão dele. E não é nada complicado flagrar esse tumor, como você verá a seguir.

Antes de descobrir como diagnosticá-lo, saiba que o retinoblastoma é um tumor maligno que surge na retina – ele pode estar presente quando a criança nasce ou surgir até o terceiro ano de vida. “Após os 4 anos, o risco cai muito. São raros os casos”, ressalta Sidenei Epelman, presidente da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca).

Para detectá-lo ainda na maternidade, é importante fazer o teste do reflexo vermelho – também conhecido como teste do olhinho – logo que o bebê chega ao mundo. O médico projeta um feixe de luz sobre os olhos da criança e observa se algum empecilho bloqueia o trajeto do raio. É simples, rápido e indolor. Caso a doença se desenvolva depois de alguns meses, um exame de fundo de olho, realizado pelo oftalmologista, poderá surpreendê-la.

Mas importante mesmo é que os pais estejam atentos. É que esse câncer dá um sinal perceptível a olho nu: um reflexo branco na pupila, chamado de leucocoria, o popular olho de gato. Ele pode aparecer em um olho só ou nos dois – tirar uma fotografia da criança ajuda a enxergá-lo. “Outros sintomas que podem estar relacionados ao retinoblastoma são o estrabismo e os olhos vermelhos”, aponta Sidnei Epelman. Segundo o especialista, é preciso que os pais mantenham os olhos abertos e levem a criança ao oftalmologista. “O diagnóstico precoce pode evitar a perda da visão”, alerta.

Governo faz lista de plantas medicinais que poderão ser usadas no SUS


Relação, que conta com 71 plantas, deverá ser atualizada periodicamente.
Medicamentos são aprovados pela Anvisa.



O Ministério da Saúde elaborou uma lista com 71 plantas que poderão gerar produtos usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as plantas estão alcachofra (para ajudar na digestão) e unha-de-gato (para dores nas articulações).

Segundo reportagem da Agência Brasil, o objetivo da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus) é orientar estudos que possam subsidiar a elaboração da relação de fitoterápicos disponíveis para uso da população, com segurança e eficácia para o tratamento de determinadas doenças. A relação deverá ser revisada e atualizada periodicamente.

O SUS pretende ampliar a lista de medicamentos fitoterápicos disponíveis na assistência farmacêutica a partir deste ano. Hoje, são oferecidos fitoterápicos derivados de espinheira santa (para gastrites e úlceras) e de guaco (para tosses e gripes).

Os fitoterápicos são os medicamentos obtidos a partir de matérias-primas ativas vegetais. Os medicamentos desse tipo usados pelo SUS são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, instituído em dezembro de 2008, tem como objetivo inserir, com segurança, eficácia e qualidade, plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à Fitoterapia no SUS. O programa busca também promover e reconhecer as práticas populares e tradicionais de uso de plantas medicinais e remédios caseiros.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Checagem antes de cirurgia diminui mortalidade em 47%.


A adoção de um check-list antes das cirurgias reduz a mortalidade e as complicações pós-operatórias, revela um estudo publicado no "New England Journal of Medicine". Durante o trabalho, foram testadas 19 recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) que fazem parte de uma campanha mundial para cirurgias mais seguras.

No Brasil, ao menos 11 hospitais já adotam essas orientações-que também fazem parte das exigências para se obter o selo da Joint Commission International (JCI), entidade norte-americana que certifica serviços de saúde. O Ministério da Saúde prepara uma cartilha com as recomendações para ser distribuída nos hospitais.

A pesquisa, realizada entre outubro de 2007 e setembro de 2008, analisou dados clínicos de mais de 3.000 pacientes cirúrgicos --antes e depois da adoção das orientações da OMS-- em oito hospitais de oito cidades de diferentes países (Canadá, Índia, Jordânia, Filipinas, Nova Zelândia, Tanzânia, Inglaterra e EUA).

Após o check-list, os pesquisadores verificaram uma redução de 47% na mortalidade operatória --a taxa média era de 1,5% e caiu para 0,8%-- e de 36% nas complicações pós-operatórias --o índice médio era de 11% e caiu para 7%.

Entre as recomendações estão questões como perguntar o nome do paciente e questionar a equipe se os instrumentos necessários para o procedimento estão no centro cirúrgico.,

"As perguntas parecem muito enfadonhas e, de início, os profissionais não acreditam que elas possam fazer alguma diferença. Essa pesquisa vem provar que fazem", afirma Alexandre Siciliano, chefe da Divisão de Procedimentos Cirúrgicos do INC (Instituto Nacional de Cardiologia) e cirurgião do Hospital Pró-Cardíaco do Rio.

Há quatro meses, Siciliano ajudou a implantar o check-list no INC e agora iniciou o mesmo processo no Pró-Cardíaco. Na sua opinião, outro dado relevante da pesquisa foi mostrar que a busca por mais segurança nas cirurgias independe de recursos financeiros e tecnológicos. "Basta a conscientização dos profissionais que estão no processo de que é preciso assumir responsabilidades."

Ele relata um caso real que exemplifica a situação. Antes de uma cirurgia, ele perguntou à enfermeira se a válvula cardíaca que implantaria no paciente era mecânica. Ela disse que sim, mas, na hora de colocar o aparelho, o médico constatou que ele era de origem biológica, inadequada para o caso.

No Hospital Sírio-Libanês, onde o check-list está padronizado há dois anos, a verificação do paciente a ser operado passa por dupla checagem por meio de pulseira com código de barras colocada no braço do paciente. Os dados são checados no quarto e no centro cirúrgico por leitores ópticos.

Já o lado ou local a ser operado é marcado com uma caneta especial (cuja tinta permanece durante um tempo na pele) antes do doente ir ao centro cirúrgico, ainda acordado e com a presença do médico. "Apesar de parecer passos óbvios, é comum vermos em jornais ou revistas relatos de pacientes que fizeram cirurgias no braço direito, em vez do esquerdo, por exemplo", diz o cirurgião de cabeça e pescoço Sérgio Samir Arap, gerente médico do centro cirúrgico do Sírio-Libanês.

Segundo José Antonio de Lima, superintendente do Hospital Samaritano de São Paulo, o check-list é rotina na instituição desde 2004. Ele afirma que, nesse período, foi observada uma redução em problemas relacionados a materiais e equipamentos durante a cirurgia.

"Nos últimos cinco anos, as taxas de infecção no sítio cirúrgico são menores do 1%. Também temos 0% de queimaduras com bisturi elétrico", relata Lima.

O Hospital Albert Einstein também diz adotar o check-list como rotina desde 1999.


CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Estresse é genético?


Filho de estressado...
...estressadinho é! O comportamento típico de quem está sempre com os nervos à flor da pele pode ser determinado pelos genes. Uma boa saída é ter consciência disso e não esquentar a cabeça.



O cabelo é da mãe e os olhos, sem a menor dúvida, são do avô. Mas esse jeito meio irritadiço e ansioso com certeza ele puxou do pai. Pois é, no caldeirão de genes que se derrama, por assim dizer, da família para os descendentes, alguns ingredientes vão além das características físicas do rebento. A mistura genética determina a predisposição para desenvolver vários problemas desagradáveis da miopia ao colesterol alto e até, veja só, aspectos comportamentais, como aqueles esboçados por quem parece viver estressado por qualquer bobagem.

Mas que fique claro: "Não estamos falando aqui daquela sensação de alerta que nos prepara para reagir de pronto diante de situações de tensão ou risco uma resposta natural do organismo", explica o psiquiatra Leonardo Gama Filho, chefe do Serviço de Saúde Mental do Hospital Municipal Lourenço Jorge, no Rio de Janeiro. A história aqui é de quem fica constantemente desgastado com fatos insignificantes ou se preocupa além do normal no dia-a-dia. Pode ser mesmo uma herança maldita.

Soneca pós almoço aumenta o risco de diabetes, diz estudo.


Para pesquisa britânica, sesta atrapalha sono noturno e prejudica ação de insulina

Dormir regularmente após o almoço pode aumentar o risco de desenvolver a diabetes tipo 2, segundo estudo realizado na Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, e no Hospital de Cantão, na China.

A pesquisa, apresentada na conferência anual da organização britânica Diabetes UK, na cidade escocesa de Glasgow, analisou os hábitos de 16.480 pessoas e concluiu que as que costumavam tirar uma soneca neste horário tinham 26% mais chance de serem afetadas pela doença do que as que não dormiam.

De acordo com os cientistas, vários fatores podem estar por trás desta relação. Entre eles, estão o sono noturno perturbado e uma associação entre a soneca e a diminuição da atividade física.

Os especialistas defendem que dormir durante o dia resulta em menos horas de sono à noite, e lembram que estudos anteriores já mostraram uma relação entre o sono noturno curto e o risco para a diabetes.

Além disso, eles dizem que ao acordar de uma soneca, o organismo ativa hormônios e mecanismos que impedem a insulina de atuar com eficiência. Isso, segundo os cientistas, poderia predispor ao tipo 2 da diabetes - que se desenvolve quando a insulina produzida pelo corpo não funciona direito.

"Já sabemos que as pessoas obesas ou com excesso de peso - e que, por isso, já têm uma predisposição à diabetes tipo 2 - podem sofrer de distúrbios do sono", afirmou Iain Frame, diretor de pesquisas da Diabetes UK. "O novo estudo mostra que pode haver um novo passo na direção de explicar a relação entre os problemas de sono e a doença."

Frame, no entanto, lembra que esses fatores têm um peso menor do que outros fatores de risco já conhecidos, como a obesidade, a idade avançada e ter um histórico de diabetes na família.

A longo prazo, a diabetes pode levar a outras complicações, como doenças cardíacas, derrame, cegueira, insuficiência renal e amputação de membros.

Entre os problemas de curto prazo, estão episódios de hipoglicemia, que podem levar a desmaios e até hospitalizações se não houver tratamento.

A persistência de altos níveis de glicose no sangue também pode ser fatal se não for tratada.

Faz mal ao coração e pode até matar


Estudo mostra que, em doses elevadas,a ansiedade aumenta em até 43% o risco de um homem saudável ter um infarto.

Hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, depressão. À já extensa lista de fatores de risco para a saúde do coração, a ciência agora acrescenta mais um: o excesso de ansiedade. Um estudo da Universidade do Sul da Califórnia, divulgado na semana passada, mostrou pela primeira vez que, em altas doses e de maneira crônica, a ansiedade é suficiente para provocar infartos até mesmo em indivíduos que não pertencem a nenhum grupo de risco associado a doenças cardíacas. Morrer de ansiedade, portanto, não é apenas uma expressão: trata-se de uma possibilidade real. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam por doze anos um grupo de 735 homens saudáveis. Com idade média de 60 anos, eles tiveram seus hábitos monitorados por questionários e foram submetidos a exames médicos periódicos. A metodologia permitiu aos pesquisadores avaliar o efeito da ansiedade sobre o coração de duas formas: isoladamente e em conjunto com outras variáveis, como hábitos de comportamento e índices metabólicos. O resultado do trabalho mostrou que os indivíduos excessivamente ansiosos – com ou sem outras características que elevam a propensão a doenças cardíacas – têm entre 31% e 43% mais probabilidade de sofrer um infarto do que pessoas com um grau de aflição normal.

Quando os pesquisadores se referem a "indivíduos excessivamente ansiosos", não estão falando, evidentemente, daqueles cujos batimentos cardíacos aceleram diante da visão do ser amado ou dos que sentem os músculos tensionarem em situações de grande stress. A ansiedade exagerada é definida por um conjunto de características e comportamentos específicos que foram descritos em 1942, por um grupo de pesquisadores da Universidade de Minnesota. Eles dividiram os ansiosos em quatro grupos: fóbicos, somatizadores, psicastênicos e introvertidos. Os primeiros se caracterizam por um medo irracional e exagerado de determinados objetos ou situações. Os segundos são aqueles que, em momentos estressantes, demonstram sintomas físicos, como falta de ar, diarréia e forte taquicardia. O terceiro grupo, o dos psicastênicos, é formado por indivíduos com pensamentos obsessivos e compulsões absolutamente irracionais. O quarto grupo é o dos introvertidos – pessoas que se sentem inseguras ou extremamente desconfortáveis quando precisam interagir socialmente. Desses quatro tipos, os fóbicos são os que estão mais sujeitos a infartos, segundo o estudo da Universidade do Sul da Califórnia.

A ansiedade exagerada é um transtorno psicológico que atinge 12 milhões de brasileiros. Para os que têm propensão ao problema, especialistas recomendam terapia e atividades físicas. "As melhores são aquelas que, em vez de estimular a competição, induzem ao relaxamento e ao convívio com outras pessoas", afirma o cardiologista Ibraim Pinto. Apaziguar o coração, diz ele, ajuda a conservá-lo. O que era intuição popular ganhou o aval da medicina.

Quem corre mais riscos

A psicologia divide os indivíduos exageradamente ansiosos em quatro grupos. Ao lado, a descrição de cada um e o risco de infarto a que estão sujeitos

1º lugar
Fóbicos: sentem grande desconforto ou medo diante de determinados animais, objetos ou situações

2º lugar
Somatizadores: em situações que consideram estressantes, apresentam tensão e alterações físicas, como dor de cabeça, diarréia ou suor frio

3º lugar
Psicastênicos: têm dúvidas em excesso, pensamentos obsessivos e compulsões irracionais

4º lugar
Introvertidos: sentem grande insegurança e desconforto em situações sociais ou que envolvam interação com outras pessoas


Fonte: Pesquisa Anxiety Characteristics Independently and Prospectively Predict Myocardial Infarction in Man, da Universidade do Sul da Califórnia (2008)

Acreditar em Deus reduz ansiedade e estresse, diz estudo.


Acreditar em Deus pode ajudar a acabar com a ansiedade e reduzir o estresse, segundo um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá. A pesquisa, publicada na revista "Psychological Science", envolveu a comparação das reações cerebrais em pessoas de diferentes religiões e em ateus, quando submetidos a uma série de testes.

Segundo os cientistas, quanto mais fé os voluntários tinham, mais tranquilos eles se mostravam diante das tarefas, mesmo quando cometiam erros.

Os pesquisadores afirmam que os participantes que obtiveram melhor resultado nos testes não eram fundamentalistas, mas acreditavam que "Deus deu sentido a suas vidas".

Comparados com os ateus, eles mostraram menos atividade no chamado córtex cingulado anterior, a área do cérebro que ajuda a modificar o comportamento ao sinalizar quando são necessários mais atenção e controle, geralmente como resultado de algum acontecimento que produz ansiedade, como cometer um erro.

"Esta parte do cérebro é como um alarme que toca quando uma pessoa comete um erro ou se sente insegura", disse Michael Inzlicht, professor de psicologia e coordenador da pesquisa. "Os voluntários religiosos ou que simplesmente acreditavam em Deus mostraram muito menos atividade nesta região. Eles são muito menos ansiosos e se sentem menos estressados quando cometem um erro."

O cientista, no entanto, lembra que a ansiedade é "uma faca de dois gumes", necessária e útil em algumas situações.

"Claro que a ansiedade pode ser negativa, porque se você sofre repetidamente com o problema, pode ficar paralisado pelo medo", explicou. "Mas ela tem uma função muito útil, que é nos avisar quando estamos fazendo algo errado. Se você não se sentir ansioso com um erro, que ímpeto vai ter para mudar ou melhorar para não voltar a repetir o mesmo erro?".

Os voluntários religiosos eram cristãos, muçulmanos, hinduístas ou budistas.

Grupos ateus argumentaram que o estudo não prova que Deus existe, apenas mostra que ter uma crença é benéfico.

domingo, 8 de março de 2009

Mulheres otimistas vivem mais e com mais saúde

Os otimistas vivem mais e com mais saúde que os pessimistas, disseram pesquisadores americanos na quinta-feira, em um estudo que deve dar aos pessimistas mais uma razão para resmungar.

Os pesquisadores da Universidade de Pittsburgh examinaram as taxas de mortalidade e a incidência de doenças crônicas entre participantes do estudo Iniciativa da Saúde Feminina, que acompanha mais de 100 mil mulheres com mais de 50 anos desde 1994.

As otimistas - ou seja, aquelas que sempre esperam o melhor - tinham 14% menos probabilidade de morrer de qualquer causa do que as pessimistas, e 30% menos chance de morrer do coração, após oito anos de acompanhamento.

As otimistas também tinham menor tendência à hipertensão, à diabete e ao tabagismo.

A equipe liderada por Hilary Tindle também avaliou mulheres altamente desconfiadas de outras pessoas -um grupo que foi chamado de “cinicamente hostil”, pessoas que concordam com frases do tipo “Muitas vezes tive de receber ordens de pessoas que não sabiam tanto quanto eu” ou “É mais seguro não confiar em ninguém”.

- As mulheres cinicamente hostis tinham 16% mais probabilidade de morrer (durante o período do estudo) em comparação com as mulheres que eram menos cinicamente hostis (ou seja, que confiavam mais nas pessoas) - disse Tindle por telefone.

Essas mulheres também tinham uma propensão 23% maior de morrerem de câncer.

Tindle disse que o estudo não prova que atitudes negativas tenham efeitos negativos sobre a saúde, mas afirmou que os resultados sugerem alguma ligação.

- Acho que realmente precisamos de mais pesquisa para criar terapias que atinjam as atitudes das pessoas, para ver se elas podem ser modificadas e se tal modificação é benéfica à saúde.

E para os pessimistas que acham que não há nada a fazer, ela diz:

- Não tenho tanta certeza de que seja verdade. Simplesmente não sabemos.

Celulares de pessoal hospitalar podem ser propagadores de micróbrios

PARIS, França (AFP) - Telefones celulares pertenecentes a funcionários de hospitais têm grandes chances de estar infectados com bactérias, incluindo a resistente MRSA, o que faz dos aparelhos potenciais focos de infecções hospitalares, informa um estudo divulgado nesta sexta-feira.
Pesquisadores da Universidade Ondokuz Mayis da Turquia, coordenados por Fatma Ulger, testaram os telefones de 200 médicos e enfermeiras que trabalham em salas de cirurgia e unidades de terapia intensiva.
No total, 95% dos aparelhos estavam contaminados com pelo menos um tipo de bactéria, potencialmente capaz de causar desde leves irritações da pele a doenças fatais.
O estudo mostra que 35% estavam infectados por duas bactérias e 11% por três ou mais espécies.
O mais preocupante é que em oito aparelhos foi detectado o Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina (MRSA, na sigla em inglês), um cepa virulenta que se transformou em importante ameaça para a saúde nos centros médicos do planeta.
Somente 10% dos funcionários da área de saúde limpam com frequência os telefones, apesar da maioria seguir as normas a respeito da higiene das mãos.
"Os telefones celulares podem agir como um foco de infecções que podem, paciente a paciente, transmitir uma bactéria por um hospital", advertiram os autores.
Muitas bactérias resistentes aos medicamentos são geralmente inofensivas para as pessoas saudáveis, mas podem ser fatais para os pacientes já hospitalizados em consequência da baixa imunidade.
Os cientistas admitiram que precisam de mais estudos para confirmar os resultados, já que a pesquisa foi realizada com uma mostra relativamente pequena, mas recomenderam medidas para reduzir o risco de contaminação, especialmente a limpeza frequente dos telefones com desinfectantes a base de álcool ou o uso de materiais antibacterianos.
Os pesquisadores concordam ainda que proibir o uso dos aparelhos nos hospitais é impossível na prática, já que são utilizados em casos de emergência.
O estudo foi publicado pela BioMed Central's Annals of Clinical Microbiology and Antimicrobials.
Nos Estados Unidos, o MRSA é a causa de mais de 60% de todas as infecções hospitalares. Em 2005 infectou 94.000 pessoas, com 19.000 mortos em todo o país.