Quase 40% dos casos de câncer de rim são diagnosticados quando o tumor está nos estágios 3 ou 4, considerados avançados e com poucas chances de cura, aponta o Encare (Estudo Nacional sobre o Câncer Renal) -primeiro levantamento do gênero, realizado pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
O Encare analisou dados de 50 centros do país e de 526 pacientes em tratamento. Os resultados mostram que, apesar de 61,6% dos doentes terem descoberto a doença quando o tumor ainda estava nos estágios 1 ou 2 (quando há maior chance de cura), 73% deles receberam o diagnóstico depois de passar por um ultrassom abdominal por outro motivo.
Pouco se sabe sobre o que causa o câncer de rim. Fatores como cigarro, obesidade, herança genética e hipertensão são apontados como possíveis causas de seu início. Os principais sintomas são sangue na urina, dor lombar e febre.
Nas fases iniciais, o tratamento é cirúrgico e, geralmente, curativo. Nas fases avançadas, os cuidados são paliativos, pois o tumor não responde bem aos quimioterápicos.
De acordo com o urologista Aguinaldo Nardi, coordenador do estudo (que recebeu apoio da Pfizer), os resultados reforçam a necessidade de tentar fazer um diagnóstico precoce.
Rastreamento
Com base nesses dados, a SBU vai propor a realização de um rastreamento da doença em pessoas com mais de 55 anos e que tenham os principais fatores de risco associados.
A ideia é que essas pessoas façam um ultrassom abdominal uma vez ao ano para tentar diagnosticar precocemente a existência de um tumor, antes do aparecimento dos sintomas -já que, nesses casos, o tumor costuma estar avançado.
Segundo o urologista José Carlos de Almeida, presidente da SBU, a maioria dos pacientes recebe o diagnóstico da doença tardiamente porque não existem políticas públicas específicas para o diagnóstico precoce.
"Não há orientação. A população faz ultrassom do abdômen por outras razões e, por isso, acho viável sugerirmos um ultrassom básico para avaliar a integridade renal daquelas pessoas com mais de 55 anos e que apresentam fatores de risco."
Nardi, coordenador do estudo, concorda. "O ultrassom é muito simples. Trata-se de um aparelho que está amplamente disponível na rede pública e na rede privada, e que permite fazer o diagnóstico precoce. É possível percebermos lesões a partir de 1 cm", afirma.
Luiz Augusto Maltoni, coordenador técnico-científico do Inca (Instituto Nacional de Câncer), diz que os dados do Encare são importantes, pois ajudam a estabelecer a epidemiologia da doença no país, mas não justificam uma política de rastreamento.
Ele diz que nenhum outro país do mundo faz o rastreamento do câncer de rim. "Não existem estudos científicos que apontem que o rastreamento reduziu a mortalidade."
Maltoni cita, ainda, um estudo realizado pelo Hospital Universitário de Taubaté entre 1999 e 2002. Rastreou-se o câncer renal em 1.559 pessoas e constatou-se uma prevalência de 0,19%, muito baixa para justificar o rastreamento.
"Rastrear é diferente de recomendar a realização do exame. Rastrear significa convocar todas as pessoas que estão em casa e que não apresentam sintomas a fazerem o exame. Recomendar é uma boa prática médica, desde que, durante a análise clínica, o médico perceba algum sintoma que justifique fazer o ultrassom", diz.
Estima-se que o câncer de rim represente entre 2% e 3% dos novos casos de câncer no mundo. No Brasil, segundo o Inca, o câncer renal não está entre os dez mais prevalentes.
Dados do instituto com relação à incidência da doença nas principais capitais do país mostram que, para cerca de 1.600 casos de câncer de rim entre homens, há 20 mil de próstata. E, para cada 1.100 casos de câncer renal em mulheres, há 28 mil casos de câncer de mama.
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