sexta-feira, 29 de maio de 2009

A gripe dos porcos e a mentira dos homens

O governo do México e a agroindústria procuram desmentir o óbvio: a gripe que assusta o mundo se iniciou em La Glória , distrito de Perote, a 10 quilômetros da criação de porcos das Granjas Carroll, subsidiária de poderosa multinacional do ramo, a Smithfield Foods. La Glória é uma das mais pobres povoações do país. O primeiro a contrair a enfermidade (o paciente zero, de acordo com a linguagem médica) foi o menino Edgar Hernández, de 4 anos, que conseguiu sobreviver depois de medicado. Provavelmente seu organismo tenha servido de plataforma para a combinação genética que tornaria o vírus mais poderoso. Uma gripe estranha já havia sido constatada em La Glória , em dezembro do ano passado e, em março, passou a disseminar-se rapidamente.

Os moradores de La Glória – alguns deles trabalhadores da Carroll – não têm dúvida: a fonte da enfermidade é o criatório de porcos, que produz quase 1 milhão de animais por ano. Segundo as informações, as fezes e a urina dos animais são depositadas em tanques de oxidação, a céu aberto, sobre cuja superfície densas nuvens de moscas se reproduzem. A indústria tornou infernal a vida dos moradores de La Glória , que, situados em nível inferior na encosta da serra, recebem as águas poluídas nos riachos e lençóis freáticos. A contaminação do subsolo pelos tanques já foi denunciada às autoridades, por uma agente municipal de saúde, Bertha Crisóstomo, ainda em fevereiro, quando começaram a surgir casos de gripe e diarreia na comunidade, mas de nada adiantou. Segundo o deputado Atanásio Duran, as Granjas Carroll haviam sido expulsas da Virgínia e da Carolina do Norte por danos ambientais. Dentro das normas do Nafta, puderam transferir-se, em 1994, para Perote, com o apoio do governo mexicano. Pelo tratado, a empresa norte-americana não está sujeita ao controle das autoridades do país. É o drama dos países dominados pelo neoliberalismo: sempre aceitam a podridão que mata.

O episódio conduz a algumas reflexões sobre o sistema agroindustrial moderno. Como a finalidade das empresas é o lucro, todas as suas operações, incluídas as de natureza política, se subordinam a essa razão. A concentração da indústria de alimentos, com a criação e o abate de animais em grande escala, mesmo quando acompanhada de todos os cuidados, é ameaça permanente aos trabalhadores e aos vizinhos. A criação em pequena escala – no nível da exploração familiar – tem, entre outras vantagens, a de limitar os possíveis casos de enfermidade, com a eliminação imediata do foco.

Os animais são alimentados com rações que levam 17% de farinha de peixe, conforme a Organic Consumers Association, dos Estados Unidos, embora os porcos não comam peixe na natureza. De acordo com outras fontes, os animais são vacinados, tratados preventivamente com antibióticos e antivirais, submetidos a hormônios e mutações genéticas, o que também explica sua resistência a alguns agentes infecciosos. Assim sendo, tornam-se hospedeiros que podem transmitir os vírus aos seres humanos, como ocorreu no México, segundo supõem as autoridades sanitárias.

As Granjas Carroll – como ocorre em outras latitudes e com empresas de todos os tipos – mantêm uma fundação social na região, em que aplicam parcela ínfima de seus lucros. É o imposto da hipocrisia. Assim, esses capitalistas engambelam a opinião pública e neutralizam a oposição da comunidade. A ação social deve ser do Estado, custeada com os recursos tributários justos. O que tem ocorrido é o contrário disso: os Estados subsidiam grandes empresas, e estas atribuem migalhas à mal chamada "ação social". Quando acusadas de violar as leis, as empresas se justificam – como ocorre, no Brasil, com a Daslu – argumentando que custeiam os estudos de uma dezena de crianças, distribuem uma centena de cestas básicas e mantêm uma quadra de vôlei nas vizinhanças.

O governo mexicano pressionou, e a Organização Mundial da Saúde concordou em mudar o nome da gripe suína para Gripe-A. Ao retirar o adjetivo que identificava sua etiologia, ocultou a informação a que os povos têm direito. A doença foi diagnosticada em um menino de La Glória , ao lado das águas infectadas pelas Granjas Carroll, empresa norte-americana criadora de porcos, e no exame se encontrou a cepa da gripe suína. O resto, pelo que se sabe até agora, é o conluio entre o governo conservador do México e as Granjas Carroll – com a cumplicidade da OMS.

sábado, 23 de maio de 2009

Curativo "high-tech" trata leishmaniose


Plástico, água, radiação e o antimoniato. Com todo esses ingredientes dosados de forma precisa no laboratório, uma equipe do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) desenvolveu um curativo inteligente para tratar a leishmaniose cutânea, doença causada por um protozoário e que afeta 18 mil pessoas por ano no Brasil.

O produto, que será testado em animais nos próximos meses, usa a mesma droga já aplicada contra as feridas causadas pela leishmania hoje em dia. Mas ele tem uma vantagem importante em relação ao tratamento convencional, dizem os autores da pesquisa: em forma de hidrogel, ele tem liberação controlada na pele do paciente.

"O antimoniato hoje é injetável. E tem efeitos colaterais importantes. Com o curativo, a droga será liberada de forma lenta e gradual, no prazo de dias", diz Duclerc Parra, pesquisadora do Centro de Química e Meio Ambiente do Ipen.

O salto técnico incorporado ao produto, diz Parra, é a mistura de ingredientes presentes no gel. Quase tudo no curativo --92%-- é água contendo a droga. Os outros 8% são formados por material plástico.

Mas o polímero, quando recebe radiação gama por meio de uma fonte de cobalto, altera suas propriedades físico-químicas. "Ocorre a formação de uma rede em três dimensões na escala nanométrica", diz a química Maria José de Oliveira, outra autora do estudo.

Exatamente nessa rede imperceptível a olho nu o antimoniato e a água ficam retidos. Os testes feitos em laboratório mostraram com exatidão qual deve ser a mistura dos ingredientes do gel para que a droga seja liberada pela água em doses controladas. A radiação usada no processo, diz a dupla, ainda esteriliza o curativo.

Quando o produto estiver no mercado, diz Parra, a qualidade de vida de quem tem leishmaniose poderá melhorar.

A Leishmania, após ser inoculada pelo mosquito-palha nos seres humanos, além de causar feridas na pele- a versão cutânea da doença-, pode alojar-se em órgãos como o fígado (causando a leishmaniose visceral). Essa segunda versão da doença pode matar.

Dupla ação

O medicamento presente no gel, diz a dupla de cientistas, vai agir sobre os parasitas de duas formas. Além de forma tópica, matando os protozoários que estiverem na própria ferida, ele também chegará às demais regiões do corpo quando entrar na corrente sanguínea.

De acordo com as pesquisadoras, o fato de os géis receberem radiação gama não gera nenhum risco para as pessoas que, no futuro, receberem seus tratamentos via curativos.

Dentro do Ipen, a linha de pesquisa para imobilizar certas drogas em membranas plásticas também caminha em outras direções, diz Parra.

Projetos de pesquisa semelhantes ao da leishmaniose existem para o tratamento de glaucoma e também para a aplicação de cosméticos.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Câncer de mama aos dez anos surpreende médicos


O caso da menina americana que teve um câncer de mama diagnosticado aos dez anos acendeu o debate sobre o surgimento desses tumores em idade precoce. Se por um lado há uma unanimidade de que eles são raros --incidência de praticamente 0%, segundo a literatura médica--, por outro servem de alerta para o surgimento do câncer em uma faixa etária que ninguém espera.

Carrie, mãe de Hannah Powell-Auslam, da Califórnia (EUA), encontrou um caroço embaixo do braço da filha no mês passado, quando a ajudava a se vestir. Levou-a ao médico, que diagnosticou um carcinoma secretório invasivo.

No início deste mês, a menina passou por mastectomia (retirada da mama), mas o câncer se espalhou e ela terá que passar por outra cirurgia ou por radioterapia, segundo a mãe.

Em 2008, o Registro Hospitalar de Câncer (RHC), da Fundação Oncocentro de São Paulo, registrou quatro casos de crianças, com até cinco anos de idade, que apresentaram tumores de mama, provavelmente de tecidos mesenquimais (ossos, cartilagem e músculo, por exemplo). Esse tipo de tumor pode surgir em outras regiões do corpo, segundo os médicos.

Já o tipo de câncer de Hannah, carcinoma, é de origem epitelial (ductos e lóbulos da mama) e característico de mulheres mais velhas. Não há registro no Brasil desse tipo de câncer na infância.

"É uma curiosidade médica, que não justifica nenhum alarde, muito menos pensar em mamografia para as meninas. 99,9% dos pediatras jamais vão ver um caso desses", afirma o mastologista Sergio Simon, do hospital Albert Einstein.

Para o mastologista José Luiz Bevilacqua, do Hospital Sírio-Libanês, casos de carcinoma na infância são "raríssimos". "Nessa faixa etária [até dez anos], quase não há tecido mamário. Mas o fato de o tumor ser raro não quer dizer que ele não possa existir. Por isso, é importante procurar um médico diante de alguma alteração."

O mastologista Luiz Henrique Gebrin, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor do Hospital Pérola Byington, também diz desconhecer casos de carcinomas de mama em crianças. Já entre adolescentes, na faixa etária entre 13 e 16 anos, o Pérola Byngton tem registrado dois casos por ano, diz Gebrin.

Um estudo do Gbecam (Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama), feito nos anos de 2001 e 2006, encontrou dois casos de câncer de mama em pacientes de 16 anos.

Segundo Gebrin, em 95% desses casos, as adolescentes apresentavam nódulos palpáveis. "Não sabemos o motivo. Nesses casos, não há histórico familiar da doença nem uso de pílula anticoncepcional [fatores de risco para o câncer]."

Por serem incomuns nessa faixa etária, a tendência é que esses tumores sejam descobertos em estágio mais avançado. "Ninguém imagina que possa ser um câncer, e isso retarda o diagnóstico. São exceções, mas o médico tem que saber que isso pode acontecer e encaminhar o caso para um especialista investigar", diz Gebrin.

Segundo os médicos, os pais não precisam ficar alarmados diante de alguma alteração nas mamas de suas filhas, mas é recomendável procurar orientação médica. "Não basta ficar olhando", diz Bevilacqua.

A partir dos nove anos, as meninas podem desenvolver nódulos sensíveis abaixo de um ou dos dois mamilos. São protuberâncias mamárias e um dos primeiros sinais do início da puberdade. Eles tendem a desaparecer em um período de seis meses a um ano.

Quando os mamilos começam a aparecer, a menina também pode sentir dor ou perceber uma assimetria das mamas, o que é normal.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sete dores que não devem ser menosprezadas

Levante a mão quem nunca se automedicou por causa de uma dor. É corriqueiro achar que ela é um mal passageiro, entupir-se de analgésico e esperar até ela se tornar insuportável para ir ao médico. Estudos indicam que 64% dos brasileiros tentam se livrar da sensação dolorosa sem procurar ajuda. Foi assim com a auxiliar de dentista Antônia Sueli Ferreira, 45 anos, de São Paulo. “Tomei muito remédio durante três meses por causa de cólicas fortíssimas e do que parecia ser uma lombalgia. Só depois fui ao médico. E então descobri que tinha um câncer colorretal. Tive de ser submetida às pressas a uma cirurgia. Por sorte, estou bem”, conta. Segundo o cirurgião Heinz Konrad, do Centro para Tratamento da Dor Crônica, em São Paulo, “a dor é um mecanismo de proteção que avisa quando algo nocivo está acontecendo”. A origem do malestar? Eis a questão — e, para ela, precisamos ter sempre uma resposta. “Na dúvida, toda dor precisa ser checada, ainda mais aquela que você nunca sentiu igual”, aconselha o cardiologista Paulo Bezerra, do Hospital Santa Cruz, em Curitiba. Aqui, selecionamos sete dores que você nunca deve ignorar.

Dor de cabeça
Dos 10 aos 50 anos, ela geralmente é causada por alterações na visão ou nos hormônios — esta, mais comum entre as mulheres. E esses são justamente os casos em que a automedicação aumenta o tormento. “Isso porque, quando mal usado, o analgésico transforma uma dorzinha esporádica em diária”, avisa o neurocirurgião José Oswaldo de Oliveira Júnior, chefe da Central da Dor do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. Acima dos 50 anos, as dores de cabeça merecem ainda mais atenção: é que podem estar relacionadas à hipertensão.

Dor de garganta
Costuma ser causada pela amigdalite de origem bacteriana ou viral. “Se não for tratada, a amigdalite bacteriana pode exigir até cirurgia”, alerta o otorrinolaringologista Marcelo Alfredo, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, na Grande São Paulo. A do tipo viral baixa a imunidade e, em 10% dos casos, vira bacteriana. Portanto, pare de banalizar essa dor. Se ela parece nunca ir embora, abra os olhos: certos tumores no pescoço também incomodam e podem ser confundidos, pelos leigos, como simples infecções.

Dor no peito
“Quando o coração padece, a dor é capaz de se espalhar na direção do estômago, do maxilar inferior, das costas e dos braços”, descreve o cardiologista Paulo Bezerra. Em geral, isso acontece quando o músculo cardíaco recebe menos sangue devido a um entupimento das artérias. “A sensação no peito é como a de um dedo apertado por um elástico. E piora com o estresse e o esforço físico”, explica Bezerra. Não dá para marcar bobeira em casos assim: o rápido diagnóstico pode salvar a vida.

Dor nas pernas
Muita gente não hesita em culpar as varizes — às vezes injustamente. “A causa pode ser outra”, avisa a fisiatra Lin Tchia Yeng, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Uma artrose, por exemplo, provoca fortes dores nos pés e nos joelhos. Se não for tratada, piora até um ponto quase sem retorno. “Em outros indivíduos a dor vem das pisadas”, explica Lin. “É quando há um erro na posição dos pés ou se usam calçados inadequados.” Sem contar doenças como hipotireoidismo e diabete, que afetam a circulação nos membros. “Há medicamentos específicos para resolver a dor nesses casos”, diz a reumatologista Solange Mandeli da Cunha, do Centro de Funcionalidade da Dor, em São Paulo.

Dor abdominal
Uma dica: o importante é saber onde começa. Uma inflamação da vesícula biliar começa no lado direito da barriga, mas tende a se irradiar para as costas e os ombros. Contar esse trajeto ao médico faz diferença. “Se a pessoa não for socorrida, podem surgir perfurações nessa bolsa que guarda a bile fabricada no fígado”, diz o cirurgião Heinz Konrad. Nas mulheres, cólicas constantes — insuportáveis no período menstrual — levantam a suspeita de uma endometriose, quando o revestimento interno do útero cresce e invade outros órgãos. “Uma em cada dez mulheres que vivem sentindo dor no abdômen tem essa doença”, calcula a anestesiologista Fabíola Peixoto Minson, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Dor nas costas
A má postura e o esforço físico podem machucar a coluna lombar. “É uma dor diária, causada pelo desgaste físico e pelo sedentarismo”, diz o geriatra Alexandre Leopold Busse, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Conviver com o tormento? Essa é a pior saída. A dor nas costas, além de minar a qualidade de vida, pode escamotear o câncer no pâncreas também. “No caso desse tumor, surge uma dor lenta e progressiva”, ensina a fisiatra Lin Tchia Yeng. Por precaução, aprenda que a dor nas costas que não some em dois dias sempre é motivo de visitar o médico.


Dor no corpo

Se ele vive moído, atenção às suas emoções. A depressão, por exemplo, não raro desencadeia um mal-estar que vai da cabeça aos pés. “O que dá as caras no físico é o resultado da dor psicológica”, diz Alaide Degani de Cantone, coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde, em São Paulo. “Quem tem dores constantes aparentemente sem causa e que vive triste, pessimista, sem ver prazer nas coisas nem conseguir se concentrar direito pode apostar em problemas de ordem emocional”, opina o psiquiatra Miguel Roberto Jorge, da Universidade Federal de São Paulo. E, claro, essas dores que no fundo são da alma também precisam de alívio.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Essa é a nossa realidade!

Ontem, no meu local de trabalho, assisti a seguinte cena. Uma jovem gestante, que estava toda feliz e orgulhosa porque o seu parto está marcado para esta sexta feira, foi no laboratório buscar o exame de sangue do seu marido. Por coincidência eu estava no laboratório no momento, e vi quando a resposável técnica por ele pediu para ter uma conversa a sós com a paciente. O exame de HIV do marido dera positivo. Confesso que passei o restante do dia e da noite pensando na mulher. Me perguntava como foi a reaçao dela? Como foi quando ela chegou em casa? Como ela deu a noticia pro marido? Será que ele já sabia? E o bebê? E os exames de pré-natal? Um turbilhão de perguntas passava pela minha cabeça.
Essa realidade é muito mais presente do que imaginamos! Quantas esposas e maridos descobrem que o seu (sua) conjuge transmitiu o vírus a ela? Chega a me dar medo.
Temos aquele estereótipo de que os portadores do vírus de HIV são somente os homossexuais, profissionais do sexo e usuários de droga. Mas a verdade é que cada dia mais os(as) casados(as) estão fazendo parte desta estatística!
Precisamos fazer uma campanha diária para o uso de preservativo! Independente do tipo de relação que os nossos pacientes e conhecidos tenham!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mãe de gêmeos tem mais depressão

Grávidas de múltiplos têm 43% mais risco de sofrer de depressão pós-parto, diz um estudo publicado na edição de abril da "Pediatrics", revista da Academia Americana de Pediatria. Foram avaliados dados de 8.069 americanas, excluindo variáveis como características socioeconômicas e demográficas, que podem influenciar na incidência do transtorno.

Ainda não se conhecem os mecanismos neurológicos e hormonais que levariam a esse maior risco, mas o estresse causado pela responsabilidade de cuidar de vários bebês ao mesmo tempo foi apontado como a causa primária pelos pesquisadores. Sabe-se que o estresse é um dos principais gatilhos para a depressão feminina.

"Toda gestação de múltiplos é uma gestação mais complexa, pois os bebês podem nascer prematuros e exigir mais cuidados. Isso causa uma ansiedade muito grande", afirma Joel Rennó Jr., diretor do programa de saúde mental da mulher do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).

A prematuridade é um fator de risco para depressão, pois o bebê requer cuidados especiais e, dependendo de sua maturidade, tem mais chances de sequelas ou morte, o que torna a mãe mais vulnerável e ansiosa. E, no caso de gravidez múltipla, os riscos de antecipação do parto são maiores.

Apesar de não ser definido seu mecanismo de ação, outro fator já relacionado à depressão pós-parto é a cesariana, que ocorre frequentemente em gestações de mais de um bebê.

A gestação de múltiplos se tornou mais frequente com o aumento da busca por reprodução assistida. Segundo dados do Ministério da Saúde, ocorrem no Brasil em média 55 mil gravidezes de múltiplos por ano.

O processo da fertilização in vitro também é associado ao maior risco de depressão. As altas doses de hormônios podem alterar o humor, e as expectativas com o tratamento geram ansiedade. "Nesse caso, antes da concepção o quadro de estresse já é elevado e, mesmo com a boa notícia da gravidez, há todas as preocupações pertinentes, como risco de aborto, e as expectativas", diz Rennó.

Sintomas

A depressão pós-parto atinge de 15% a 20% das mulheres de países em desenvolvimento, caso do Brasil, e deve ser tratada precocemente. A gestante deve estar atenta às mudanças de comportamento durante a gravidez, que podem ser indicativos de que algo não vai bem.

"Compete a nós, obstetras, fazer um trabalho preventivo, para evitar que aquela tristeza materna se transforme em algo mais sério", afirma o ginecologista e obstetra Cláudio Basbaum, do Hospital São Luiz, em São Paulo. Além da depressão, um quadro suspeito pode evoluir para ansiedade, síndrome do pânico e transtorno obsessivo-compulsivo.

Embora especialistas relatem que as mulheres geralmente se sentem cansadas, mais sensíveis e melancólicas após o parto, é preciso observar se alguns sinais se repetem com frequência, por mais de duas semanas, e comunicar o ginecologista caso haja dúvidas. "Os pacientes não querem falar em psiquiatra. Há gestações bastante complicadas do ponto de vista psicológico, mas as pessoas não querem passar a ideia de que a gravidez pode ser algo patológico. É preciso estar preparado para uma intervenção precoce", acrescenta Rennó.

domingo, 10 de maio de 2009

Produção científica cresce 56% no Brasil

De 2007 para 2008, a produção científica brasileira cresceu 56% e o país passou da 15ª para a 13ª colocação no ranking mundial de artigos publicados em revistas especializadas.

No entanto, a qualidade dessa produção --medida pelo número de citações que um artigo gera após ser publicado- -continua abaixo da média mundial.

Os dados que mostram o crescimento da produção científica brasileira foram divulgados ontem pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, em evento na Academia Brasileira de Ciências no Rio, e foram produzidos a partir da base de dados Thomson-ISI.

Já a informação sobre o impacto da produção acadêmica brasileira consta do site do instituto Thomson Reuters. Os dados mais recentes foram divulgados no dia 3 deste mês.

No aspecto quantitativo, o Brasil foi o país que mais cresceu na lista das 20 nações com mais artigos publicados em periódicos científicos indexados pelo ISI. Em 2008, 30.145 artigos de instituições brasileiras foram aceitos nessas publicações. Em 2007, esse número era de 19.436.

Com o crescimento, o Brasil ultrapassou Rússia e Holanda no ranking. Esses 30 mil artigos representam 2,12% da produção mundial.

Já a dimensão qualitativa --pesquisada entre 2003 e 2007, intervalo maior de tempo para captar melhor o número de citações a um artigo em outros textos acadêmicos-- mostra que a área em que o Brasil mais se aproxima da média mundial de citações é matemática, em que cada texto mereceu 1,28 citação, 11% abaixo da média mundial, de 1,44.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, considerou "alvissareiro" o crescimento brasileiro e disse que isso reflete o aumento do fomento à pesquisa no país.

"Estar em 13º é muito bom. Estamos colados, por exemplo, na Coreia do Sul. Claro que nossa população é muito maior, mas também é verdade que os sul-coreanos investiram brutalmente em pesquisa nos últimos anos. Se continuarmos nesta marcha, estaremos bem", afirmou Palis.

Ele explica que uma das razões que contribuíram para o Brasil ultrapassar a Rússia foi o fato de este país ter perdido excelentes pesquisadores para os países ocidentais.

O especialista em cienciometria (que estuda a produtividade em pesquisa) Rogerio Meneghini foi cauteloso na análise do crescimento brasileiro.

Para ele é importante analisar não apenas o número de artigos publicados, mas também sua repercussão. Ele lembra também que, mesmo no caso da base Thomson-ISI, há revistas com níveis de qualidade que variam bastante.

Para o ministro da Educação, contribuiu para esse resultado o aumento do número de mestres e doutores no Brasil, que saiu de 13,5 mil para 40,6 mil de 1996 a 2007 --e o crescimento das bolsas concedidas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), de 19 mil para 41 mil no mesmo período.

"Estamos vivendo um momento em que foi possível aumentar em mais de 50% a produção brasileira. Isso aconteceu graças ao trabalho do MEC e do Ministério de Ciência e Tecnologia", disse Haddad.

Para o presidente da Capes, Jorge Guimarães, é preciso ter em consideração que a repercussão de um artigo leva mais tempo para ser captada. "Um artigo publicado em 2008 ainda não está sendo citado. Isso vale para nós e para todos os países. Para medir o impacto, é preciso olhar mais para trás."

Além disso, diz, países desenvolvidos levam vantagem por terem mais tradição no meio científico e pelo fato de seus pesquisadores participarem de um número muito maior de congressos internacionais, o que aumenta a visibilidade dos artigos publicados.

Guimarães admite, no entanto, que é preciso melhorar também nesse aspecto. "Também estamos crescendo no número de citações, mas não com a mesma velocidade."

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Resolução da Anvisa autoriza produção de vacina contra gripe suína

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicará na quinta-feira (7) no "Diário Oficial da União" uma resolução que autoriza a fabricação, distribuição e comercialização da vacina contra a gripe suína, denominada A (H1N1).

Segundo a agência, essa autorização irá dar mais agilidade e eliminar burocracias para a produção da vacina. Até a tarde de ontem, o Ministério da Saúde acompanhava 28 casos suspeitos e 28 pessoas com sintomas, mas que não estiveram em países com casos confirmados. Outros 73 casos haviam sido descartados.

A resolução foi aprovada nesta terça-feira (5) pela Diretoria Colegiada da agência. Segundo a resolução, a fabricação só poderá ser feita por empresas que detiverem o registro no Brasil e possuir fábricas em território nacional.

Para pleitearem a produção da vacina, os laboratórios devem possuir registro de vacina contra outros tipos de influenza e já ter autorização da Anvisa para isso.

Assim que o laboratório receber a cepa, deverá comunicar imediatamente a agência. Aí é que se encontra o maior problema. Dos sete laboratórios habilitados pela Anvisa no país -- Blaüsiegel, Glaxo SmithKline Brasil, Meizler Biopharma, Sanofi Pasteur, Solvay Farma, Cristália, e o único público da lista, o Instituto Butantan--, nenhum recebeu a cepa e ainda não há uma previsão de quando isso ocorrerá.

Segundo o diretor da Fundação Butantan, Isaias Raw, a vacina não estará disponível à população em menos de seis meses.

Nem mesmo os kits para detectar a doença foram recebidos.

A assessoria de imprensa da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) informou que os testes saíram dos EUA na noite de segunda (4) e que a previsão era que eles chegassem ao Brasil até a meia-noite de ontem. Procourada hoje, a Opas não soube dizer se de fato já havia recebido os kits e quantos seriam recebidos pelo país.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mulheres brasileiras sofrem com desinformação sobre câncer de mama

Fiquei chocada com esta noticia. É incrivel a estatistica desta pesquisa. Apesar de toda a publicação da mídia e da Educação em Saúde que nós, profissionais de saúde, fazemos diariamente, é insuficiente para fazer com que a população feminina realize os exames necessários para um diagnóstico precoce do câncer de mama e posteriormente o seu tratamento.
Segue a noticia:

O surto do novo tipo de vírus influenza dominou o noticiário na semana passada, com certeza um tema que preocupa a todos. Mas no dia 29 de abril entrou em vigor uma lei que obriga o Sistema Único de Saúde a oferecer o exame de mamografia às mulheres com mais de 40 anos. Infelizmente, no mesmo dia, ficamos sabendo que as mulheres brasileiras acreditam estar informadas sobre a o câncer de mama, mas a realidade é bem diferente.

Segundo uma pesquisa realizada em cinco capitais brasileiras, 47% das mulheres entrevistadas ainda relacionam a doença a problemas emocionais e estresse, contrariando as evidências científicas. O câncer de mama está relacionado a histórico de câncer de mama na família, menopausa tardia, reposição hormonal, consumo de álcool, obesidade e não ter filhos.

O oncologista Sérgio Simon, do Hospital Albert Einstein, que coordenou a pesquisa, patrocinada pelo laboratório Pfizer, demonstra a relação que as brasileiras tem o câncer de mama. Das entrevistadas, somente 29% fazem mamografia quando o médico indica o exame. A conseqüência disso é um índice de 10% de detecção precoce, na qual o tumor teria maior chance de cura, poupando as pacientes de cirurgias mutiladoras e sofrimentos maiores no tratamento.

Estima-se que cerca de 400 mil mulheres têm câncer de mama no país, e esse é o tumor maligno que mais mata no sexo feminino. O conhecimento dos fatores de risco e a realização de exames periodicamente podem diminuir o impacto dessa doença no Brasil.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Síndrome do Esgotamento Profissional

Estafa profissional, muita gente já passou por isso no ambiente de trabalho. Geralmente tudo indica que a pessoa está com estresse ou depressão ocupacional por não dar conta de tantas tarefas.

Mas não confunda. Muitas vezes, a falta de vontade de ir ao trabalho, o cansaço ou até o mau humor podem ser indícios de outro mal, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional. Como o próprio nome diz, a palavra inglesa é a união de burn (queima) e out (exterior), identificada principalmente pelo comportamento agressivo.

“Estresse pode acometer um indivíduo em qualquer lugar, no seu meio familiar, social e profissional, mas o burnout é um estresse que advém do próprio trabalho. É uma doença tipicamente laboral. A pessoa não consegue mais suportar trabalhar num determinado lugar, com determinadas pessoas, ou porque teve uma discussão com um chefe ou colega de trabalho ou por ter que cumprir metas muito altas em curto espaço de tempo ou por trabalhar em lugares perigosos ou insalubres”, explica a psicóloga Maria Fernanda Marcondes, que ministra palestras sobre o assunto em empresas.

O Isma-Br (International Stress Management Association) calcula que no Brasil 30% dos trabalhadores são portadores da síndrome. No consultório de Maria Fernanda há vários colaboradores de empresas que muitas vezes chegam por lá bastante estressados e muito próximos de estarem com a doença. “Quando o indivíduo não consegue mais ir ao trabalho, quando está exausto emocionalmente e se sente um fracassado profissionalmente, é sim necessária a terapia e a medicação”, alerta.

Para se ter uma idéia, em países como os Estados Unidos, a síndrome já é considerada como caso de saúde pública. Mas como muitos brasileiros a desconhecem, o afastamento do trabalho geralmente é justificado por outros motivos, como depressão, ansiedade e, principalmente, Síndrome do Pânico. “Esta muito comum vir o Burnout”, acrescenta.

Conforme a psicóloga, em muitos casos o próprio funcionário acaba pedindo demissão por não aguentar as pressões da rotina de trabalho. Para evitar situações como essa, ela afirma que o mais correto seria ter um psicólogo que monitorasse os colaboradores dentro das empresas.

“Como isso ainda não acontece, o jeito é se prevenir. Quando possível evitar o excesso de trabalho e sempre ter hábitos saudáveis. E também controlá-la, caso a doença se instale”, completa.