Um deficit de atenção, em vez da incapacidade de sentir emoções, pode ser o que faz os indivíduos psicopatas parecerem valentes. Trata-se de uma constatação que desafia o estereótipo comum dessas pessoas como predadores de sangue-frio.
"Muitos dos problemas deles podem ser consequência de algo que é quase como uma dificuldade de aprendizagem", afirma Joseph Newman, psicólogo da Universidade de Wisconsin-Madison que investigou como prisioneiros com personalidades com características de psicopatia reagiam quando situações de dor eram antecipadas.
Experimentos prévios sugeriram que muitas pessoas podem não sentir medo, enquanto estudos sobre imagens cerebrais encontraram anormalidades na amígdala cerebral, região que processa medos e demais emoções. Isto encorajou a percepção de que eles são "emocionalmente superficiais", afirmou Newman. "Pessoas os chamam de predadores a sangue-frio". Mas ele questionou se essa era a versão completa da história.
Narcisistas, impulsivos e cruéis
Com o intuito de entender por que pessoas se comportam desta forma, a equipe de Newman selecionou 125 prisioneiros do sexo masculino condenados por crimes sérios e com traços de personalidade pontuados como psicopatas --incluindo narcisismo, impulsividade e crueldade. Por volta de 20% deste grupo tiveram pontuações tão altas para serem descritos como psicopatas --uma proporção típica na população de criminosos, mas bem acima do 1% esperado na população em geral.
Os pesquisadores então colocaram um dispositivo que mede a intensidade das piscadas em cada prisioneiro --uma indicação da forma como sentem medo-- e posicionaram uma tela à frente deles.
Os temas de tarefas eram dados em letras verdes ou vermelhas que piscavam na tela --um choque elétrico seguia-se, algumas vezes, às letras vermelhas, mas nunca às letras verdes.
Quando instruídos a apertar botões para indicar se as letras eram verdes ou vermelhas, os indivíduos com características marcantemente psicopatas vacilaram na resposta às letras vermelhas do mesmo modo que outros presos hesitavam.
Entretanto, quanto eles foram orientados a indicar se as letras eram maiúsculas ou minúsculas, os prisioneiros psicopatas nem sequer pestanejaram ao ver as letras vermelhas, enquanto os outros presos prosseguiram antecipando o choque leve.
Isso sugere que os indivíduos psicopatas sentem medo tanto quanto qualquer outra pessoa, e só aparentam não ter medo porque têm grande dificuldade de prestar atenção em diferenciar o que é assustador e o que não é, observa o pesquisador. Newman espera que sua hipótese possa ser usada para desencorajar reincidência em crimes cometidos por psicopatas. "Eles são famosos por serem difíceis, senão impossíveis de tratar."
Donald Hands, diretor de psicologia do Departamento de Correção de Wisconsin, está trabalhando com Newman para desenvolver um programa de tratamento piloto. A lembrança aos infratores psicopatas sobre as consequências imediatas de seus atos --como estar preso e ser enviado de volta à prisão-- pode ajudar a dissuadi-los quanto à reincidência, diz ele.
A conclusão de Newman pode ajudar a persuadir também as autoridades prisionais, a fim de que tratem diferentemente os indivíduos psicopatas. "Acho que isso demonstra que há alguma humanidade ali", diz Hands. "A pesquisa contradiz a crença de que eles sejam robôs."
Relações na Igreja Sinodal: “Um lugar onde todos são bem-vindos”
-
Um novo módulo, o de relações, foi aberto na Segunda Sessão da Assembleia
Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade. Leia tudo
O post Relações na Igreja Sin...
Há 6 horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário