Mulheres que têm filhos são mais suscetíveis a desenvolver síndrome metabólica, revela um estudo do Kaiser Permanente (EUA) com 1.451 participantes. No início do trabalho, elas tinham de 18 a 30 anos e nenhuma delas era mãe. Ao longo de duas décadas, 359 engravidaram e 259 apresentaram síndrome metabólica, um conjunto de sintomas associado à elevação do risco de doenças cardiovasculares.
Depois de fazer ajustes estatísticos, os autores descobriram que uma gravidez única e saudável aumenta o risco de síndrome metabólica em cerca de 30%, enquanto duas ou mais gravidezes saudáveis elevam a chance em 60%. Entre as que tiveram diabetes gestacional, o risco mais do que dobrou.
Segundo o endocrinologista Bruno Geloneze, coordenador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acredita-se atualmente que o ideal seja ter de um a três filhos. "A novidade desse trabalho é contestar o conhecimento vigente, apontando para o risco de síndrome metabólica já a partir do fato de conceber pela primeira vez."
As mulheres que desenvolveram a síndrome eram mais pesadas, tinham cintura mais larga, comiam menos fibras, tinham menos escolaridade e eram menos ativas --o que era esperado. "Mas durante o seguimento foi feito um ajuste estatístico para IMC e atividade física, indicando que a mudança explicaria apenas uma parte do maior número de casos de síndrome metabólica nas que engravidaram, sugerindo outro mecanismo subjacente", diz.
Segundo ele, a hipótese mais razoável é a de que a gravidez leva a alterações metabólicas decorrentes do acúmulo de gordura visceral. "Médicos e pacientes devem estar atentos a medidas preventivas e de detecção da síndrome", afirma.
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