segunda-feira, 29 de junho de 2009

Estudo mostra que 20% das gestantes brasileiras têm depressão ou ansiedade

Um estudo com 831 grávidas brasileiras da rede pública revela um dado preocupante: 20% delas apresentam sintomas de depressão ou ansiedade. Os pesquisadores da Universidade de São Paulo avaliaram mulheres entre o 5º e o 7º mês de gestação, atendidas nas Unidades Básicas de Saúde da região oeste de São Paulo.

Eles constataram que os sintomas, além de muito frequentes, causam prejuízo às atividades diárias das mulheres. "Infelizmente, a depressão e a ansiedade são pouco diagnosticadas pelos médicos e profissionais de saúde, ainda que existam evidências de que isso pode ter impacto adverso para a evolução da gravidez, resultando, por exemplo, em maior número de bebês prematuros e de baixo peso", comenta o ginecologista Alexandre Faisal, um dos autores da pesquisa e autor de um blog no UOL Ciência e Saúde. "Isso sem contar os efeitos sobre o bem-estar psicológico da futura mãe, já que depressão na gravidez associa-se com depressão pós-parto", acrescenta.

O estudo, publicado no periódico "Archives of Women's Mental Health", mostra que o problema está associado tanto a fatores sócio-econômicos, como desemprego, número maior de pessoas no mesmo domicílio e ausência de amigos na comunidade, como também a questões ligadas à própria gravidez, como ausência de planejamento e complicações obstétricas.

O ginecologista Alexandre Faisal destaca a necessidade de atenção integral à mulher, durante a gravidez, com ênfase, também, nos aspectos psicológicos e do preparo dos profissionais de saúde para a adoção oportuna de medidas terapêuticas. "O problema é muito sério já que pacientes com problemas psicológicos, em geral, têm muita dificuldade em pedir ajuda e médicos não se sentem preparados ou tem pouco interesse em abordar a questão", diz.

O médico explica que o tratamento da depressão e da ansiedade na gestação pode ser feito por meio de psicoterapia ou uso de medicamentos. No entanto, os dados sobre o uso dessas drogas por gestantes são controversos. Alguns apontam riscos fetais, enquanto outros, não, por isso a indicação deve ser criteriosa. "Muitas gestantes não aceitam bem o uso de medicamentos pelos eventuais riscos para o bebê, daí a necessidade de se avaliar se as terapias psicológicas, de diferentes linhas, são efetivas e se apresentam melhor relação custo-benefício", conclui.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Preconceito em leis de visto prejudica pessoas com Aids

Países podem deportar pessoas portadoras do HIV.
Algumas deixam de se tratar para poder trabalhar no exterior.


Trabalhadores emigrantes, estudantes de intercâmbio e refugiados políticos muitas vezes são colocados em perigo por leis que discriminam pessoas com Aids, relatou o grupo Human Rights Watch, na semana passada.

Cerca de um terço dos países do mundo limita o direito de pessoas com HIV de entrar ou permanecer no local, mesmo se a doença estiver sob controle com o uso de medicamentos. Alguns ainda restringem o acesso dessas pessoas ao sistema de saúde.

O relatório descreve como trabalhadores de países pobres, como Filipinas e Sri Lanka, que trabalham em países ricos, como Arábia Saudita, podem ser obrigados a se submeter a exames de HIV – às vezes, sem seu conhecimento – e deportados, geralmente sem poder reclamar seus salários.

O grupo afirmou que as restrições de visto levaram as pessoas a cometer fraudes ou interromper o tratamento, arriscando suas vidas. O relatório detalhou um estudo no qual viajantes da Grã-Bretanha paravam de tomar suas pílulas para Aids ou tentavam mandá-las por correio antes, às vezes sem sucesso, por medo de que seus vistos pudessem ser negados nos Estados Unidos, caso eles admitissem estar infectados ou se eles fossem revistados na fronteira.

Países ricos frequentemente deportam pessoas sem considerar se elas terão acesso a cuidados médicos em outro local, disse o relatório. A Coreia do Sul, por exemplo, deporta centenas de trabalhadores estrangeiros. Alguns deportados dos Estados Unidos, especialmente aqueles com histórico criminal, foram presos sem tratamento e morreram sob custódia. A Organização Internacional da Migração estima que 3% da população mundial – 192 milhões de pessoas – vive fora do país onde nasceram.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

No Brasil, 75% dos diabéticos não têm doença sob controle


Levantamento epidemiológico inédito, realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da Bahia, aponta que três em cada quatro diabéticos do país não controlam a doença adequadamente e estão com os índices de glicemia alterados.

A pesquisa realizou exames de sangue em 6.371 diabéticos, na faixa etária de 18 a 98 anos, de 22 centros clínicos espalhados por dez cidades. Trata-se do primeiro estudo epidemiológico brasileiro a analisar a situação dos diabéticos no país.

Avaliando os tipos de diabetes separadamente, o levantamento apontou que apenas 10% dos 679 portadores do tipo 1 da doença controlam-na de maneira adequada. E somente 27% dos 5.692 pacientes com o tipo 2 da doença mantêm os índices glicêmicos normais.

De acordo com o endocrinologista Antônio Roberto Chacra, diretor do Centro de Diabetes da Unifesp e coordenador do estudo, todos os participantes fizeram exame de sangue de hemoglobina glicada para medir as taxas de glicemia.

Com esse exame, é possível avaliar a variação glicêmica do paciente nos últimos três meses e não apenas no dia (como nos exames de sangue comuns). Os exames, pagos pela Pfizer, foram realizados em um único laboratório.

Complicações

A pesquisa também avaliou se os participantes tinham algum sinal das principais complicações do diabetes não-controlado. Do total, 45% têm sinais de retinopatia diabética (problema de visão que pode levar à cegueira), 44% apresentam neuropatia (alteração nos nervos e perda da sensibilidade) e 16% já têm algum grau de alteração da função renal. Todas essas complicações são consideradas crônicas.

A literatura médica aponta que 56% dos norte-americanos também estão com a doença fora de controle, assim como 46% dos holandeses e 40% dos alemães. O pior índice é o da Tunísia, com 83% dos doentes com níveis alterados.

"Os resultados são assustadores. A gente imaginava que a doença não era controlada adequadamente pelo que observamos na prática clínica, mas não tínhamos ideia de que o índice era tão ruim. O estudo prova que a situação no Brasil está complicada", afirma Chacra.
Na opinião de médico, apesar de o SUS disponibilizar a medicação, a falta de controle da doença ocorre por vários fatores, que incluem pouco treinamento dos médicos e dos profissionais de saúde, baixa adesão dos pacientes ao tratamento, influência da alimentação e vida sedentária. "Não é um único fator que contribui para o paciente não tratar a doença adequadamente", diz.

Alimentação

Para o endocrinologista Roberto Betti, médico-assistente do Núcleo de Diabetes do InCor (Instituto do Coração) de São Paulo, um motivo importante para explicar por que o diabetes não é controlado corretamente é o fato de o tratamento envolver mudanças radicais e imediatas na alimentação do paciente.

"Toda vez que o assunto envolve alimentação fica mais complicado. É muito difícil fazer as pessoas mudarem seus hábitos de vida e isso acaba se tornando uma barreira. Além disso, o paciente também tem dificuldade em aderir ao tratamento medicamentoso", afirma o médico do InCor.

Betti diz ainda que a falta de serviços especializados para o tratamento da doença também é um fator dificultador. "Não temos muitos serviços especializados e a doença acaba sendo tratada por médicos generalistas. É preciso investir na criação de núcleos específicos para orientar o paciente mais adequadamente", avalia.

Marília Brito Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, elogiou a metodologia do estudo -que analisou o histórico glicêmico dos pacientes no mesmo laboratório. "Esse fator é muito importante, pois deixa o procedimento padronizado e evita possíveis distorções", diz Gomes.

Ela diz que os resultados são preocupantes e ressalta os riscos de manter o diabetes fora de controle. "Se o paciente não controlar a doença, ele pode desenvolver neuropatia, nefropatia e retinopatia diabéticas. Além disso, ele tem risco aumentado para doenças cardiovasculares. Além da glicemia, é preciso controlar todos os fatores de risco", afirma.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Brasileiro sabe que camisinha evita Aids, mas uso apresenta queda

O brasileiro possui um elevado índice de conhecimento a respeito das formas de infecção e prevenção da Aids. Ao menos 95% deles sabem que a camisinha é a melhor forma de se evitar a doença. O problema é que o uso do preservativo vem caindo nos últimos anos, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério da Saúde.

Os dados são fruto do estudo denominado "Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas da População Brasileira", feito a partir de dados colhidos junto a 8.000 pessoas de todas a regiões do país da faixa etária entre 15 anos e 64 anos. A pesquisa foi feita entre setembro e novembro de 2008.

Segundo o estudo, 92% dos entrevistados sabem que uma pessoa com aparência saudável pode estar infectado pelo HIV. Para 80,5% dos entrevistados ter um parceiro fiel e não infectado reduz o risco de transmissão do vírus.

Em contrapartida, a pesquisa identificou uma tendência de queda no uso do preservativo. Levantamento semelhante feito em 2004 apontou que 51,6% dos entrevistados disseram usar camisinhas em parcerias eventuais. Esse índice passou para 46,5% em 2008.

Recortes

Os dados da pesquisa são abrangentes. Outro recorte revela que sexo casual vem crescendo e, atualmente, atinge perto de 9% de todos os entrevistados. Estudo parecido feito em 2004 revelou que o índice era de 4%.

O estudo informa ainda que 11% das pessoas que mantêm relacionamento estável não praticaram sexo durante um período de 12 meses.

Ao menos 7,3% dos brasileiros já fizeram sexo com pessoas que conheceram pela internet. Entre os homens, 10,3% afirmaram ter feito sexo com ao menos um parceiro que conheceu pela internet durante o período --para as mulheres, a taxa é de 4,1%.

Segundo o levantamento na primeira relação sexual de suas vidas, os homens se preocupam mais em usar a caminha que as mulheres e a proteção é mais lembrada por jovens que pelos mais velhos no momento de ir para a cama com alguém pela primeira vez.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Enfermeira relata a luta de paciente para conseguir respirar

Níveis de gás carbônico no sangue eram elevados por causa de câncer.
Especialista compara problema à situação de um peixe fora d'água.


"Peixe fora d'água" pode ser uma metáfora já gasta, mas é uma boa descrição de como eu me sentia quando comecei a trabalhar como enfermeira. Eu era professora de inglês, acostumada com a conversa dos colegas na hora do café, com a segurança que eu tinha nos livros, com a certeza de que não importavam minhas falhas como professora, pois, no final, a vida de ninguém estava em risco. Depois, estava sozinha em um quarto de hospital com uma jovem que não conseguia respirar.

Paciente de câncer que lutava contra uma grave infecção, ela tinha sido transferida da UTI para o meu andar, meia hora antes. Ela estava sentada na cama, ofegante e tremendo descontroladamente. Sua reserva de oxigênio estava conectada e fluindo, mas o sistema de umidificação não estava borbulhando da forma como deveria. Nesse momento, ela gemia. "Ligue!", dizia ela. "Ligue!"

Eu manuseei o umidificador, mas então decidi não esperar. "Estou ligando seu oxigênio", disse a ela, puxando o tubo do sistema de umidificação e reconectando-o à reserva de oxigênio do outro lado da cama. Então, subi o oxigênio para seis litros, o máximo que pode ser entregue através das cânulas de plástico responsáveis por enviar o oxigênio às narinas.

Batimentos

No entanto, o aumento repentino não trouxe alívio. Ela ainda ofegava, de boca aberta. Saí do quarto e peguei um dispositivo para medir seus batimentos cardíacos e a saturação do oxigênio em seu sangue. A medida era de apenas 80% (o normal é de 98% a 100%), e os batimentos cardíacos eram ainda mais alarmantes: 160, rápido demais para permitir que o oxigênio circule adequadamente através do corpo, e tão rápido que a pressão sanguínea pode cair perigosamente.

Outra enfermeira olhou para o quarto. "Algo errado?", perguntou ela. "Chame Lisa", eu disse, referindo-me à enfermeira responsável naquele dia. Fiquei ao pé da cama da paciente como uma sentinela, observando seu pulso: 69 por segundo, depois novamente 80. Lisa chegou, carregando a maca, enquanto outra enfermeira trazia o Zoll, nosso monitor cardíaco portátil e desfibrilador.

Uma terceira enfermeira olhou para o dispositivo de pulso e depois para mim. "Devemos agir", afirmou, referindo-se ao fato de que deveríamos acionar uma equipe da UTI para nos ajudar.

Lisa os acionou, e acho que ouvi o anúncio de "condição C", de crítica. O que eu mais me lembro é de ter aplicado o desfibrilador, e pensado que colocá-lo numa pessoa tremendo e ofegando por ar é muito diferente de aplicá-lo num boneco de plástico na aula de ressuscitação cardiopulmonar.

Re-respirador

Quando os enfermeiros e os médicos da UTI chegaram, demos à paciente metropolol intravenoso para controlar os batimentos cardíacos e a colocamos num "re-respirador", uma máscara que nos permitia entregar 15 litros de oxigênio. A saturação subiu para mais de 90, mas os batimentos cardíacos permaneceram altos e ela ainda não conseguia respirar normalmente.

No final, os sintomas e os números disseram tudo, então ela voltou para a UTI, ainda ofegante por ar, a boca aberta e tensa sob a máscara. Respirar exigia tanto esforço que os músculos de seu pescoço ficaram profundos, como guelras.

Descobri depois que o problema residia nos níveis de dióxido de carbono, que estavam altos demais. Os humanos geralmente liberam esse gás como parte normal da respiração, mas minha paciente não podia fazer isso, provavelmente porque o câncer cobriu seus pulmões. Nas duas semanas seguintes, ela fez mais viagens de ida e volta para a UTI. Ela parecia estável o suficiente para voltar ao andar, mas então, de repente, precisava do tipo de apoio respiratório que só a unidade de tratamento intensivo poderia oferecer. Um dia, soube que ela tinha morrido. Sem uma autópsia, é impossível dizer o motivo, mas só a devastação de seus pulmões seria mais que suficiente.

"Peixe fora d'água": funciona como uma metáfora, mas ver isso na vida real? Deixei a academia para buscar a enfermagem porque queria um trabalho que tivesse sentido. Apesar de ter enfrentado dificuldades com minha mudança de carreira e as diferenças entre a vida universitária e a hospitalar, não houve um dia sequer no qual eu enfrentasse tantas dificuldades quanto a que a minha paciente enfrentou naquele dia, somente para respirar.



Theresa Brown é enfermeira especializada em oncologia.

sábado, 13 de junho de 2009

A Prática da Auto-Hemoterapia por profissionais de Enfermagem está proibida.

Foi publicada nesta segunda-feira (08/06) no Diário Oficial da União, a resolução COFEN nº 346/2009, que trata de vedação a prática da auto-hemoterapia. O Conselho Federal de Enfermagem, como órgão que disciplina, normatiza e fiscaliza o exercício do profissional de enfermagem, proibiu o exercício da auto-hemoterapia por esses profissionais em todo o país. A prática da auto-hemoterapia caracteriza infração ética sujeita às medidas disciplinares, prevista no Código de Ética dos profissionais de enfermagem.

O Parecer Técnico da Câmara Técnica de Pesquisa de 20/02/2009 esclarece que "nenhuma diretriz nacional ou internacional inclui a auto-hemoterapia como recurso terapêutico e, por conseguinte, não há estudos confiáveis e com força de evidência científica elevada que indiquem ser a auto-hemoterapia propriamente dita um procedimento efetivo e seguro". A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu que "o procedimento 'auto-hemoterapia' pode ser enquadrado no inciso V, Art. 2º do Decreto 77.052/76, e sua prática constitui infração sanitária, estando sujeita às penalidades previstas no item XXIX, do artigo 10, da Lei nº. 6.437, de 20 de agosto de 1977".

A auto-hemoterapia consiste em retirar 5, 10 ou 20 ml de sangue de uma veia e aplicar no músculo, com o intuito de criar mecanismos de defesa do organismo, diminuindo o risco de uma série de doenças.

Segundo o Presidente do COFEN, Manoel Neri, a prática constitui um risco à saúde pública, motivo pelo qual o COFEN editou a norma em comento.


O que é Auto-Hemoterapia?

Auto-hemoterapia é uma prática homeopática ligada a isoterapia, que consiste na recolha de sangue a partir de um vaso sanguíneo, e administração desse sangue por via intramuscular à própria pessoa.

Foi introduzida no Brasil pelo médico brasileiro Licínio Cardoso, e consistia originalmente em aquecer o sangue até a temperatura de 37 °C, por 24 horas, dinamizá-lo e aplicar injeção intramuscular. A quantidade de sangue, frequência da administração e duração das aplicações depende da doença a ser tratada. Esta prática tem sido usada com a intenção de curar ou limitar a progressão de várias doenças, que de acordo com relatos de casos pessoais, incluem hipertensão, diabetes, malária e hepatite B, entre outras.

A auto-hemoterapia encontra-se rodeada em polémica. O argumento de vários defensores da prática baseia-se em relatos de pessoas que garantem ter atingido a cura graças ao uso da auto-hemoterapia, enquanto que os seus críticos apontam para a inexistência de estudos que demonstrem a sua eficácia e segurança. A falta de respaldo científico é reconhecida pelos próprios defensores do metodo.

De acordo com a legislação brasileira, apenas um médico especialista em hemoterapia ou hematologia (ou outro profissional devidamente reconhecido para este fim pelo Sistema Estadual de Sangue) pode responsabilizar-se por procedimentos hemoterapêuticos. O Conselho Federal de Medicina proíbe aos médicos brasileiros a utilização de outras práticas terapêuticas não reconhecidas por essa comunidade científica, como é presentemente o caso da auto-hemoterapia, que, assim, não pode ser considerada um tratamento médico no Brasil.

A auto-hemoterapia consiste num tipo de transfusão autóloga (para si próprio) de sangue, e assim como qualquer outra transfusão traz em si um risco, seja imediato ou tardio, devendo, portanto, ser criteriosamente indicada. A ausência de indicações comprovadas é parte do motivo pela qual a Agência Nacional de Vigilância Sanitária brasileira (ANVISA) considera o uso da auto-hemoterapia uma infracção sanitária, e sujeita os envolvidos às penalidades previstas na lei.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dormir ajuda a resolver problemas, diz estudo

Dormir pode ajudar uma pessoa e resolver problemas, dizem cientistas americanos. Eles concluíram que uma boa soneca com sonhos estimula a criatividade.

A equipe da University of California San Diego fez experimentos para verificar se "incubar" o problema aumenta as chances de soluções inspiradas.

E descobriu que sim, especialmente quando as pessoas entram na fase conhecida como REM (sigla inglesa para Rapid Eye Movement ou movimento rápido do olho), estágio do sono em que ocorrem os sonhos mais vívidos.

O trabalho foi publicado na revista científica "Proceedings of the National Academy Of Sciences".

Experimento

Na manhã dos testes, um grupo de 77 voluntários recebeu uma série de problemas para resolver. Eles foram orientandos a pensar sobre o problema até a tarde daquele dia, seja descansando sem dormir ou dormindo.

Os que dormiram tiveram seu sono monitorado pelos cientistas.

Comparados aos participantes que apenas descansaram ou que dormiram sem alcançar o estágio REM, os voluntários que dormiram e atingiram o estágio REM apresentaram maior probabilidade de sucesso na resolução do problema.

O estudo revelou que o grupo que atingiu a fase REM durante o sono melhorou sua habilidade de resolver problemas criativamente em cerca de 40%.

Os resultados indicam que não são apenas o sono ou a passagem do tempo que determinam o sucesso na resolução de problemas e, sim, a qualidade do sono.

Para os autores do estudo, apenas o sono onde o estágio REM é atingido tem o poder de melhorar a criatividade.

Eles acreditam que o sono REM permite que o cérebro forme novas conexões nervosas sem a interferência de outras conexões de pensamento que ocorrem quando estamos acordados ou dormindo sem sonhar.

"Nós propomos que o sono REM é importante para a fusão de novas informações com experiências passadas para criar uma rede mais rica de associações para uso futuro", disseram os autores à revista.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pacientes que tiveram câncer na infância tendem a ser fumantes

Estudo realizado no Hospital A.C.Camargo, em parceria com o Grupo de Estudos para os Efeitos Tardios do Tratamento Oncológico, sugere que pessoas que tiveram câncer na infância e hoje estão curadas são mais suscetíveis a serem fumantes do que a população em geral.

De acordo com a psiquiatra Célia Lídia da Costa, coordenadora do GAT (Grupo de Apoio ao Tabagista) do A.C.Camargo e autora do estudo, uma das razões para explicar essa situação é que essas pessoas têm a tendência de compensar no cigarro o trauma vivido com a doença -o que os torna mais vulneráveis à dependência psicológica intensa do tabaco.

O levantamento analisou os hábitos de vida de 278 ex-pacientes que tiveram câncer quando crianças e foram tratados no A.C.Camargo.

De acordo com a pesquisa, 31,7% deles afirmaram ser fumantes e todos têm dependência elevada do tabaco associada a altos níveis de ansiedade e prejuízo no convívio social.

A população geral de tabagistas no Brasil (com ou sem câncer) é de 18%, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer). É por isso que os resultados preocuparam a pesquisadora.

"O que nós constatamos é que o tabagismo é um efeito tardio do tratamento oncológico, por causa do estresse sofrido por essas pessoas na infância. Ninguém tinha estudado essa relação antes", diz Costa.

Na opinião da psiquiatra, o número de fumantes entre os ex-pacientes de câncer foi "surpreendente e assustador". "Acho que essa população terá de ser vista de outra maneira e terá de receber orientações nesse sentido. Esse grupo de pessoas deveria estar longe do cigarro, pois ainda há o risco aumentado de o câncer voltar."

Câncer de pulmão

Dados do Inca apontam que 90% dos casos de câncer no pulmão são causados por causa do tabagismo e que, entre os 10% restantes, um terço é de fumantes passivos. Além disso, 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer estão relacionadas ao cigarro.

De acordo com a psicóloga Vera Lúcia Gomes Borges, do Programa de Tratamento do Fumante do Inca, os estudos comprovam que, na população em geral, fatores comportamentais como ansiedade e depressão contribuem para que uma pessoa se torne dependente do cigarro. Mas ela desconhece estudos relacionando o câncer e o tabagismo.

"Se as pessoas que são mais ansiosas e mais depressivas encontrarem o cigarro no meio do caminho, a tendência é que elas se tornem dependentes. Elas usam o cigarro para lidar melhor com a situação. Esses pacientes que tiveram câncer se englobam nessas características da população em geral", diz.