quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Hipertensão na gravidez aumenta risco também após o parto

As mulheres que desenvolvem hipertensão durante a gravidez devem passar por uma avaliação seis meses após o parto. A recomendação consta das novas diretrizes sobre cardiopatia na gravidez, que acabam de ser elaboradas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

A orientação se baseia em pesquisas que mostram que mulheres com pré-eclâmpsia (uma das complicações hipertensivas da gestação, que pode levar ao parto prematuro e à morte da mãe) têm um risco quatro vezes maior de desenvolver hipertensão arterial crônica e quase duas vezes mais chance de ter doença arterial coronariana, derrame e tromboembolismo venoso num intervalo de até 14 anos após a gestação. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que o problema terminava com o parto.

"A maioria dos cardiologistas e dos obstetras ainda desconhece que essa complicação gestacional aumenta o risco de doença cardiovascular precoce nessas mulheres", diz a cardiologista Citânia Tedoldi, editora das novas diretrizes. "A hipertensão na gravidez pode induzir alterações a longo prazo que estão associadas ao aumento desse risco", explica.

Por isso, esse grupo de pacientes deve ter seu perfil de risco cardiovascular avaliado, incluindo seus hábitos de vida, seis meses depois do parto e começar a adotar medidas preventivas o quanto antes.

"O acompanhamento deve ser não só no pós-parto como ao longo da vida da mulher, com exames rastreadores e diagnóstico dos distúrbios hipertensivos", diz o ginecologista Denis Nascimento, da Universidade Federal do Paraná.

"Essas mulheres precisam adotar mudanças no estilo de vida recomendadas aos hipertensos, como controle do consumo de sal e do peso e adoção da prática de atividade física moderada, como caminhada", acrescenta o cardiologista Ivan Cordovil, chefe do Departamento de Hipertensão do Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro.

Ainda não se sabe o que desencadeia as complicações hipertensivas na gravidez em mulheres saudáveis. Algumas apresentam somente elevação da pressão.

Já a pré-eclâmpsia é uma complicação grave, que traz risco de morte à mulher. Além da hipertensão, ocorre perda de proteínas na urina e inchaço.

O risco de pré-eclâmpsia é maior na primeira gestação, em obesas, nas diabéticas e em quem tem história familiar.

O documento com as novas diretrizes, que deve ser publicado em breve, também traz uma atualização completa de todos os aspectos da cardiologia na mulher. "Queremos orientar sobre os tratamentos mais adequados de acordo com as últimas evidências científicas", diz Tedoldi.

As doenças do coração são consideradas a maior causa de morte materna indireta -ou seja, aquelas que não são provocadas por causas obstétricas, como hemorragias e infecções.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

HPV atinge 65% das mulheres na primeira relação sexual

São Paulo - O HPV - papilomavírus humano - contamina cerca de 65% das mulheres do mundo logo na primeira relação sexual. Elsa Gay, ginecologista do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), diz que 32% das mulheres e 47% dos homens brasileiros iniciam a vida sexual antes dos 14 anos. "Esse início precoce pede ainda mais prevenção." O exame de Papanicolau é a maneira mais confiável de diagnosticar tanto o HPV quanto outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

A maioria - 90% - das mulheres conseguem se livrar do vírus do HPV em até dois anos. Quando não ocorre a erradicação, a paciente pode vir a ter complicações, como o câncer de colo de útero, e precisa de acompanhamento médico. Tabagismo e má alimentação facilitam a infecção. A médica afirma que a mulher que toma pílula contraceptiva também acaba se protegendo menos na relação sexual.

Elsa diz ainda que mulheres com mais de 50 anos desenvolvem a infecção com mais facilidade, embora não se saiba exatamente por qual razão isso acontece. Segundo ela, pode ser por causa da imunidade mais baixa da mulher nessa faixa etária ou a busca por parceiros mais jovens. As informações são da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Novo tratamento para anemia rara eleva sobrevida em 90%

Uma mudança no protocolo de tratamento de pessoas com anemia de Fanconi -doença genética rara que impede a produção natural de células sanguíneas de defesa- tem aumentado a sobrevida dos pacientes em até 90%.

A incidência no mundo é de um caso para cada 100 mil nascimentos. A doença começa a se manifestar nos primeiros anos de vida e caracteriza-se por palidez, manchas na pele e má formação congênita. Geralmente, pessoas que têm a doença desenvolvem câncer.

Os resultados da mudança no tratamento, proposta pelo médico Ricardo Pasquini, do Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná) -uma das referências no transplante de medula óssea na América Latina-, e pelo norte-americano Rainer Storb, de um centro hospitalar da Universidade de Seattle, foram apresentados há duas semanas no Congresso Brasileiro de Medula Óssea, realizado em Curitiba.

No início dos estudos, nos anos 1980, o índice de sobrevivência era de apenas 30%. O conhecimento escasso sobre o desenvolvimento da doença era o principal entrave.

Os médicos optavam por um processo quimioterápico comum, mas a maior parte dos pacientes não resistia aos efeitos do tratamento, com altas doses de medicamento.

"A sensibilidade do paciente à quimioterapia convencional era muito alta. Partiu-se então para a redução das doses", diz Carmem Bonfim, coordenadora de transplantes pediátricos de medula óssea do Hospital de Clínicas da UFPR.

Os médicos constataram que a redução em cerca de um quarto do principal remédio usado no tratamento (a ciclofosfamida) foi a responsável por aumentar as chances de sobrevida durante e após a quimioterapia. A aplicação do medicamento passou de 200 miligramas por quilo de peso para 60 miligramas por quilo.

Com resultados positivos na quimioterapia, os pacientes passaram a ter melhores condições de saúde para enfrentar a fase seguinte do tratamento: o transplante de medula óssea.

A medula fabrica as células sanguíneas de defesa do organismo, como glóbulos vermelhos e brancos e plaquetas.

O HC tem, atualmente, 180 pessoas em acompanhamento. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a maior parte dos pacientes do país com a doença é tratada no local.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Novo remédio contra tuberculose começa a chegar a estados na próxima semana

Informação é do coordenador do programa de controle da doença no país.
Novo medicamento reduz número de doses usadas no tratamento.


O coordenador do Programa Nacional de Controle à Tuberculose do Ministério, Draurio Barreira, disse ao G1 nesta quinta-feira (20) que os novos medicamentos contra a doença –com menos doses diárias– devem chegar aos estados até o final da próxima semana. Segundo ele, os pacientes de Rio e São Paulo devem começar a receber os remédios até o começo de setembro e, os do resto do país, até o final do ano.

O novo medicamento é conhecido como Dose Fixa Combinada (DFC), ou “quatro em um”, e seu uso foi anunciado pelo ministro José Gomes Temporão em março. Apenas cinco países do mundo, entre eles o Brasil, não usavam o DFC no combate à tuberculose. Ele aumenta o número de drogas no mesmo comprimido e, por conta disso, diminui a quantidade doses diárias, o que pode estimular os pacientes a continuarem o tratamento até o final.

Atualmente, o tratamento contra tuberculose dura seis meses. O índice de abandono é de 8% e a taxa de cura, 70%. A expectativa é aumentar a cura para 80% e diminuir o abandono para menos de 5%. No Brasil, a doença é quarta causa de mortes por doenças infecciosas e a primeira em pacientes com Aids.

Com o novo remédio, o tempo total de tratamento não se altera, mas menos comprimidos serão necessários. Segundo Barreiro, isso se dá pois os sintomas somem rapidamente e a pessoa acredita que está curada. A interrupção pode tornar a bactéria da doença mais resistente, dificultar e aumentar o tempo que o paciente fica tomando o medicamento.

Nesta quinta, o ministério apresentou para gestores estaduais o DFC e começou a discutir um calendário de distribuição. Rio e São Paulo, por fatores populacionais, serão os primeiros estados que vão fornecer o remédio aos pacientes.

De acordo com o coordenador do programa, o novo remédio, mesmo não sendo fabricado no Brasil, é mais barato que o atual. O tratamento para seis meses utilizado no momento custa R$ 84,55; o novo medicamento vale cerca de US$ 30 (aproximadamente R$ 55).

No país, foram registrados 72 mil novos casos de tuberculose em 2007, e 4,5 mil pessoas morreram em decorrência da doença. As maiores incidências estão nos estados do Rio de Janeiro (73,27 por 100 mil), Amazonas (67,60), Pernambuco (47,79), Pará (45,69) e Ceará (42,12). A Região Centro-Oeste é a que apresenta a menor taxa do país.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

DSTs atingem mais de 10 milhões de brasileiros, diz Ministério da Saúde

18% dos homens e 11,4% das mulheres não procuram tratamento. Pesquisa sobre doenças sexualmente transmissíveis saiu nesta terça-feira.

Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (18) pelo Ministério da Saúde mostra que 10,3 milhões de brasileiros já tiveram algum sinal ou sintoma de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como sífilis, HPV, gonorréia e herpes genital. São, no total, 6,6 milhões de homens e 3,7 milhões de mulheres. Segundo o órgão, 18% dos homens e 11,4% das mulheres não procuram nenhum tipo de tratamento.

As complicações dessas doenças aumentam em 18 vezes o risco de infecção pelo vírus HIV, diz a pesquisa.

De acordo com o ministério, a região Norte tem o maior percentual de homens (24,6%) que tiveram algum tipo de DST. Em outras regiões, diz o órgão, o número não passa de 20%. Quando o recorte é feito por raça, a pesquisa mostra que o total de homens negros (19%) que relataram sintomas é maior do que entre os brancos (13,8%).

A pesquisa ainda mostra que homens têm 31,2% mais chance de ter algum sinal ou sintoma de DST em alguma fase da vida. Manter relação com parceiro do mesmo sexo, de acordo com o ministério, mais do que dobra a possibilidade de ter algum sinal relacionado a doenças sexualmente transmissíveis. De acordo com a diretora do Departamento de DST/Aids do ministério, Mariângela Simão, "provavelmente" o maior número de casos é entre homens, mesmo que não seja possível quantificar.

Os números mostram também que pessoas que já tiveram mais de 10 parceiros na vida têm 65% mais chance de ter algum antecedente relacionado às DSTs.

Segundo Mariângela, apenas 30% das pessoas que procuram o serviço de saúde são orientadas para fazer o teste de HIV, e, no caso da sífilis, esse número cai para 24.

O levantamento, chamado de Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas Relacionadas às DST e Aids na População Brasileira de 15 a 64 anos, foi feito em novembro de 2008 e ouviu 8 mil pessoas. Os dados foram todos coletados por autodeclaração dos ouvidos.

"Estamos falando de doenças que, na maior parte dos casos, têm cura, mas ainda estão fortemente presentes na sociedade", afirmou o ministro José Gomes Temporão.

Automedicação

Segundo o Ministério da Saúde, a automedicação por parte dos homens preocupa. Das mulheres, 99% que tiveram algum sintoma de DSTs procuram primeiro um médico; entre os homens, 25% procuram primeiro uma farmácia.

Para ajudar na prevenção, o ministério lançou nesta terça uma campanha de prevenção às DSTs, voltada especialmente para homens com menor escolaridade. Cantores sertanejos gravaram uma música que será usada no programa e cartazes, folderes e postais serão distribuídos.

A ideia é distribuir esse material inclusive em banheiros de bares e restaurantes, e as pessoas devem ser incentivadas a contar a seus parceiros que têm ou tiveram uma DST. "Para romper essa cadeia de transmissão, a outra pessoa precisa saber", disse Mariângela.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vacina para pneumococo será gratuita a partir de 2010

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinou nesta segunda-feira(17) um acordo de cooperação tecnológica com a multinacional GlaxoSmithKline (GSK) que vai permitir a produção da vacina conjugada infantil para pneumococo em escala nacional. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou que a partir do ano que vem a vacina, que previne a meningite bacteriana, a otite média e a pneumonia, será incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI).

"Hoje a vacina é acessível apenas para quem pode pagar cerca de R$ 500 para proteger cada criança no mercado privado e a partir de 2010 ela estará no Sistema Único de Saúde. A expectativa é de que sejam evitados mais de 10 mil óbitos de crianças menores de cinco anos por ano", disse Temporão.

A transferência de tecnologia será feita em quatro etapas e deve durar cerca de dez anos para ser concluída. Temporão disse que na primeira etapa, que se inicia em 2010, serão importadas e distribuídas 13 milhões de doses da vacina por ano, com investimentos de R$ 400 milhões anuais.

Até 2017, segundo o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o Brasil estará produzindo 100% da vacina. "Todas as cerca de três milhões e duzentas mil crianças que nascem por ano serão imunizadas. Isso é muito importante, pois vai antecipar a meta do Milênio com a qual o Brasil está comprometido sobre a redução da mortalidade infantil". A nova vacina será a mais completa do país para esse tipo de imunização, porque engloba dez tipos diferentes da bactéria pneumocócica, enquanto a vacina disponível no mercado inclui apenas sete sorotipos.

O acordo público-privado prevê também uma parceria inédita no país, voltada ao desenvolvimento tecnológico de vacinas para a dengue, a malária e o aperfeiçoamento da vacina da febre amarela que já é produzida hoje pela a Fiocruz, porém com tecnologia antiga e onerosa, segundo Gadelha.

Para essa parceria, a GSK investirá R$ 92,5 milhões. Os valores da contrapartida brasileira ainda estão sendo estudados, segundo a Fiocruz. Os resultados das pesquisas devem ser obtidos nos próximo dez anos e terão patente compartilhada entre a Fiocruz e a GSK.

domingo, 16 de agosto de 2009

Risco de trombose pode aumentar com alguns anticoncepcionais

As mulheres precisam ter cuidado com o uso de pílulas anticoncepcionais, pois a maioria delas não utiliza medicamentos seguros e acaba escolhendo marcas com alta composição, aumentando o risco de sofrer tromboses, apesar de a incidência absoluta desta continuar sendo baixa.

De acordo com dois estudos realizados pela Clínica Ginecológica de Rigshospitalet, em Copenhague, e outro pelo Centro Médico da Universidade de Leiden, na Holanda, os efeitos de diferentes pílulas anticoncepcionais, em dez milhões de mulheres entre 1995 e 2005, fizeram com que 4,213 desenvolvessem tromboses venosas.

“As mulheres, antes de iniciar o uso da pílula, devem consultar um ginecologista para obter mais informações sobre a medicação mais indicada”, ressalta a fisioterapeuta e tutora do Portal Educação, Tatiana Leme.

As pílulas mais seguras, segundo o estudo, são aquelas que contêm Levonorgestrel combinado com uma pequena dose de estrogênio. Foi constatado que os medicamentos contraceptivos orais que continham unicamente progesterona como o DIU, não estiveram associados a nenhum aumento do risco de trombose venosa.

sábado, 15 de agosto de 2009

Riscos e Benefícios da Terapia Hormonal quando ela é iniciada logo após a menopausa

14 de agosto de 2009 (Bibliomed). Diversas dúvidas existem ainda acerca da terapia de reposição hormonal na pós-menopausa. Pesquisadores americanos avaliaram os resultados do estudo Women's Health Initiative que testou os riscos e benefícios do uso de estrogênios eqüinos conjugados, com ou sem acetato de medroxiprogesterona em mulheres logo após a menopausa.

O índice de lesão para câncer de mama e para câncer em geral foi comparativamente maior em mulheres que iniciaram a terapia hormonal logo após a menopausa em ambos os grupos. O uso de estrogênio eqüino conjugado aumentou o número de acidentes vasculares encefálicos (AVEs, ou derrames cerebrais) e tromboembolismo venoso, e reduziu as fraturas de quadril. Os resultados do uso de estrogênio associado a progestínico em mulheres logo após a menopausa foram semelhantes para tromboembolismo venoso, AVE e fratura de quadril, porém, apresentaram aumento tardio nos casos de câncer de mama e câncer em geral.

Esta análise dá um pequeno suporte para a hipótese de que há benefícios em relação à doença coronária e à saúde em geral considerando-se os índices de risco para mulheres que iniciaram a terapia hormonal logo após a menopausa.

Fonte: American Journal of Epidemiology. Volume 170, Number 1, 2009. Pages 12-23

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Câncer de colo uterino é o segundo mais comum no Brasil

O câncer do colo do útero, o segundo tipo de tumor mais frequente entre mulheres, é responsável pelo óbito de aproximadamente 230 mil pacientes por ano no Brasil. Tumores ginecológicos são a denominação genérica que se dá ao câncer de colo uterino, câncer de corpo uterino e câncer de ovário.

A incidência de câncer do colo do útero predomina na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco aumenta rapidamente até atingir um pico geralmente na faixa etária entre 45 e 49 anos.

São vários os fatores de risco para esse tipo de câncer. Entre os mais comuns estão: início precoce da atividade sexual; multiplicidade de parceiros sexuais; higiene íntima inadequada; uso prolongado de contraceptivos orais; tabagismo; e, mais recentemente, o vírus do papiloma humano (HPV).

Nas fases iniciais de incidência não há sintomas específicos, e apenas o exame de Papanicolau é capaz de indicar a presença da doença. Em outras fases podem aparecer sintomas como sangramento vaginal ou pequenos sangramentos entre a menstruação; menstruações mais longas e volumosas que o normal; sangramento vaginal após a menopausa; sangramento vaginal após relações sexuais; corrimento vaginal; dor abdominal inferior.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quase metade dos medicamentos é usada irracionalmente em todo o mundo

Hoje há mais de 20 mil remédios disponíveis no mercado.
Fenômeno é uma das 6 principais causas de morte nos EUA.


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, a agência de saúde pública das Nações Unidas), quase metade dos medicamentos consumidos no mundo está sendo utilizada de maneira irracional. Essa é a conclusão a que chegaram os especialistas da entidade após coleta e análise de dados sobre a utilização e a disponibilidade dos remédios globalmente.

Os exemplos de utilização inadequada são vários: “supertratamento” de doenças simples, mau uso dos antibióticos, automedicação, tratamentos incompletos ou tratamento incorreto de doenças sérias. Importante lembrar que esses fatos ocorrem em todos os países e não só nos menos desenvolvidos.

Atualmente existem mais de 20 mil medicamentos diferentes disponíveis e com apenas 316 a humanidade poderia tratar as doenças mais importantes, entre as quais as enfermidades crônicas.

Os dados são impressionantes:

Em torno de 50% dos antibióticos utilizados no mundo são subutilizados ou utilizados sem indicação.

Nos Estados Unidos os efeitos adversos decorrentes do uso inadequado de medicamentos é uma das seis causas mais importantes de morte.

A utilização errada dos antibióticos está levando à criação de bactérias resistentes e já tornou, por exemplo, o protozoário causador da malária resistente a cloroquina (medicamento padrão de tratamento) em 80 países. A penicilina não é mais capaz de curar a gonorréia em 98% dos casos.

Nos dias de hoje a discussão sobre o surgimento de formas resistentes do vírus influenza A (H1N1) aponta para o uso irracional do antiviral como a causa dos primeiros casos de resistência já identificados.

A tuberculose é outra doença que, depois de ressurgir há pouco mais de 2 décadas com a epidemia de HIV/Aids, vem mostrando formas resistentes que desafiam a medicina, frutos da utilização incompleta do tratamento.

O tema por si só é importante, porém quando lembramos que estão em jogo o sofrimento de pessoas e o uso de recursos financeiros escassos para a saúde, o uso irracional de remédios torna-se problema de saúde pública e deveria ser amplamente discutido pela sociedade.

domingo, 9 de agosto de 2009

Estima-se que 90% dos brasileiros desconhecem os sintomas do derrame cerebral

O acidente vascular cerebral (AVC) ou acidente vascular encefálico , conhecido popularmente como derrame cerebral, é uma doença caracterizada pela interrupção da irrigação sanguínea das estruturas do cérebro. Ocorre quando o sangue que supre o cérebro com oxigênio e glicose, deixa de atingir uma região cerebral, ocasionando uma perda aguda dos neurônios.

É uma doença de início súbito, que pode ocorrer por dois motivos: isquemia (obstrução arterial) ou hemorragia (rompimento arterial).O primeiro caso refere-se ao AVC isquêmico (cerca de 80% do total) e, o segundo, ao AVC hemorrágico.

O estudo EMMA é um projeto de vigilância epidemiológica com seguimentos de casos fatais e não fatais de AVC, atendidos em unidade hospitalar (Hospital Universitário) e advindos da comunidade moradora da região oeste da cidade de São Paulo. O AVC é a principal causa de morte isolada no Brasil.Estima-se que cerca de 90% dos brasileiros não possuem informações sobre o AVC, e a maioria chega ao hospital quando a situação já está grave.

Em sua primeira etapa, o estudo EMMA obteve os seguintes resultados em relação as vítimas de um AVC:

-Cerca de 80% das mulheres são hipertensas, sendo que essa proporção diminui para 71% entre os homens;

-Embora o AVC seja mais comum em homens, o risco de morte é maior entre as mulheres;

-Cerca da metada das vítimas de um AVC possuem apenas o estudo fundamental incompleto;

-Entre os homens, cerca de 1/3 fuma e 1/4 bebe;

-Mais de 20% são diabéticos.

Sinais e sintomas sugestivos de um AVC :

-Cefaléia intensa e súbita sem causa aparente.

-Dormência nos braços e nas pernas .

-Dificuldade de falar e perda de equilíbrio .

-Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna do lado esquerdo ou direito do corpo.

-Alteração súbita da sensibilidade, com sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo.

-Perda súbita de visão em um olho ou nos dois .

-Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular e expressar palavras ou para compreender a linguagem .

-Instabilidade, vertigem súbita e intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vômitos A busca de socorro imediato é vital .

Fonte: estudo EMMA(2009).

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Jalecos e uniformes podem transmitir doenças se não forem higienizados e armazenados de maneira adequada.

Uniformes e jalecos de profissionais que lidam com substâncias nocivas, se forem transportados e higienizados de maneira inadequada, podem ser foco de contaminação e facilitar a transmissão de doenças. O alerta é do Sindilav (Sindicatos de lavanderias e similares do municipio de São Paulo e região), que reúne 3,6 mil empresas de um dos mais importantes setores do país. A entidade luta para estender a todo o País uma lei - em vigor apenas no Estado de São Paulo - que obriga a lavagem profissional de uniformes.
Os diretores do Sindilav, Edson Di Nardi e Rui Sérgio Torres, estiveram recentemente em Brasilia visitando formalmente a Câmara Federal como representantes da entidade. Eles conversaram com deputados de diversos Estados e partidos. O objetivo é ampliar a abrangência da lei estudal que vigora em São Paulo e que obrigam empresas que operam com substâncias nocivas e providenciar a lavagem adequada de jalecos e uniformes profissionais. De acordo com Di Nardi, a lei abrange, além da indústria química e metalúrgica, empresas hospitalares e de limpezas.
A Lei Estadual (SP) nº 12.254, de fevereiro de 2006, tem uma longa história. Advém de projeto originalmente apresentado em 2003, pelo deputado José Zico Prado, da bancada do PT. Prevê que empresas que utilizem produtos nocivos à saúde do trabalhador e ao meio ambiente sejam responsáveis pela lavagem dos uniformes dos seus empregados. "Porém, como até hoje não foi regulamentada de maneira a punir ou multar seus infratores, nao é devidamente fiscalizada nem obedecida", salienta Di Nardi.
Inspirado nesta Lei e com texto praticamente idêntico, o deputado federal Drº Rosinha (PT-PR) encaminhou o Projeto de Lei nº24/2007 para votação. Segundo Di Nardi, o projeto já foi aprovado em todas as Comissões da Câmara e está pronto para ser votado em plenário, provavelmente em agosto. "Em contatos com parlamentares da situação e da oposição, notamos empenho geral em apoiar e votar a favor do projeto, já que lida diretamente com a saúde, o bem-estar social e o meio ambiente", comenta ao ressaltar que "uma gota de óleo contamina mais de 20 litros de água".

Riscos de contaminação

A justificativa apresentada pelo parlamentar repetiu a do deputado José Zico e ressalta, entre outros aspectos: "Algumas das grandes empresas do Estado de São Paulo já tem como política a lavagem e manutenção dos uniformes dos seus empregados. Entretanto, ainda é grande o número de empresas que transferem essas tarefas aos seus empregados, obrigados a cuidar em casa da limpeza dos uniformes usados nos trabalhos. A lavagem doméstica dos uniformes, além de onerar o trabalhador com a aquisição do produtos de limpeza, pode provocar a contaminação de sua familia e da rede coletora de água e esgoto".
Em seu voto, a deputada federal Ângela Portela (PT-RR), relatora do projeto na Comissão de Seguridade Social e Familia da Câmara, ressaltou: "A questao principal é de caracterizar a responsabilidade da empresa na lavagem do material, assim como ocorre na destinação do lixo, dos residuos industriais, etc. A medidade é de fundamental importância para a proteção de saúde coletiva e dos trabalhadores, merecendo nosso apoio".
O principal diferencial do projeto federal para a Lei Estadual em vigor é a emenda que estabele em R$500,00 por trabalhador a aplicação de multa às empresas que deixarem de providenciar a lavagem dos uniformes. Para Di Nardi, esse item deve tornar maioria o número de empresas cumpridoras da legislação.
A exemplo da Lei Estadual, o projeto prevê que as empresas optem entre realizar diretamente a lavagem dos uniformes ou contratar serviços de terceiros. "No caso de a lavagem ser feita pela própria empresa", lembra Di Nardi, "ela terá de tratar os residuos e a água, com a finalidade de nao poluir o meio ambiente. Como as lavanderiais já fazem esse trabalho, as empresas terão economia considerável se optarem pela segunda alternativa. Além disso, tecido lavados em lavanderias especializadas duram muito mais".
O Diretor Administrativo do Sindilav chama a atenção, também, para o mau hábito de trabalhadores da área de saúde, química e de limpeza, entre outros setores, de se deslocar fora do ambiente de trabalho usando o uniforme: "Isso expõe toda a população ao risco de contaminação, mas é uma questao de educação que deve ser transmitida em campanhas governamentais e privadas, além dos alertas já divulgados em veículos de comunicação. Será o próximo passo depois da aprovação da lei em nivel federal".

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

20% das crianças até 5 anos internadas perdem peso em sete dias

Um quinto das crianças com menos de cinco anos internadas em hospitais ligados a universidades perdem peso em sete dias. Isso é o que revela o primeiro estudo brasileiro sobre a prevalência de desnutrição infantil nessas instituições.

O estudo, conduzido por um grupo de trabalho que incluiu profissionais de várias instituições, como a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Pan-Americana da Saúde, foi publicado na última edição do "Jornal de Pediatria".

Encerrada em 2007, a pesquisa avaliou dez hospitais universitários em nove capitais. Foram incluídas todas as crianças admitidas nas instituições durante três meses, totalizando quase mil pacientes.

"Esses dados ainda refletem a realidade, pois não houve ações específicas para corrigir o problema e não há motivos para achar que algo mudou", diz Roseli Sarni, presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Pediatria, uma das autoras do trabalho.

Os pesquisadores constataram que 20% das crianças perderam mais do que 2% do peso corporal durante uma semana no hospital. "Esse valor é extremamente preocupante e pode colocá-las em risco nutricional", afirma Sarni.

A chance de perder peso durante uma internação é grande, pois o paciente já chega debilitado pela doença, muitas vezes tem falta de apetite e precisa ficar em jejum para passar por exames e procedimentos.

"Não deveria haver perda de peso e esse é o foco de nosso trabalho", explica José Spolidoro, presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral. Para evitar o problema, há vários recursos, como terapia via oral, com suplementos especiais, ou até, em alguns casos, nutrição por sonda.

"Muitas vezes os médicos ficam focados em tratar a doença e se esquecem da questão nutricional", diz Spolidoro.

Embora todos os hospitais tenham equipes de terapia nutricional, apenas 7% dos pacientes foram submetidos à terapia adequada, seguindo padrões preconizados pela Organização Mundial da Saúde e pelo próprio Ministério da Saúde. Normalmente, cerca de 20% dos pacientes internados precisam desse tipo de intervenção.

"Não há educação dos profissionais de saúde para esse diagnóstico nem acompanhamento", diz o nutrólogo Celso Cukier, do Instituto de Metabolismo e Nutrição, que coordena equipes de terapia nutricional em hospitais como São Luiz, Hospital do Coração e Dante Pazzanese, em São Paulo.

Uma das causas da má nutrição nos hospitais pesquisados foi o uso de leite de vaca integral em bebês, em substituição às fórmulas ou ao leite materno: 36% dos menores de seis meses e 67,8% das crianças entre seis e 12 meses ingeriam esse alimento, inadequado para essa faixa etária por conter proteínas e sódio que podem levar à desidratação.

Falta de diagnóstico


Outro problema constatado pela pesquisa foi que poucos hospitais avaliaram, de forma rotineira, peso e estatura das crianças admitidas. Apenas 56,7% delas tinham classificação do estado nutricional registrada em prontuário.

A avaliação dos pesquisadores constatou que 16,3% das crianças monitoradas chegou com desnutrição moderada ou grave ao hospital. No entanto, nenhuma delas foi internada por causa da desnutrição. A maioria procurou o serviço com pneumonia ou diarreia.

Segundo Sarni, falta treinamento dos profissionais, tanto dos médicos como das equipes de nutrição, e, em alguns casos, até mesmo equipamentos básicos como réguas e balanças.

O Ministério da Saúde não se manifestou até o fechamento desta edição.

domingo, 2 de agosto de 2009

Descoberto novo tipo de vírus HIV em mulher africana

Um novo tipo de vírus da Aids foi descoberto em uma mulher de Camarões, país da África. Segundo a pesquisa, divulgada pelo jornal “Nature Medicine”, o vírus se difere dos três já conhecidos e parece estar relacionado a uma versão símia do vírus recentemente descoberta em gorilas selvagens.

Para os pesquisadores, a descoberta ressalta a necessidade de verificar mais de perto as novas variantes do vírus HIV, especialmente na parte do centro-oeste da África. Jean-Christophe Plantier, da Universidade de Rouen, na França, liderou a pesquisa.

Os três tipos de vírus já conhecidos são relacionados a uma versão símia do vírus que ocorre em chimpanzés.

A explicação mais plausível, segundo os pesquisadores, para a nova descoberta é que o vírus foi transmitido do gorila para o ser humano.

Mas eles não descartam as possibilidades de que o novo tipo de vírus começou em chimpanzés e foi transmitido para os gorilas e então para os humanos, ou diretamente dos chimpanzés para os gorilas e humanos.

A paciente, de 62 anos, foi diagnosticada como HIV positiva em 2004, logo depois de se mudar dos Camarões para Paris. Ela morava perto de Yaounde, capital dos Camarões. No entanto, ela disse que não teve contato com macacos nem com carne de animais selvagens de países tropicais.

Entretanto, a mulher não apresenta sintomas da Aids e está sem tratamento, embora ela carregue o vírus, segundo os pesquisadores.

De acordo com a pesquisa, o virus pode estar circulando tanto em Camarões como em outros lugares, pois a rápida multiplicação do vírus indica que ele já está adaptado às células do ser humano.

Ainda de acordo com a “Nature Medicine”, portadores de herpes genital têm maior risco de contrair o virus da Aids até mesmo após a pele não estar mais infectada.

sábado, 1 de agosto de 2009

Amamentação pode salvar 1,3 milhão de crianças por ano, diz OMS

Ensinar novas mães a amamentarem poderia salvar 1,3 milhão de crianças por ano, mas muitas mulheres não recebem ajuda e desistem, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (31).

Menos de 40% das mães do mundo permitem que seus filhos só se alimentem com leite materno nos seis primeiros meses de vida, conforme recomenda a OMS. Muitas abandonam o aleitamento porque não sabem como fazer o bebê agarrar o seio, ou sentem dor e desconforto.

"Quando se trata de fazer na prática, elas não têm apoio", disse a especialista da OMS Constanza Vallenas a jornalistas em Genebra, onde fica a sede da agência da ONU.

O problema, segundo ela, ocorre em países ricos e pobres, e precisa ser combatido a partir de hospitais, clínicas e centros comunitários.

A OMS alertou também para a necessidade de conscientizar as grávidas quanto à sua vulnerabilidade às gripes comum e H1N. A agência defendeu que as grávidas tenham prioridade para receber antivirais como o Tamiflu, especialmente nas primeiras 48 horas a partir do aparecimento de sintomas gripais.

"As grávidas, quando ficam gripadas, estão em risco e devem ir ao médico", disse a porta-voz Aphaluck Bhatiasevi. "É realmente essencial para as grávidas buscarem medicação."

Especialistas em saúde dos EUA dizem que as grávidas também deveriam ser as primeiras a serem vacinadas contra o vírus H1N1, dito "da gripe suína", e que pessoas que cuidam de bebês deveriam vir em segundo lugar.

A OMS recomenda que os bebês comecem a mamar no peito uma hora depois de nascerem, e que consumam apenas o leite materno durante seis meses --o que exclui água, sucos ou alimentos sólidos.

A amamentação dá à criança nutrientes vitais, além de reforçar seu sistema imunológico, prevenindo contra doenças como diarreia e pneumonia. O leite em pó não fornece a mesma imunidade, e a água das torneiras em muitos lugares do mundo vem contaminada.

Vallenas disse que, se o índice de aleitamento materno nos seis primeiros meses de vida chegasse a 90%, seria possível evitar cerca de 13% das 10 milhões de mortes anuais de crianças menores de cinco anos.

Em nota divulgada a propósito da Semana Mundial da Amamentação, de 1º a 7 de agosto, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse ser importante dar apoio para que mães em zonas de desastres continuem ou recomecem o aleitamento.

"Durante emergências, doações não-solicitadas ou descontroladas de substitutos do leite materno podem prejudicar a amamentação", informa.