O uso de analgésicos não narcóticos (como aspirina e ibuprofeno) pelo menos uma vez por semana foi relacionado a 17% dos casos de desenvolvimento de hipertensão em um grupo de mulheres americanas.
Os resultados são de um levantamento com mais de 83 mil voluntárias de 27 a 44 anos que avaliou como o consumo desses medicamentos e outros cinco hábitos modificáveis estavam relacionados à doença.
As mulheres foram acompanhadas por 14 anos por pesquisadores de Harvard, e o estudo foi publicado na última edição do "Jama". As participantes não apresentavam pressão alta, diabetes nem doenças cardiovasculares no início da pesquisa. Foram ajustados outros fatores de risco, como histórico familiar, idade, tabagismo e uso de pílulas anticoncepcionais.
Para a pesquisa, foram associados à prevenção de pressão alta os seguintes itens: IMC (índice de massa corpórea) menor do que 25 kg/m³, alta adesão à dieta Dash (da sigla em inglês Dietary Approaches to Stop Hypertension), 30 minutos diários de atividade física, consumo moderado de álcool (até uma dose diária) e suplementação com ácido fólico, além da baixa ingestão de analgésicos.
No período estudado, 12.319 mulheres desenvolveram hipertensão -78% desses casos teriam sido evitados se elas seguissem os seis hábitos.
A obesidade foi o fator de maior risco: as obesas apresentaram 4,7 mais risco de sofrer de pressão alta do que aquelas com IMC menor que 23 kg/m³. Entre as mulheres com hipertensão, 40% delas poderiam ter evitado a doença se não tivessem sobrepeso. "O estudo destaca a importância dos fatores modificáveis na prevenção", afirma o cardiologista Marcus Malachias, diretor clínico do Instituto de Hipertensão Arterial de Minas Gerais.
Dos seis fatores avaliados, o uso de analgésicos é ainda o menos relacionado ao problema. Os mecanismos não são claros, mas pesquisas recentes têm apontado uma associação entre esse tipo de medicamento e um maior risco de hipertensão. "Alguns estudos sugerem que esses remédios possam levar a lesões renais em pessoas com alguma predisposição", explica Malachias.
Os rins estão envolvidos nos mecanismos de regulagem da pressão arterial, como a eliminação de sódio pelo organismo. Se essa função é prejudicada, pode haver um desajuste nos níveis da pressão.
Controvérsia
Para Fernando Nobre, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, a relação dos analgésicos com a doença vascular ainda é controversa. "Alguns estudos associam esses medicamentos a hipertensão, outros, não. Ainda não é possível chegar à conclusão de que o uso deve ser limitado", afirma.
No entanto, já se conhece uma possível relação entre o uso de analgésicos e a resistência de alguns hipertensos, que não conseguem fazer um controle adequado da pressão arterial com o uso de remédios.
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