quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Para nascer na hora certa


Uma das utopias dos obstetras é descobrir um jeito extremamente eficaz de predizer se a criança deixará o ventre materno antes do momento esperado. Esse sonho, compartilhado pelos futuros pais, instiga os cientistas a investigar métodos mais aptos a profetizar o término exato da gravidez e acertar em cheio a data do nascimento.

Com essa informação em mãos, seria possível acompanhar a gestação com cautela e, quando necessário, dispor de medidas terapêuticas com o objetivo de postergar a chegada do pequeno. Isso porque os especialistas estão cansados de saber que o fruto de um parto precoce, aquele que se antecipa à 37a semana, costuma sofrer para ingressar no mundo pósbarriga. “A prematuridade é a principal causa de morte e complicações dos recém-nascidos”, afirma o obstetra Roberto Bittar, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Nesse cenário, a ideia de pesquisadores sediados em Gotemburgo, na Suécia, foi analisar um painel de proteínas encontradas no colo do útero e no líquido amniótico que acusam se a gestação se encerrará antes dos nove meses. Em um trabalho publicado no periódico do Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, eles mostraram, após avaliar 89 mulheres, que o teste de rastreamento dessas substâncias teria uma eficiência de 90%. Quando o resultado é positivo, há razões suficientes para os especialistas interferirem para segurar os eventuais bebês apressados.

A identificação desses marcadores de risco abre caminho a um exame ainda mais preciso para o pré-natal. Talvez nem todas as gestantes necessitem se submeter a ele um dia — que seja útil apenas às pacientes de risco. “Tudo vai depender do custo/benefício”, opina o obstetra Tenílson Amaral Oliveira, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. A vantagem seria apontar com maior precisão, entre aquelas em pretenso trabalho de parto, quem, de fato, vai dar à luz mais cedo.

Já na Inglaterra, cientistas do Imperial College London desvendaram uma proteína-chave no desenrolar desse quadro. Eles notaram que a substância comanda um processo inflamatório responsável por contrações anormais do útero. E conseguiram brecar, em laboratório, as reações disparadas por ela. Até que o mesmo resultado se concretize no corpo feminino, há alguns anos pela frente. O desafio não é pequeno devido à complexidade do assunto. “Ainda estamos longe de saber tudo o que está relacionado ao trabalho de parto prematuro”, diz Bittar.

Embora a maioria dos partos prematuros seja espontânea, uma parcela é induzida pelos próprios especialistas. “Em 25% dos casos o médico opta por interromper a gestação antes dos nove meses”, estima Bittar. “É uma prematuridade terapêutica, porque o objetivo, aí, é salvar a vida da criança”, justifica o obstetra Soubhi Kahhale, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

O procedimento, também adotado se a gravidez oferece perigo à mãe, entra em cena quando uma doença materna impõe sofrimento ao pequeno. “A hipertensão, por exemplo, dificulta o fluxo sanguíneo para o feto, diminuindo o fornecimento de oxigênio e nutrientes e oferecendo até ameaça de morte”, explica o obstetra Olimpio Barbosa de Moraes Filho, da Universidade de Pernambuco.

Por isso, é imprescindível escoltar a gestação e suspeitar do que interfere em seu desfecho precoce — espontâneo ou não. Afora o acompanhamento clínico, hoje existem dois exames que visualizam o adiantamento da cegonha. Esses métodos costumam ser preconizados, a partir da 22a semana, a gestantes de risco, que já tiveram partos prematuros ou com dores e contrações intensas. O primeiro se vale de um ultrassom para medir o colo do útero. “Quanto menor o tamanho, maior a chance de um parto prematuro”, resume Tenílson Oliveira.

E o segundo é a dosagem de fibronectina, uma proteína coletada na vagina que indica a probabilidade de um nascimento ser capaz de furar o calendário. Normalmente, esse dedo-duro fica colado à membrana que recobre o feto. “Quando ela começa a desgrudar por causa das contrações, a fibronectina se desprende em direção à vagina”, explica Oliveira. “Se o resultado do teste for negativo, a chance de a paciente ter parto prematuro é menor que 1%”, conta Bittar. O problema é a situação inversa. “O exame resulta em muitos falsos positivos. Metade das mulheres com uma resposta afirmativa não enfrentará um parto antes da hora”, reconhece Tenílson. Ainda assim, por precaução, a presença da tal proteína sugere um cuidado redobrado com a grávida, que, se preciso, deve ser hospitalizada.

Outra medida revolucionária na prevenção do parto precoce foi introduzida por uma equipe do Hospital das Clínicas paulistano há seis anos. Ela provou que o uso de progesterona natural, o hormônio que mantém a gestação, é uma estratégia segura e eficiente para prolongar a estada do bebê no útero. “A progesterona reduz em 50% o risco de prematuridade em mulheres com histórico do problema”, diz Bittar, que orientou os estudos. Ela deve ser aplicada diariamente na forma de uma cápsula introduzida na vagina. “Utilizado entre a 16a e a 36a semanas de gestação, o hormônio diminui as contrações do útero e é um anti-inflamatório local.”

Quando há fortes indícios de que o novo integrante da família chegará com antecedência, os médicos também lançam mão de recursos que visam ao menos adiar em até algumas semanas o fim da gravidez. “Hoje há drogas inibidoras de contração sem os efeitos colaterais do passado”, diz Kahhale. Sem falar em tratamentos que garantem o melhor desenvolvimento da criança. Tanto esforço faz sentido. “A melhor UTI neonatal é o ventre materno, desde que, é claro, ele não esteja prejudicando o bebê”, sentencia Kahhale.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Respiração boca a boca reduz chances de sobrevivência

Antes preconizada como parte importante da ressuscitação cardiopulmonar, a respiração boca a boca prejudica o procedimento e reduz as chances de sobrevivência do paciente com parada cardíaca.

Estudos apontam uma taxa de sobrevivência três vezes maior em pessoas submetidas apenas às compressões contínuas no peito até a chegada de socorro. Por esse motivo, a Ilcor (Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação, na sigla em inglês), entidade que reúne as principais associações de cardiologia, mudará a partir de 2010 as diretrizes para procedimentos de emergência em parada cardíaca. De acordo com a nova orientação, somente a massagem cardíaca deverá ser aplicada pelo leigo.

"É simples entender por quê. Quando o coração para, o mais importante é manter o fluxo sanguíneo com a compressão. A respiração boca a boca é uma das causas que levam a diminuição do fluxo," afirma o cardiologista Sérgio Timerman, do InCor (Instituto do Coração).
O consenso será publicado nos principais periódicos internacionais de cardiologia em outubro de 2010, mas já vem sendo discutido em vários países, incluindo o Brasil.

O voluntário deve ficar ao lado do paciente e iniciar as compressões, pressionando a região entre os mamilos 4 cm para baixo e retornando à posição inicial até a ajuda chegar.

"O leigo deve esquecer a respiração boca a boca e aplicar somente compressão a partir de agora. Essa é uma das maiores descobertas da emergência cardiovascular dos últimos tempos. Para médicos, a orientação é que a massagem deve ser prioridade, antes de se preocuparem com choque, medicamentos etc.", afirma o cardiologista Manoel Canesin, coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Haverá mudanças também com relação ao uso do desfibrilador. A aplicação de choque pode ocorrer antes da massagem somente até cerca de quatro minutos após a parada do coração. Depois desse tempo, a compressão deve preceder o uso de desfibrilador. Isso porque, após esse período, há alterações metabólicas no organismo e o coração precisa ser preparado com a compressão antes de receber o choque.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Uma em cada cinco crianças não recebe vacinas, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou nesta quarta-feira que nunca antes houve um registro maior de crianças vacinadas no mundo, mas, mesmo assim, uma criança em cada cinco - a maioria em países pobres - ainda não recebe vacinas.

No ano passado, 106 milhões de crianças foram vacinadas contra doenças como sarampo, tétano e difteria. Trata-se do maior número já registrado pela entidade, segundo um novo relatório.

Porém, 24 milhões de crianças ainda não têm acesso à imunização.
Países da África e da Ásia são os que mais sofrem com a falta de vacinas, sobretudo em áreas de conflito onde não há serviços médicos.

Pobres e ricos

A OMS pediu que mais dinheiro - cerca de US$ 1 bilhão por ano - seja investido para garantir a imunização das crianças.
A entidade estima que, se 90% das com menos de cinco anos de idade receberem vacinas, dois milhões de vidas seriam salvas por ano.

"A morte por sarampo caiu 74% entre 2000 e 2007, e as vacinas tiveram um papel importante nesta queda", disse a diretora-executiva da Unicef, Ann Veneman, comentando o relatório da OMS.

A organização disse que o desenvolvimento de vacinas novas e mais caras fará com que os custos de saúde pública subam no mundo. Segundo o relatório, o custo médio de vacinas por criança subirá de US$ 6, em 2000, para US$ 18, no próximo ano.

O anúncio da OMS coincide com a chegada de milhões de lotes de vacina contra a gripe suína em países ricos.

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, alertou para a necessidade de dar acesso a vacinas também aos países pobres.

"A pandemia de gripe chama a atenção para a promessa e o dinamismo do desenvolvimento de vacinas hoje", disse Chan.

"No entanto, nos lembra mais uma vez dos obstáculos em levar os benefícios da ciência às pessoas dos países pobres. Nós precisamos vencer as barreiras que separam os ricos dos pobres - entre aqueles que recebem vacinas que salvam vidas e aqueles que não as recebem."

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Duas ou mais gestações elevam em 60% risco de síndrome metabólica

Mulheres que têm filhos são mais suscetíveis a desenvolver síndrome metabólica, revela um estudo do Kaiser Permanente (EUA) com 1.451 participantes. No início do trabalho, elas tinham de 18 a 30 anos e nenhuma delas era mãe. Ao longo de duas décadas, 359 engravidaram e 259 apresentaram síndrome metabólica, um conjunto de sintomas associado à elevação do risco de doenças cardiovasculares.

Depois de fazer ajustes estatísticos, os autores descobriram que uma gravidez única e saudável aumenta o risco de síndrome metabólica em cerca de 30%, enquanto duas ou mais gravidezes saudáveis elevam a chance em 60%. Entre as que tiveram diabetes gestacional, o risco mais do que dobrou.

Segundo o endocrinologista Bruno Geloneze, coordenador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acredita-se atualmente que o ideal seja ter de um a três filhos. "A novidade desse trabalho é contestar o conhecimento vigente, apontando para o risco de síndrome metabólica já a partir do fato de conceber pela primeira vez."

As mulheres que desenvolveram a síndrome eram mais pesadas, tinham cintura mais larga, comiam menos fibras, tinham menos escolaridade e eram menos ativas --o que era esperado. "Mas durante o seguimento foi feito um ajuste estatístico para IMC e atividade física, indicando que a mudança explicaria apenas uma parte do maior número de casos de síndrome metabólica nas que engravidaram, sugerindo outro mecanismo subjacente", diz.

Segundo ele, a hipótese mais razoável é a de que a gravidez leva a alterações metabólicas decorrentes do acúmulo de gordura visceral. "Médicos e pacientes devem estar atentos a medidas preventivas e de detecção da síndrome", afirma.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Psicopatas são distraídos, e não frios, diz estudo

Um deficit de atenção, em vez da incapacidade de sentir emoções, pode ser o que faz os indivíduos psicopatas parecerem valentes. Trata-se de uma constatação que desafia o estereótipo comum dessas pessoas como predadores de sangue-frio.

"Muitos dos problemas deles podem ser consequência de algo que é quase como uma dificuldade de aprendizagem", afirma Joseph Newman, psicólogo da Universidade de Wisconsin-Madison que investigou como prisioneiros com personalidades com características de psicopatia reagiam quando situações de dor eram antecipadas.

Experimentos prévios sugeriram que muitas pessoas podem não sentir medo, enquanto estudos sobre imagens cerebrais encontraram anormalidades na amígdala cerebral, região que processa medos e demais emoções. Isto encorajou a percepção de que eles são "emocionalmente superficiais", afirmou Newman. "Pessoas os chamam de predadores a sangue-frio". Mas ele questionou se essa era a versão completa da história.

Narcisistas, impulsivos e cruéis

Com o intuito de entender por que pessoas se comportam desta forma, a equipe de Newman selecionou 125 prisioneiros do sexo masculino condenados por crimes sérios e com traços de personalidade pontuados como psicopatas --incluindo narcisismo, impulsividade e crueldade. Por volta de 20% deste grupo tiveram pontuações tão altas para serem descritos como psicopatas --uma proporção típica na população de criminosos, mas bem acima do 1% esperado na população em geral.

Os pesquisadores então colocaram um dispositivo que mede a intensidade das piscadas em cada prisioneiro --uma indicação da forma como sentem medo-- e posicionaram uma tela à frente deles.

Os temas de tarefas eram dados em letras verdes ou vermelhas que piscavam na tela --um choque elétrico seguia-se, algumas vezes, às letras vermelhas, mas nunca às letras verdes.

Quando instruídos a apertar botões para indicar se as letras eram verdes ou vermelhas, os indivíduos com características marcantemente psicopatas vacilaram na resposta às letras vermelhas do mesmo modo que outros presos hesitavam.

Entretanto, quanto eles foram orientados a indicar se as letras eram maiúsculas ou minúsculas, os prisioneiros psicopatas nem sequer pestanejaram ao ver as letras vermelhas, enquanto os outros presos prosseguiram antecipando o choque leve.

Isso sugere que os indivíduos psicopatas sentem medo tanto quanto qualquer outra pessoa, e só aparentam não ter medo porque têm grande dificuldade de prestar atenção em diferenciar o que é assustador e o que não é, observa o pesquisador. Newman espera que sua hipótese possa ser usada para desencorajar reincidência em crimes cometidos por psicopatas. "Eles são famosos por serem difíceis, senão impossíveis de tratar."

Donald Hands, diretor de psicologia do Departamento de Correção de Wisconsin, está trabalhando com Newman para desenvolver um programa de tratamento piloto. A lembrança aos infratores psicopatas sobre as consequências imediatas de seus atos --como estar preso e ser enviado de volta à prisão-- pode ajudar a dissuadi-los quanto à reincidência, diz ele.

A conclusão de Newman pode ajudar a persuadir também as autoridades prisionais, a fim de que tratem diferentemente os indivíduos psicopatas. "Acho que isso demonstra que há alguma humanidade ali", diz Hands. "A pesquisa contradiz a crença de que eles sejam robôs."

terça-feira, 13 de outubro de 2009

31% dos lares brasileiros têm morador com doença crônica

Um em cada três domicílios brasileiros tem ao menos um morador com doença crônica. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Datafolha para uma empresa farmacêutica, entre 18 e 22 de agosto.

É chamada crônica a doença que interfere no estado do paciente por período prolongado. Muitas, como o diabetes e a hipertensão, podem ser controladas, mas não curadas. Não tratadas, podem levar à incapacitação e à morte precoce.

O envelhecimento da população é um dos principais fatores para o aumento de doenças crônicas no mundo todo, segundo a pesquisadora Maria Lúcia Lebrão, da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Lebrão diz que há pesquisas apontando que 82% dos moradores da cidade de São Paulo com mais de 66 anos têm ao menos uma dessas doenças. A mais comum é a hipertensão.

Em termos da população em geral, considerando todas as faixas etárias, 30% é um número bem alto, na avaliação de Lebrão. "É preciso uma série de medidas para permitir que essa população controle a doença e para garantir a sua qualidade de vida. E isso não é só distribuir medicamentos. Uma das maiores dificuldades para o controle da doença crônica é garantir a aderência ao tratamento."

O aumento da expectativa de vida pode dificultar ainda mais a situação. "Conseguimos jogar a mortalidade para frente. Agora, o nó da questão é saber se as pessoas vão começar a apresentar a doença crônica na mesma idade ou mais tarde. Se continuarem a ficar doentes na mesma idade e viverem por mais tempo, teremos que cuidar delas por um período mais prolongado, e o impacto disso na saúde pública é enorme."

Na pesquisa feita pelo Datafolha, a maioria dos pacientes crônicos vai ao médico regularmente e toma medicamentos -quase metade (49%) adquire os remédios gratuitamente. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Stephen Stefani, do comitê latino-americano da Sociedade Internacional de Farmacoeconomia e Estudos de Desfechos, que ajudou a elaborar as perguntas da pesquisa, diz que a ideia é quantificar o problema, para a elaboração de estratégias de prevenção e controle mais eficazes -tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde- além de mapear a ocorrência dessas doenças no país.

A menor prevalência de doenças crônicas foi observada na região Norte (23%), e a maior, no Nordeste (36%).

O percentual de domicílios com doentes crônicos, 31%, corresponde grosso modo aos números observados nos países desenvolvidos ocidentais, segundo Stefani. "Mas, embora não tenhamos esse dado na pesquisa, acredito que em vários países desenvolvidos o manejo desses pacientes seja melhor, garantindo uma melhor qualidade de vida", diz ele.

O professor de clínica médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Olzon ressalta que a melhor estratégia para manejar a doença crônica é a prevenção primária (com alimentação saudável e prática regular de exercícios, por exemplo). "Se você muda os hábitos de vida, a tendência é que os casos dessas doenças diminuam, se desenvolvam mais tardiamente e apresentem menos doenças associadas", diz.

sábado, 10 de outubro de 2009

Após a fase do aleitamento exclusivo, ferro é essencial para a criança


Já virou chavão dizer que o leite materno é o alimento perfeito para o bebê. Mas, quando o assunto é tão importante assim, nunca é demais repetir. Afinal, o leite materno fornece todos os nutrientes que o bebê necessita, na quantidade adequada, e facilmente digeridos pelos pequenos. Também é repleto de anticorpos e ajuda a estabelecer o sistema imunológico da criança.

Além disso, contém substâncias que ajudam o desenvolvimento do cérebro e o crescimento da criança. "O leite materno é tudo o que o bebê precisa. É uma fonte riquíssima de nutrientes e anticorpos, sustenta e protege a criança, contribuindo para seu desenvolvimento adequado", aponta a nutricionista Marina Salgado.

Estudos comprovam que bebês que são alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade têm menos cólica, dor de ouvido e doenças respiratórias, além de ter menos chances de desenvolver alergias. É por tudo isso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que os bebês recebam apenas o leite materno até o sexto mês. A partir de então, outros alimentos podem ser apresentados, porém a amamentação deve continuar até a criança completar dois anos.

A partir dos seis meses, o sistema digestivo já está maduro o suficiente para receber comidas sólidas. Nessa fase, é importante apresentar alimentos de fácil mastigação e digestão, e deixar o bebê experimentar texturas e sabores diferentes. A variedade é importante e prepara a criança a aceitar alimentos diferentes quando cresce - além de que diferentes alimentos fornecem diferentes nutrientes.

Como nesse estágio o armazenamento de ferro diminui consideravelmente, os bebês vão precisar repor o mineral através da alimentação. Uma boa fonte de ferro é a carne vermelha, que deve ser cozida e não frita - uma opção é misturar o caldo da carne cozida às papinhas preparadas em casa.

Outras fontes de ferro são os vegetais folhosos de cor verde-escura, como agrião e couve, e leguminosas, como o feijão, a ervilha e a lentilha. Como os ossos do bebê estão em desenvolvimento, é preciso também garantir a ingestão de cálcio. A melhor fonte de cálcio é o próprio leite materno, que deve ser consumido na quantidade de 500 ml a 600 ml por dia.

Nessa fase deve-se evitar sal e açúcar, além de frituras, peixes, mariscos e ovos. "Também devem ser evitados queijinhos, iogurtes, bolachas recheadas e produtos industrializados, pois não são muito nutritivos e podem desencadear alergia nos bebês", aponta Salgado.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cegueira pode mesmo intensificar outros sentidos, diz estudo

afirmação familiar é tema de muitos roteiros de Hollywood --como "Demolidor", no qual a repentina cegueira de um advogado intensifica seus outros sentidos e o transforma em super-herói. Estudos sugerem que a história é mais real que fantasia.

Numa série de estudos, neurocientistas da McGill University testaram participantes cegos e com visão normal para verificar a percepção e habilidade de localizar sons.

Os participantes cegos geralmente tiveram pontuação maior, o que foi uma grande surpresa --até que os cientistas descobriram que o momento em que os participantes tinham ficado cegos afetava seu desempenho.

Os cegos de nascença se saíram melhor, os que ficaram cegos quando crianças ficaram um pouco atrás, e os que perderam a visão após os dez anos de idade não foram melhores que os participantes de visão normal.

A implicação é que um cérebro jovem poderia ser requalificado para que as áreas de processamento visual fossem utilizadas com outros propósitos.

Talvez a maior prova disso tenha sido mostrada em estudos de imagens cerebrais, nos quais cientistas descobriram que indivíduos cegos que melhor puderam localizar um som envolviam tanto o córtex auditivo quanto o occipital, onde ocorre a percepção visual. Participantes cegos que tiveram baixo desempenho, assim como os indivíduos de visão normal, tiveram pouca ou nenhuma atividade no lóbulo visual.

Outros estudos tiveram resultados similares com a identificação de odores e sensações táteis.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Prematuridade mata 1 milhão de bebês ao ano no mundo

Mais de um milhão de crianças morrem a cada ano no mundo em razão da prematuridade, revela um estudo financiado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

O trabalho foi divulgado ontem (5) durante uma conferência internacional sobre defeitos no nascimento, em Nova Déli (Índia).

A estimativa é que, por ano, 13 milhões de bebês nasçam antes da 37ª semana de gestação. São quase 10% dos nascimentos.

De acordo com o estudo, a maior taxa de prematuridade é registrada na África, seguida pela América do Norte (Estados Unidos e Canadá).

Só nos EUA, o custo anual do sistema de saúde com os prematuros e seus problemas de saúde chega a US$ 26 milhões.

"Nascimentos prematuros representam um enorme problema global, que tem um grande impacto emocional, físico e financeiro nas famílias, nos sistemas de saúde e nas economias", disse Jennifer Howse, presidente do Instituto March of Dimes, entidade norte-americana que faz pesquisas sobre prematuridade.

A taxa média de prematuros no mundo é estimada em 9,6% de total de nascimentos. Na África, chega a 12%. No Brasil, o índice de bebês prematuros cresceu 27% em dez anos (entre 1997 e 2006), saltando de 5,3% do total de nascimentos (153.333) para 6,7% (194.783).

domingo, 4 de outubro de 2009

Câncer ocupacional mata cerca de 200 mil pessoas a cada ano no mundo

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 200 mil pessoas morrem a cada ano no mundo por algum tipo de câncer relacionado ao ambiente de trabalho.

Segundo a coordenadora de Vigilância e Prevenção do Câncer do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Silvana Rubano Turci, não existem números sobre o câncer ocupacional no Brasil. Ela afirma que quando a doença é diagnosticada não se faz uma entrevista com o paciente para conhecer sua rotina, hábitos e as possíveis causas da doença.

Silvana explica que os principais fatores associados ao câncer são o tabaco, a alimentação, a exposição ocupacional, a exposição à radiação e ao sol. De acordo com ela, é difícil relacionar o câncer à exposição a um só fator.

"A gente tem uma série de fontes e fica muito difícil estabelecer que aquele determinado câncer está relacionado a uma só exposição, mas pode sim estar relacionado a exposições com baixas doses durante a vida toda e não a um único agente, mas a vários agentes e a uma mistura desses agentes" explica.

Um dos fatores que causa câncer é o amianto. O presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), Eliezer João de Souza, luta pela proibição do uso do produto no país e conta que nos 13 anos em que trabalhou em uma empresa que usava amianto não foi alertado do risco que corria.

"Eu e todos os funcionários, uma média de 10 mil, que trabalharam nessa empresa. A gente foi enganado, ninguém sabia que o amianto era cancerígeno. Aí um monte de gente que já morreu, e outras ficaram doentes, tiveram mesotelioma, câncer de pulmão, de laringe", conta Eliezer.

Segundo estimativas do Inca, a projeção para o ano 2020 é que 15 milhões de pessoas apresentem novos casos de câncer.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Falta de diagnóstico simples prejudica prevenção de câncer do intestino

Aos 101 anos de idade, o arquiteto Oscar Niemeyer foi operado de urgência para retirada de um tumor de intestino que estava sangrando e que foi detectado durante o período pós-operatório de outra cirurgia. O que fazer para não ser surpreendido por uma situação como essa? Existem métodos de diagnóstico mais precoces desses tumores?

Menos da metade das pessoas faz exame preventivo para câncer do intestino. O diagnóstico de um tumor do intestino começa muitas vezes com a pesquisa do sangue oculto nas fezes. É um teste simples, que pode indicar a necessidade de uma investigação mais profunda.

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De janeiro a outubro de 2007 só 74 mil colonoscopias foram realizadas em um universo de mais de 15 milhões de brasileiros acima dos 60 anos
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Porém, o método que permite melhor oportunidade de diagnóstico precoce é a colonoscopia. A colonoscopia é um exame endoscópico que permite a detecção precoce dos tumores do intestino grosso, aumentando as possibilidades de tratamento curativo.

O câncer do intestino grosso ou cólon é muito comum em homens e mulheres e causa milhares de mortes todos os anos. No Brasil esses tumores respondem por cerca de 8% dos óbitos por neoplasias malignas a cada ano.

Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com o diagnóstico precoce. A taxa de sobrevivência das pessoas diagnosticadas e tratadas na fase inicial é de mais de 90% nos primeiros cinco anos. Infelizmente, mesmo nos Estados Unidos só 39% dos tumores são descobertos nessa fase.

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A colonoscopia é um dos poucos métodos diagnósticos que também são terapêuticos
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A colonoscopia faz parte das diretrizes internacionais de prevenção e é indicada para todos os indivíduos acima dos 50 anos de idade. Nos casos de pessoas com histórico familiar para câncer do intestino, o exame deve ser realizado mais cedo, a critério do médico que acompanha o paciente.

A colonoscopia, que permite a visualização direta de todo o intestino grosso, é um dos poucos métodos diagnósticos que também são terapêuticos, já que os pólipos ou pequenos tumores descobertos durante o procedimento podem ser retirados de pronto.

A baixa utilização do método de diagnóstico se repete no Brasil, onde o Ministério da Saúde registrou de janeiro a outubro de 2007 a realização de apenas 74 mil colonoscopias, em um universo de mais de 15 milhões de brasileiros acima dos 60 anos. Desse grupo, 77% foram feitas nas regiões Sul e Sudeste.

Somente com a implementação de políticas de prevenção efetivas e abrangentes poderemos diminuir o impacto dessa doença que mata mais de 10 mil pessoas por ano em nosso país.